“Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.

— Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. E é assim que o julgamento é feito: Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau. Pois todos os que fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que eles fazem. Mas os que vivem de acordo com a verdade procuram a luz, a fim de que possa ser visto claramente que as suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus.”

Na oração de hoje, vamos pedir ao Pai a graça de compreender que seguir ao Seu Filho é questão de vida. E vida plena.

Na primeira leitura (Atos 5,17-26), Pedro e João são libertos da prisão pelo mensageiro de Deus, e recebem dele a seguinte ordem: “Ide falar ao povo, no Templo, sobre tudo o que se refere a este modo de viver.” Que bonito! Eles não são enviados a ensinar uma doutrina, mas a testemunhar um “modo de viver”.

No Evangelho, continuidade do diálogo entre Jesus e Nicodemus, Jesus afirma:

“Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.” No Evangelho de João, a Glória de Jesus se dá na cruz, é ali a sua revelação plena como o Filho de Deus, Aquele no qual o Pai se revela. Amando até o fim, até o extremo, Jesus mostra este “tantão” de amor de Deus pelo mundo, que não quer a sua morte – aquela que veio pelo pecado, pela não-vida, pela desumanização – mas a sua vida, e vida plena, vida eterna. O saudoso padre João Batista Libânio dizia que a eternidade é a qualidade do tempo. Deus quer para nós essa vida de qualidade, Vida com maiúsculo, que se mostra no Filho como amor entregue. Só nele a vida plena se dá. E Jesus, em sua máxima entrega, nos dá o Seu Espírito, para que possamos seguir seus passos, no caminho de vida que Ele nos apresenta.

É questão de vida. Não uma vida que fica contabilizando “certo” e “errado”, “erro” e “acerto”. Afinal, Ele não veio para julgar nem condenar. Que pena que às vezes reduzimos o seguimento a um moralismo! É questão de uma vida vivida na luz da Beleza, da Bondade e da Verdade, e que assim se faz luz para os demais. Uma vida que brilha e ilumina os lugares onde vai, as relações que estabelece.

“Suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus.” Uma outra tradução nos ajuda a compreender ainda com mais profundidade: “Suas ações são realizadas em Deus.” Assim, Jesus, o Filho, nos faz filhos nEle com Sua entrega, para que vivamos como filhos, tão unidos ao Pai como Ele viveu, vivamos essa comunhão de amor, do “tantão” de amor. E assim, longe das carências, conectados à Fonte do Amor e do Desejo, possamos amar verdadeiramente, oferecer o perdão, que significa fazer-nos “dom” para os demais. Como Jesus. Que o Espírito nos conduza como O conduziu. Porque tudo de que o mundo precisa é de amor.

Tania Pulier, jornalista e teóloga, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei