Quero pessoas bondosas, não sacrifícios (Mt 12,1-8)
20 de julho de 2018Família e lar da Trindade
24 de julho de 2018Leitura: Mateus 12,14-21
Naquele tempo, Depois de Jesus ter curado num dia de sábado:
Os fariseus que estavam ali saíram e começaram a fazer planos para matar Jesus. Quando Jesus soube disso, foi embora dali, e muita gente o seguiu. Ele curou todos os que estavam doentes e mandou que não contassem nada a ninguém a respeito dele. Isso aconteceu para se cumprir o que o profeta Isaías tinha dito:
“Disse Deus: Aqui está o meu servo que escolhi,
aquele que amo e que dá muita alegria ao meu coração.
Eu porei nele o meu Espírito, e ele anunciará o meu julgamento a todos os povos.
Não discutirá, nem gritará,
nem fará discursos nas ruas.
Não esmagará o galho que está quebrado,
nem apagará a luz que já está fraca.
Ele agirá assim até que a causa da justiça seja vitoriosa.
E todos os povos vão pôr nele a sua esperança.”
Palavra da Salvação.
PISTA PARA A ORAÇÃO:
Após realizar uma cura no dia de sábado, Jesus é confrontado pelos fariseus sobre a licitude de seu ato. Jesus mais uma vez deixa claro que a dignidade humana está acima de qualquer outro preceito, já que o sábado foi feito para os homens e não o oposto. É licito fazer o bem em qualquer dia da semana, mesmo nos dias consagrados ao Senhor, pois não há maior louvor ao Pai do que a caridade expressa ao irmão. “Eu quero a misericórdia, não o sacrifício” (Os 6,6) diz o Senhor.
A postura autônoma e firme de Jesus, no entanto, desperta nos mestres da lei um profundo desejo de vingança. Orientados por seus fundamentalismos, preconceitos e acima de tudo, suas vaidades pessoais, estes homens que se diziam estudiosos e guardiões da lei de Deus passam a planejar um pecado hediondo: a morte de um justo.
É neste contexto que o Evangelho de hoje se inicia. Os fariseus que ouviram Jesus ensinar sobre a caridade como regra magna do discipulado, agora pretendem aniquilá-lo. Não porque seus milagres sejam falsos ou sua argumentação falaciosa (o que ainda não justificaria tal pena), mas simplesmente porque a autoridade do Cristo colocava por terra todos os poderes e privilégios que durante muito tempo esta classe sustentou diante do povo. Se Jesus pobre, humilde e manso de coração torna-se referência aos demais, em pouco tempo a população passaria a perceber que os desmandos de grande parte da classe política e sacerdotal da época feriam sua liberdade e, não poucas vezes, impediam uma verdadeira experiência de fé.
No entanto, o foco da narrativa evangélica não se detém muito tempo nas sujas conspirações farisaicas, mas imediatamente nos remete à postura do Mestre quando toma conhecimento da perseguição que se arma contra ele. Ao contrário do que pareceria óbvio, Jesus não articula sua defesa reunindo seus discípulos em algum tipo de reunião estratégica de contra-ataque. Nem mesmo se esconde, permanecendo calado e sem operar milagres a fim de que sua imagem saísse temporariamente dos holofotes, aplacando assim a inveja de seus perseguidores. Ao contrário, Jesus afasta-se daqueles que o odeiam e continua com todo vigor curando e anunciando a boa-nova.
É bem verdade que o Cristo pede sigilo aqueles que receberam sua Graça. No entanto, a profecia de Isaías citada na mesma passagem deixa claro que, o sigilo requerido pelo Messias não se apoio numa postura de medo, mas de humildade e discrição. Jesus não deseja provocar a ira dos que o perseguem, em uma atitude provocativa e arrogante. Nem deseja ser reconhecido como um grande “milagreiro” ou qualquer espécie de personalidade de poderes ocultos e sobrenaturais. O Cristo é o servo do Pai! Aquele que carrega consigo o dom do Espírito Santo que, com suavidade e delicadeza, abre a todos a possibilidade de esperar na justiça.
Este testemunho de Nosso Senhor Jesus Cristo deve nos provocar interiormente. Será que nós, discípulos de Jesus, reagimos com a mesma serenidade e idoneidade às ameaças e mal feitos de nossos perseguidores? Diante dos conflitos que aparecem em minha vida, especialmente no âmbito profissional e familiar, eu coloco a minha esperança na graça de Deus? Ou será que também eu me deixo contaminar pelo rancor e egoísmo de meus inimigos, agindo de maneira sempre defensiva e igualmente conspiratória?
O cristão certamente não é um sujeito passivo que aceita resignadamente todo tipo de desaforo e agressão. No entanto, é na não-violência, no cultivo da paz e no testemunho da verdade que o verdadeiro discípulo de Jesus manifesta sua vitória diante das perseguições e conflitos que certamente enfrentará ao longo da vida. Não é necessário discutir, nem gritar, muito menos buscar meios de “esmagar o galho que já está quebrado”, ou seja, vingar-se daqueles que sucumbem à fraqueza do ódio e da inveja. Estes, já tem sua luz enfraquecida por conta de seus próprios atos. Coloquemos, antes de tudo, nossa esperança no Senhor Jesus e ele manifestará a sua justiça!
Que Maria Santíssima, Senhora da Paz, ajude-nos a termos um coração sereno e sábio diante das perseguições.
Boa oração!
Matheus Cedric Godinho, Comunidade Santo Estanislau Kostka – CVX Curitiba