“O Pai vos ama, porque vós me amastes e acreditastes”
23 de maio de 2020“Reinos da terra cantai ao Senhor”
25 de maio de 202024/05/2020 – Domingo da Ascenção do Senhor. Mt 28, 16-20
“Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta” ( Sl 46/47).
Nesta solenidade a Igreja nos convida e festejarmos o nosso acesso ao céu. A humanidade outrora expulsa do paraíso/jardim, por causa do pecado, tem agora todas as suas dívidas pagas pelo sagrado gesto do Ressuscitado que na cruz nos remiu de toda nossa falta e ainda nos oferece a comer o fruto da árvore da vida que nos foi negado no passado. Portanto, o céu está aberto, pronto para nos receber; e o nosso céu já deve ser inaugurado aqui na terra. Então, o que estamos fazendo para entrar no céu?
Leitura Mt 28, 16-20 – O que o texto diz?
Esta passagem está no final do Evangelho de Mateus, e, apesar de apenas 6 versículos, nos remete a temas muito profundos como: discipulado, missão, cristologia e eclesiologia. O texto inicia dizendo que os onze foram encontrar o Ressuscitado na Galileia. Lembremos que Jesus, em Mateus começa seu ministério na Galileia, mais especificamente numa montanha, que vai nos remeter a Mt 5—7. O lugar em questão tem um significado muito importante; a montanha na literatura veterotestamentária era o lugar do encontro com Deus (Moisés, Elias). Diferente do A. T., em que só uma pessoa subia a montanha para falar com Deus, agora Jesus é a porta de acesso para todos que buscam a Deus. Toda a Igreja, representada pelos onze, pode entrar agora na presença de Deus. No momento seguinte os discípulos têm uma atitude de adoração diante do Mestre. Todavia, ainda existem aqueles dentre os onze que duvidam daquele momento. Em seguida Jesus se faz revelar: “Eu sou o Senhor do céu e da terra”. E convoca a sua Igreja, os onze, a irem em missão a fazer discípulos em todas as nações e batizando-os em nome da Trindade Santa e termina com uma mensagem de consolo e esperança para sua Igreja: que permanecerá sempre conosco até a consumação dos séculos.
Meditação: O que o texto me diz?
A leitura nos faz avaliar nossa disposição como discípulos de Jesus. Mostra a nossa falta de fé. Somos esses discípulos vacilantes que por vezes duvidamos. Temos medo desse encontro pessoal com o Mestre, pois sabemos que esse encontro nos levará a um compromisso de vida com o mesmo.
Um outro ponto questionador é definir quem é Jesus em minha vida e qual minha atitude a partir dessa resposta. Como Ele mesmo diz que tem poder sobre o céu e a terra, isso implica em seu senhorio, logo, ele deve ser o Senhor da minha vida e, minha atitude diante dessa afirmação é a de adorar meu Senhor.
No final, ele apresenta o rosto de sua Igreja: uma Igreja missionária e em saída; e nos convoca a sermos essas pedras vivas de sua construção espiritual; nos convida a sermos estes membros vivos e ativos de seu corpo, que é a Igreja em que Ele é a cabeça, como define tão bem Paulo em sua eclesiologia.
Oração: O que o texto me faz dizer? A Palavra chega ao coração
Agora é a hora de fazer dessa palavra lida e meditada se transformar em oração. É hora de nosso encontro pessoal com o Mestre. Precisamos subir a montanha e ir ao encontro do Ressuscitado. É preciso sair de nossas preocupações, de nós mesmo e nos colocar numa atitude de adoração e submissão diante daquele que é o Senhor da nossa vida.
Aproveite esse momento onde só estará o Mestre e você: discípulo(a) amado(a) de Jesus, deixe-se levar pelo Espírito Santo de Deus que é este canal de amor entre Pai e Filho e entre discípulo(a) e Mestre.
Contemplação: O que o texto faz em mim? A Resposta de Deus
Agora é o momento da resposta à nossa oração. Agora é silenciar e deixar que Deus nos fale. Ele que nos conhece como ninguém vai nos falar onde estamos enquanto missionários de sua Igreja, que tipo de discípulos nos tornamos em nossa caminhada como seguidores do Ressuscitado. Deixe-se acolher pelo abraço de amor caloroso de Deus.
Ação: O que o texto me faz agir? Frutos da Palavra
Chegou o momento de descer da montanha. Sabemos que é maravilhosa a experiência do encontro com Deus, momento de luz, de transfiguração e como disse Pedro: Senhor deixa-nos armar aqui nossas tendas. E Jesus o repreende, pois Ele sabe que é urgente descer do monte e realizar a missão. A missão de fazer crescer os batizados em nome da Trindade Santa. Então, vá descendo aos poucos da montanha, bem devagar, sabendo que vai encontrar muitos espinhos, pedregulhos pelo caminho. Mas toda a experiência de luz que você viveu em seu encontro com o Ressuscitado te ajudará a ser testemunha Dele e que mesmo dentro deste cenário de pandemia que vivemos hoje, podemos sim ser construtores do reino de Deus na terra.
Ir. Ana Lucia Alencar de Souza, NJ
Graduada em Teologia e Especialista em Bíblia (Faculdade Católica de Fortaleza).
Coordenadora da Comissão Bíblica da Arquidiocese de Teresina- PI