“Mas, antes de acontecer tudo isso, vocês serão presos e perseguidos. Vocês serão entregues para serem julgados nas sinagogas e depois serão jogados na cadeia. Por serem meus seguidores, vocês serão levados aos reis e aos governadores para serem julgados. E isso dará oportunidade a vocês para anunciarem o evangelho.

Resolvam desde já que não vão ficar preocupados, antes da hora, com o que dirão para se defender. Porque eu lhes darei palavras e sabedoria que os seus inimigos não poderão resistir, nem negar. Vocês serão entregues às autoridades pelos seus próprios pais, irmãos, parentes e amigos, e alguns de vocês serão mortos. Todos odiarão vocês por serem meus seguidores. Mas nem um fio de cabelo de vocês será perdido. Fiquem firmes, pois assim vocês serão salvos.”

O Evangelho de hoje nos convida à perseverança, mesmo na dificuldade da perseguição, e à confiança em deixar-nos conduzir pelo Espírito nessas situações. A graça que podemos pedir na oração é a de trocar a preocupação pela confiança.

“Vocês serão entregues para serem julgados nas sinagogas.”  Mesmo no âmbito religioso, de onde menos se poderia esperar – afinal, não se está aí buscando a vontade do Deus da Vida, revelado por Jesus Cristo? – a perseguição e o julgamento se fazem presentes.

Não só dos representantes religiosos não se esperaria hostilidade. Também dos mais queridos, daqueles de quem se espera apoio, compreensão, incentivo: “seus próprios pais, irmãos, parentes e amigos”.

E de onde geralmente esperamos mais o enfrentamento: “reis e governadores”, aqueles que deveriam buscar o bem comum e a vida do povo, mas geralmente buscam os próprios interesses ou os interesses de uma classe.

Jesus passou por isso e este é o caminho que deixa claro para os seus seguidores. Não ilude, aponta.

O Evangelho pode nos dar medo, mas quem se coloca no caminho de Jesus passa por aí. Quando estamos muito tempo bem com todo mundo, sem nenhuma perseguição, podemos questionar se de fato estamos seguindo coerentemente o chamado, estamos promovendo o Reino, estamos apontando as injustiças e buscando a fraternidade. Pois, neste caso, a perseguição vem.

Jesus não fala para nos colocar medo, apesar de podermos expressar-lhe os medos que o caminho de seguimento nos causa e dialogar com Ele sobre isso. Jesus nos prepara para passarmos por aí, na certeza da Vida plena que Ele já conquistou para nós. Ou seja, passaremos, não ficaremos aí.

“E isso dará oportunidade a vocês para anunciarem o evangelho. Resolvam desde já que não vão ficar preocupados, antes da hora, com o que dirão para se defender. Porque eu lhes darei palavras e sabedoria que os seus inimigos não poderão resistir, nem negar.”

Essas situações, por mais difíceis, também são oportunidades. De anunciar o Evangelho, de vivenciar o Reino, de vivermos a integridade, a coerência que nos faz mais inteiros, mesmos que às vezes despedaçados pela dor. A sabedoria passará através de nós, e o que é semeado dará fruto, mesmo que não o vejamos imediatamente.

“Nem um fio de cabelo de vocês será perdido. Fiquem firmes, pois assim vocês serão salvos.”  Às vezes, o nosso esforço é perdido no mundo, não reconhecido nem levado em consideração, até desprezado. Mas para Deus não. Nem um fio de cabelo passa despercebido por Ele, os nossos pequenos “sims” não ficam perdidos. Ele nos convida à firmeza, que Ele mesmo nos dará como dom, basta pedir, e por ela virá a experiência da vida plena.

Peçamos a Jesus que nos leve em seu seguimento, na alegria e na dor.

Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e do pré-CVX Cardoner.