Que ninguém separe o que Deus uniu.
12 de agosto de 2016Delas é o Reino do Céu (Mt 19,13-15)
13 de agosto de 2016Mt 18,21-19,1
Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: ‘Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo! E eu te pagarei tudo’. Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo! e eu te pagarei’. Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.’ Ao terminar estes discursos, Jesus deixou a Galileia e veio para o território da Judeia além do Jordão.
Há quem diga que o segredo para se viver bem e em equilíbrio com os irmãos e com tudo o que nos cerca é praticar a regra de ouro: não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você. Ou, faça ao outro exatamente o que gostaria que fizesse com você. Ou ainda, ame o próximo como a ti mesmo. Talvez funcionasse se eu não fosse tão severa comigo mesma. Se eu dedicasse mais tempo a me conhecer, a descobrir o que é de verdade bom para mim e, por consequência, bom para o outro.
Lendo e relendo a passagem, o texto que mais me chamou a atenção foi: O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo! E eu te pagarei tudo’. Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. Como posso dar ao outro o perdão se o que eu penso que mereço é apenas um prazo? O empregado pede um prazo, mas o patrão perdoa-lhe a dívida! O patrão é muito mais generoso do que o empregado esperava. O empregado não consegue pedir o perdão, fazia questão de pagar. Assim, ele não consegue experimentar o perdão. E como não consegue experimentar o perdão, não consegue perdoar… Percebi que, com esse trecho, Deus me diz que só sou capaz de amar de verdade se me experimento amada por Ele. Só consigo me doar gratuitamente se entro na gratuidade da vida. Muitas vezes não consigo desfrutar de tudo, porque me sinto em dívida.
Nesse Evangelho, Jesus nos dá uma dica preciosa a respeito do amor, da compaixão, do perdão. É preciso antes experimentar cada um desses sentimentos para conseguir transmiti-los.
Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. Me chama a atenção a sensibilidade dos outros empregados ao acontecido. Não simplesmente acusaram o empregado. Não condenaram, não julgaram, não quiseram fazer justiça com as próprias mãos. Se deixaram envolver pela situação! E depois de se deixarem afetar, de ter suas vidas implicadas no fato (ficaram muito tristes), fizeram o que achavam que era correto (procuraram o patrão e lhe contaram tudo). Sentiram junto e, depois, procuraram quem tinha autoridade e responsabilidade para agir.
Senhor, quanta intolerância há em mim… Consigo me entristecer com as dores dos outros, ou estou apenas preocupada em encontrar culpados para as minhas próprias dores? Os empregados não tinham sido diretamente afetados, pessoalmente afetados, mas se entristeceram. Talvez pela prisão do devedor, talvez pela miséria do criado perverso, que foi incapaz de agir com a mesma misericórdia com que foi tratado.
O convite para a oração de hoje é deixar que a Palavra atinja, marque, toque. E se determinado fragmento do texto salta aos seus olhos, chama sua atenção mais do que outros, fique nele. Leia e releia, saboreie, porque é aí que Deus vai falar.
Pedro se dirige a Jesus com uma pergunta matemática: quantas vezes devo perdoar? Muitas vezes vou para a oração com perguntas “matemáticas”. Me dirijo a Jesus querendo respostas exatas. O que fazer? Como fazer? A quem? Para quem? Quantas vezes? Mas hoje, Jesus me convida a mais! Expanda seu coração! Receba da oração o que ela tiver pra te dar, de coração aberto. Acolha com generosidade o que Deus quer dar a você com generosidade!
Pollyanna Vieira, Família Missionária Verbum Dei – FamVDBH