Derramamento de amor (João 12,1-11)
14 de abril de 2014Mas é você, meu amigo (Mateus 26,14-25)
16 de abril de 2014“Depois de dizer essas coisas, Jesus ficou profundamente comovido e disse com toda a clareza: “Eu garanto que um de vocês vai me trair.”
Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando.
Um deles, aquele que Jesus amava, estava à mesa ao lado de Jesus. Simão Pedro fez um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando.
Então o discípulo se inclinou sobre o peito de Jesus e perguntou: “Senhor, de quem estás falando?”
Jesus respondeu: “É aquele a quem vou dar o pedaço de pão que estou umedecendo no molho.” Então Jesus pegou um pedaço de pão, o molhou e o deu para Judas Iscariotes, filho de Simão. Nesse momento, depois do pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que você pretende fazer, faça logo.”
Ninguém aí presente compreendeu por que Jesus disse isso. Como Judas era o responsável pela bolsa comum, alguns discípulos pensaram que Jesus o tinha mandado comprar o necessário para a festa ou dar alguma coisa aos pobres.
Judas pegou o pedaço de pão e saiu imediatamente. Era noite.
Quando Judas Iscariotes saiu, Jesus disse: “Agora o Filho do Homem foi glorificado, e também Deus foi glorificado nele. Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. Filhinhos: vou ficar com vocês só mais um pouco. Vocês vão me procurar, e eu digo agora a vocês o que eu já disse aos judeus: para onde eu vou, vocês não podem ir.
Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu: “Para onde eu vou, você não pode me seguir. Você me seguirá mais tarde.”
Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu daria a minha própria vida por ti.”
Jesus respondeu: “Você daria a vida por mim? Eu lhe garanto: antes que o galo cante, você me negará três vezes.””
Está na hora da maior entrega de amor de Jesus. “Chegou a hora”. Como estão seus sentimentos?
Às vezes olhamos para Jesus numa soberania quase insensível. Ele sabia o que devia fazer, decidiu, foi! Assim não conseguimos nos identificar com Ele. Pois nós vivemos uma mistura enorme de sentimentos, sobretudo nos momentos mais difíceis.
Mas a passagem começa dizendo: “Depois de dizer essas coisas, Jesus ficou profundamente comovido e disse com toda a clareza: “Eu garanto que um de vocês vai me trair.” Ele havia declarado sua decisão, mas isso não impede que humanamente sinta um montão de coisas: dor, tristeza, angústia, medo. Quantas vezes no meio da crise não conseguimos manter nossas decisões e convicções. Sobretudo na nossa sociedade que nos ensina a fugir do sofrimento e buscar o prazer a qualquer custo. Sociedade que está dentro de nós. Pedir a Ele que contemplá-lo nesta situação nos ensine os caminhos de perseverar no amor e na entrega em meio às dificuldades.
Será que os discípulos já não poderiam saber quem era? Como Jesus sabia e eles não? Uma traição não é algo repentino, mas algo que vai sendo tecido por dentro, um coração que vai saindo da sintonia dia após dia. Jesus, profundamente ligado aos seus, percebeu a divisão que entrou no coração de Judas, a noite que ele vivia interiormente. E os discípulos, onde tinham o olhar? Onde estava sua atenção? Em que ou quem estavam ligados? Onde estava seu coração? Totalmente sintonizado, ou também em diferentes sintonias? Quantas vezes nos Evangelhos os vemos discutindo sobre quem é o maior, querendo mandar embora as crianças, despedir o povo sem comer… Talvez ainda muito ensimesmados e baseados nas próprias forças…
E nós? Onde está nossa atenção? Nunca nos aconteceu da pessoa do nosso lado nos surpreender com uma repentina crise (ou repentina a nossos olhos distraídos) e não nos termos dado conta da tristeza que entrou nela pouco a pouco; do cansaço; de outros interesses; da solidão; de gestos ou palavras mal colocados que indicavam algo fora do lugar…? Como está a nossa sintonia com o Amor? Onde vivemos nós? Onde vivem nossos pensamentos? Onde vive nosso olhar? Onde vive nosso coração?
“Ninguém aí presente compreendeu por que Jesus disse isso.” Apesar de Jesus ter acabado de dizer. Distraídos como nós, tantas e tantos imersos no piloto automático de uma rotina desenfreada, e perdendo a profundidade da vida, do que se passa à nossa frente, do que se passa com a pessoa ao nosso lado, do que se passa dentro de nós mesmos.
“Para onde eu vou, vocês não podem ir.” O amor é decisão e compromisso, que supõe um coração totalmente conectado com a Fonte do amor, totalmente ligado, aceso, atento. Naquele momento, como eles estavam, não poderiam ir. Em outras “vibes”, não podemos seguir Jesus por seu caminho de cada dia maior entrega.
Pedro expressou sinceridade. O seu desejo era grande. Mas ele ainda não estava preparado.
Peçamos ao Senhor que a vivência desta Páscoa nos prepare para amar mais e melhor. Que Ele nos dê o querer e o poder, segundo a sua vontade.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner