Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas. Mt 9,35 – 10,1.6-8
9 de dezembro de 2017Hoje vimos coisas maravilhosas (Lc 5, 17-26)
11 de dezembro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e unge-me.
Derrama-te com força e dá-me a vida nova.
Desperta em mim a alegria.
Converte-me e converte minha comunidade.
Sê a luz que me impulsiona para o testemunho crível.
Vem, Espírito Santo, durante este advento, para que eu possa crer
e anunciar que a Palavra se faz carne e habita entre nós.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 1.1-8
A mensagem de João Batista
Mateus 3.1-12; Lucas 3.1-20; João 1.19-28
1A boa notícia que fala a respeito de Jesus Cristo, Filho de Deus, começou a ser dada 2como o profeta Isaías tinha escrito. Ele escreveu o seguinte:
“Deus disse:
Eu enviarei o meu mensageiro
adiante de você
para preparar o seu caminho.”
3E o profeta escreveu também:
“Alguém está gritando no deserto:
Preparem o caminho para o Senhor passar!
Abram estradas retas para ele!”
4E foi assim que João Batista apareceu no deserto, batizando o povo e anunciando esta mensagem:
— Arrependam-se dos seus pecados e sejam batizados, que Deus perdoará vocês.
5Muitos moradores da região da Judeia e da cidade de Jerusalém iam ouvir João. Eles confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão. 6Ele usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato. 7Ele dizia ao povo:
— Depois de mim vem alguém que é mais importante do que eu, e eu não mereço a honra de me abaixar e desamarrar as correias das sandálias dele. 8 Eu batizo vocês com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Quem vai ser enviado para fazer o quê, segundo o anúncio de Isaías?
- · Quem é concretamente este enviado e para quem prepara o caminho?
- · Como João Batista prepara o povo para a vinda do Senhor?
- · Como vestia e o que João Batista comia, e o que isto significa?
- · Que diferença existe entre o batismo de João e o que Jesus praticará?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
Somente Marcos chama sua obra de “evangelho”, que, no singular, não indica primeiramente um livro, mas uma boa notícia: Evangelho ou Boa Notícia de Jesus Cristo. Trata-se do evangelho de Jesus, segundo são Marcos. Este primeiro versículo constitui uma síntese da cristologia de Marcos, afirmando que Jesus é o Cristo-Messias, em resposta ao tema de sua função e missão; e que é Filho de Deus para responder à questão de sua ascendência direta de Deus.
Marcos funde uma citação de Malaquias com outra de Isaías a fim de referir-se ao Batista com o enviado que vem para preparar o caminho de Jesus. Muda o texto hebraico de Malaquias “diante de meu rosto” (o rosto de Iahweh) para “diante de teu rosto” (o de Jesus); muda o preparar seus caminhos (de Iahweh) para teu caminho (o de Jesus).
Onde Isaías dizia “para preparar os caminhos de nosso Deus”, Marcos diz: “Abram estradas retas para ele”, as estradas de Jesus. Ele pegou dois textos da Escritura que se referiam a Iahweh e os aplica a Jesus. Como se pode falar assim de um simples homem? Marcos começa a dar conteúdo ao título Filho de Deus atribuído a Jesus. Esta identidade não pode ser entendida sem o recurso ao Antigo Testamento; por isso, as citações do profeta que convidam a preparar a vinda de Deus. Ao mesmo tempo, porém, há uma novidade surpreendente nesta “boa notícia”, pois se anuncia a vinda de Deus na pessoa de Jesus.
Paralelamente, a citação de Malaquias permite a Marcos vincular João Batista, de quem falará em seguida, a Elias, já que este profeta anuncia sua vinda antes do dia final: “Mas, antes que chegue aquele grande e terrível dia, eu o Senhor, lhe enviarei o profeta Elias” (Ml 3,23).
Estas citações preparam a aparição em cena de João, “batizando o povo e anunciando esta mensagem: ‘Arrependam-se dos seus pecados e sejam batizados, que Deus perdoará vocês” (1,4). De modo prático, aqui se nos apresenta o que significa preparar o caminho e aplainar as sendas para a vinda do Senhor: conversão para o perdão dos pecados. O que obstaculiza o caminho, o vínculo com Deus, é o pecado. É preciso arrepender-se e pedir perdão.
O povo responde a este chamado à conversão e se faz batizar por João, confessando seus pecados.
Em seguida se descrevem as vestes e o alimento do Batista que demonstram sua condição ascética, reforçam sua pregação do juízo e o assemelham a Elias.
O conteúdo da pregação do Batista (1,7-8) está claramente orientado para Jesus, apresentado como o mais forte e que tem um batismo do Espírito, em contraposição ao da água, que o Batista oferece. Para são Marcos, a pregação de João Batista é já o começo da Boa Notícia: sua pregação é um convite para receber o perdão e a misericórdia de Deus.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho coloca-nos diante do Senhor que vem e insiste na metáfora do caminho. Esta vinda do Senhor convida-nos a preparar-nos para recebê-lo.
O texto de hoje nos lembra a vinda histórica de Jesus que Deus preparou com o envio de João Batista, o precursor, tal como o indicavam as Escrituras. Assim, João convida o povo a preparar-se para a vinda do Senhor Jesus mediante um batismo de conversão para o perdão dos pecados. E como o Senhor virá novamente neste Natal, também nos toca agora “preparar os caminhos, preparar-lhe uma estrada reta”. Esta é a conversão própria do advento: desembaraçar o caminho, eliminar os obstáculos, endireitar o retorcido; em resumo: que nada impeça nosso encontro com o Senhor neste Natal. É o desejo de desfrutar de sua companhia, de sua presença mais plena, o que deve mover-nos a pôr em ordem nossa vida, a transcender a dimensão temporal de nossa existência, para abrir-nos ao Eterno, que vem a nosso tempo.
O primeiro domingo convidava-nos a recuperar nossa vida interior, a fazer silêncio e aceitar que a solidão habite nosso próprio coração. Tudo isto a Bíblia o expressa com o símbolo do deserto. Agora, neste segundo domingo, neste deserto silencioso e solitário de nosso coração, se prestarmos atenção, ressoará a voz do profeta, que nos chama a preparar a vinda do Senhor, a reconhecer nossos pecados e confessá-los; a corrigir nossos defeitos dominantes. Trata-se de conversão, de volta a Deus, mas tudo isso motivado pelo desejo de sua visita. Tenho que preparar-me para receber a visita de Deus neste Natal.
Um aspecto importante da conversão a que nos convida o advento é revisar nosso uso do tempo. Desta perspectiva, descobrimos que muitas vezes temos descuidado o importante por causa do urgente; que consumimos o tempo em coisas vãs e supérfluas, descuidando as essências da vida. Nada é tão importante e essencial para a vida humana e cristã do que o bom manejo do tempo. A este respeito, adverte-nos E. Bianchi: “O tempo é o inimigo contra o qual se luta, ou o fantasma que se persegue; o tempo escapa-nos, perdemos o tempo, não temos tempo, estamos devorados pelo tempo; desta maneira, o tempo converte-se no ídolo ao qual nos temos entregado habitual e cotidianamente. Contudo, para nós, cristãos, o tempo é o âmbito no qual se aposta nossa fidelidade ao Senhor: ou sabemos viver o tempo, organizá-lo, sentindo-o como dom e compromisso, ou somos idólatras do tempo”.
O tempo do crente se enriquece com a luz da Esperança, que nos convida a viver de modo diferente, com serenidade e alegria. Sobre este tema, dizia H. J. Nouwen: “O paradoxo da espera está precisamente no fato de que os que creem no amanhã estão na disposição de viver melhor o hoje; que os que esperam que da tristeza brote a alegria estão dispostos a descobrir os traços inaugurais de uma vida nova já na velhice; que os que esperam com impaciência a vinda do Senhor, podem descobrir que ele já está aqui e agora, em meio a nós (…). Precisamente na espera confiante e fiel do amado é onde compreendemos como já plenificou nossas vidas. Como o amor de uma mãe por seu próprio filho pode crescer enquanto espera sua volta, como os que se amam podem descobrir-se cada vez mais durante um longo período de ausência, assim nossa relação interior com Deus pode ser cada vez mais profunda, mais madura enquanto esperamos pacientemente seu retorno”.
Concluamos com um texto do padre Cantalamessa, no qual nos lembra que o que dá sentido ao tempo e à vida é o amor de Deus: “E qual é a coisa que todos, grandes e pequenos, repetimos na Igreja? A mesma que anunciava o Batista: ‘O Messias veio, está presente no mundo. No meio de vós, está alguém a quem não conheceis! Ele vos batizará no Espírito Santo!’ É precisamente este o modo com que Jesus fez florescer o deserto no mundo e pode também transformar nosso deserto moderno: batizando-nos com o Espírito Santo. O Espírito Santo é o amor em pessoa. O fato de Jesus batizar com o Espírito Santo quer dizer que derrama sobre o mundo o amor, que ‘submerge’ a humanidade em um banho de amor. ‘Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu” (Rm 5.5). O amor é a única ‘chuva’ que pode parar a progressiva “desertificação” espiritual de nosso planeta, e o Evangelho outra coisa não é senão isto: o anúncio do amor de Deus para conosco e entre nós. O Natal mesmo, o que é? ‘Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho’ (Jo 3.16). A prova de que Deus nos ama. Se, por qualquer cataclismo, dizia santo Agostinho, todas as Bíblias do mundo fossem destruídas e não restasse senão uma cópia; e se inclusive esta cópia estivesse tão fadada a perder-se que não restasse inteira senão uma página; e se desta página ficasse apenas uma linha ainda legível, e se esta linha fosse justamente aquele onde se diz: ‘Deus é amor’, estaria salva toda a Bíblia, porque tudo está contido ali”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · O Senhor Jesus vem a mim para reinar em minha vida como meu Deus e Senhor. O que me impede recebê-lo? Que obstáculos ou pedras ponho em seu caminho?
- · Como se pode aplainar o caminho para que o Senhor venha e permaneça em minha vida?
- · Em quê e como nos pode ajudar o que diz João Batista?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Bendito sejas, Jesus, por tua misericórdia.
Obrigado por saíres a buscar-me uma e outra vez.
Quero voltar pelo teu caminho, mas sozinho não consigo: acompanha-me.
Converte-me e converte minha comunidade para que recebamos
e vivamos tua Boa Notícia em nossas obras.
Que sempre ouça a voz dos mensageiros que me levam a ti.
Aqui estou, aqui estamos, faze-nos novos com teu Batismo de fogo.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, converte meu coração e o dos meus irmãos”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a conversar, pessoalmente ou por telefone, com alguém com quem há muito tempo não entro em contato a fim de partilhar uma boa notícia.
“O caminho onde Deus se encontra com o homem é sua própria vida,
e por isso, chama-se caminho da vida.”
Beato Oscar Romero