Chamo vocês de amigos (Jo 15,12-17)
4 de maio de 2018Evangelho: João 15, 1-8
“Jesus disse:
— Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador. Todos os ramos que não dão uvas ele corta, embora eles estejam em mim. Mas os ramos que dão uvas ele poda a fim de que fiquem limpos e deem mais uvas ainda. Vocês já estão limpos por meio dos ensinamentos que eu lhes tenho dado. Continuem unidos comigo, e eu continuarei unido com vocês. Pois, assim como o ramo só dá uvas quando está unido com a planta, assim também vocês só podem dar fruto se ficarem unidos comigo.
— Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não ficar unido comigo será jogado fora e secará; será como os ramos secos que são juntados e jogados no fogo, onde são queimados. Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês, vocês receberão tudo o que pedirem. E a natureza gloriosa do meu Pai se revela quando vocês produzem muitos frutos e assim mostram que são meus discípulos.”
Reflexão:
Na oração de hoje, vamos pedir a graça da união profunda com o Senhor. Entrar na imagem da videira, que Jesus mesmo apresenta. Ver os ramos unidos à planta, carregados de uva. Ver aqueles que estão na hora da poda e o agricultor cuidando com carinho, mesmo quando são necessários alguns cortes para o crescimento. Ver os ramos secos ao chão. Perceber os sentimentos provocados por essa visão – alegria, tristeza, desejos, medos, resistências… E iniciar por aí o diálogo com Jesus, pedindo para visitar com Ele a vinha da própria vida, da família, da comunidade.
“Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada.” Esse é o ensinamento central dessa passagem. De que fruto se trata? A nossa sociedade apela para a produtividade todo o tempo. Na sua visão, fruto é, então, o resultado do trabalho, da ação, da obra, geralmente financeiro. Jesus, no entanto, fala de um fruto gerado pela união com Ele. Ajuda-me muito observar a minha mãe enferma para compreender isso. Ela já não ouve, não fala, não caminha, não consegue fazer praticamente coisa alguma. Todos que se aproximam dela, porém, saem com um sorriso no rosto, tendo experimentado doçura, paz e alegria. Ela gera frutos de vida para os demais, e isso não vem do fazer. O que mais gosta é de ler o Evangelho e, de alguma forma, a sua união com Cristo reflete numa forma serena de viver a dificuldade, no brilho nos olhos e no sorriso que contagia os demais.
Ao fazer vir a imagem dela na minha oração, Jesus me questionava por que ainda acho que tudo o que posso gerar depende do que consigo fazer. Deixar que Ele provoque questões ao nosso ativismo e, no fundo, à nossa fé. Como vivo a minha união com Ele? Que valor dou à busca de permanecer em Sua Palavra? Percebo que deitada ou andando, trabalhando ou descansando, na Igreja ou no lazer posso dar frutos de vida, se me mantenho em Seu Amor? E, pelo contrário, posso estar até mesmo numa atividade pastoral de forma estéril?
Peçamos a Maria, que soube ser contemplativa na ação, e unir-se a Seu Filho no mais cotidiano do dia a dia, que nos ensine a guardar a Palavra no coração e nela permanecer.
Tania Pulier, esteticista da alma, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei