“Que os povos te louvem, ó Deus! Que todos os povos te louvem!”
17 de agosto de 2014Viver o mundo novo por Aquele que o faz possível (Mateus 19,23-30)
19 de agosto de 2014“Um jovem se aproximou, e disse a Jesus: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?”
Jesus respondeu: “Por que você me pergunta sobre o que é bom? Um só é o bom. Se você quer entrar para a vida, guarde os mandamentos.”
O homem perguntou: “Quais mandamentos?” Jesus respondeu: “Não mate; não cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua mãe; e ame seu próximo como a si mesmo.”
O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. O que é que ainda me falta fazer?”
Jesus respondeu: “Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha, e siga-me.”
Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.”
Na oração de hoje, vamos pedir a graça de que Jesus nos revele as reais intenções que nos movem e nos contagie com o Seu chamado. O convite é à contemplação. Contemplar o encontro deste jovem com Jesus. Podemos ver a vida de observância que ele viveu; o caminho que fez para chegar até Jesus, para se aproximar; o olhar dele para o Senhor; o tom de voz com que dirige a pergunta; sentir o pulsar do seu coração, suas dúvidas, o sentimento de algo faltava, de vazio; escutar a Jesus – o que responde, o que quer que ele perceba; ver o olhar que Jesus dirige a este jovem; sentir o coração de Jesus também, o que está desejando e oferecendo.
É muito rico ficar na contemplação, entrando na cena e vivenciando-a também, identificados com uma das personagens, ou com outra que esteja lá neste momento do encontro, como os discípulos.
Mas pode nos dar sabor também meditar sobre os verbos empregados por um e outro. Os verbos do jovem são: dever; fazer; possuir; observar. Verbo é ação. Denota nossa intenção profunda, aquilo que nos move, que orienta as nossas buscas, atitudes e escolhas. Movido por esses verbos, o jovem tenta por si mesmo fazer de bom diante de Deus para ter vida. Sua pergunta para Jesus não o faz entrar em outra sintonia, não o transforma. É como se ele pedisse mais algum mandamento para cumprir, achando-se cumpridor de todos os outros. Continua querendo ter a vida por si mesmo e para si, mesmo inquietando-se pelo seu vazio profundo, a sua falta. O questionamento que ele traz ao Senhor é exatamente este: “O que é que ainda me falta?” Porém, numa pergunta que poderia levá-lo à desconstrução para a boa construção, ele acrescenta a palavra que o prende aos seus esquemas, ao seu voluntarismo: FAZER. Ele pergunta “O que é que ainda me falta fazer?”, enquanto Jesus quer chamar-lhe a SER.
Quais são os verbos dAquele que é O Verbo do Pai? Entrar (diferente de “possuir”); guardar (diferente de “observar”); ser; ir; vender; dar; vir; seguir. Todo o cumprimento do jovem causa-lhe uma cegueira e constitui-se num impedimento, pois ele fica no “ter” e não “entra” na vida. Jesus já começa tentando virar-lhe em seus esquemas. “Por que você me pergunta sobre o que é bom? Um só é o bom.” Só Deus é bom e o convite é entrar em Sua bondade, recebê-la gratuitamente, ela, que é maior que todos os bens, pela qual vale trocar tudo, e vivê-la por pura graça, agindo com a bondade do Pai, partilhando o que se tem e o que se é, no seguimento dos passos de Jesus, na configuração com Ele, puro dom, pura entrega.
“Um só” é a expressão que inicia a recitação dos mandamentos por Moisés. O sentido de vivê-lo não é o cumprimento, a observância voluntarística do jovem, mas o reconhecimento dAquele que se oferece. “O Senhor é um só” dá sentido a tudo o que Ele convida a viver: ser um nele, tê-lo como Senhor de nossas vidas e amar com Seu amor.
Qual o olhar de Jesus para o jovem? E qual o olhar Dele para mim hoje? Quais são os verbos que movem as minhas buscas e a minha vida, aqueles mais pronunciados por mim? Aproveitar para observar isso nesses dias. Quais são minhas intenções profundas? E qual é o chamado de Jesus aí?
O jovem não percebeu o que o Senhor lhe oferecia e foi embora triste. E eu, perceberei? Quais os “muitos bens” que também impedem a minha percepção, que também me atrapalham de seguir a Jesus? Qual troca Ele me convida a fazer hoje? E quais as minhas decisões e sentimentos diante do chamado?
Pedir a Maria que nos acompanhe nesta oração e nos empreste o seu “sim”.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner