Sede santos
15 de fevereiro de 2016Ser palavra e presença que gera arrependimento e perdão (Lc 11, 29-32)
17 de fevereiro de 2016
Mt 6,7-15
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
– 7Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes.
Oração:
O texto hoje é propício ao tempo de deserto que vivemos na quaresma, tempo de sondagem interior, tempo especial de descobrirmos nossas fraquezas e as entregarmos a Deus, tempo de colocarmos nossa pequenez diante do Pai, tal qual Jesus no deserto. Tempo de silêncio externo para que deixemos nosso interior falar mais alto, tempo de profunda conexão entre nossa matéria e nossa espiritualidade.
Neste tempo, Jesus nos faz perceber, no Pai Nosso, um caminho especial para chegarmos ao coração de Deus. Ensina-nos uma oração de fácil entendimento e que se tornou ferramenta importante, sendo uma das mais rezadas no mundo hoje.
Chama nossa atenção não só o ato de Jesus de nos ensinar a rezar, mas, sobretudo, seu ensinamento sobre COMO rezar. Segundo Ele, nossa oração não precisa ser espalhafatosa e não deve ser prolixa, pois o Pai sabe das nossas necessidades, antes até de nós mesmos. À princípio, nem precisaríamos comunicar nossos pedidos a Ele, mas o fazemos porque queremos nos posicionar, queremos mostrar a consciência que temos de nossa pequenez e daquilo que nos falta. Mesmo certos da onisciência divina, temos a necessidade da verbalização, pois não somos inertes diante dos fatos que nos acontecem.
Então, sendo o teor de nossa oração já conhecido por nosso Ouvinte, devemos buscar a singeleza da expressão e a objetividade do conteúdo e não a beleza impressa em palavras elevadas ou mesmo no tom exageradamente apelativo. Deus não nos atente pela nossa eloquência, pela quantidade de velas que acendemos, pela quantidade de orações impressas que distribuímos, ou mesmo pelo que prometemos, caso a graça seja alcançada. Ele nos atende, conforme a necessidade daquilo que pedimos.
Para rezar, precisamos silenciar nosso coração e, como lembra Jesus, assumir uma postura humilde diante de Deus. Precisamos, em primeiro lugar, reconhecer a grandeza do Deus que é Pai e que, como pai, está atento às nossas palavras. Jesus sugere, na oração do Pai Nosso, uma relação profunda e recíproca entre Céu e Terra.
Essa relação deve ser tão profunda a ponto de dizermos “seja feita a Tua vontade”. Nossa confiança de que Deus pode tornar nossas necessidades possíveis deve ser condição primária de nossa oração, pois estamos falando com um Pai que analisa atento nossas palavras.
O nosso desejo de participar do Reino deve ser nossa vontade primordial nessa oração, sobretudo porque, atendido esse pedido, os demais vêm por decorrência própria da situação que passamos a viver.
Observando atentos, perceberemos que Jesus nos conecta com o Pai e abrange, de alguma forma, nossas necessidades prementes, materiais e espirituais, não se esquecendo de colocar um alerta em meio a tudo isso no que se refere à natureza da reciprocidade daquilo que pedimos. Nossa única dívida nesse mundo deve ser a do amor recíproco.
Que possamos, a cada vez que rezarmos o Pai Nosso, dizer as palavras dessa oração com a consciência de que estamos falando com um Pai carinhoso e atento, um Deus que não nos desaponta nunca, pois Ele conhece nosso íntimo, sabe de nossas misérias e é capaz de sair de sua grandeza para nos acalentar e nos proporcionar uma vida melhor.
Que tenhamos consciência de estar pedindo forças para enfrentar os problemas e não para ficarmos livres deles. E que nosso coração fique em paz por saber-se profundamente conectado ao Deus Amor.
Amém!
Ana Paula Ferreira – FaMVD – BH