O menino envolvido em faixas, deitado numa manjedoura
25 de dezembro de 2014Amor e fé
27 de dezembro de 2014Leitura: Mateus 10,17-22
Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: “Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo”.
Oração:
Hoje a Igreja celebra a vida de São Estevão, mártir entre os primeiros cristãos (At 7, 55-60). A vida de São Estevão, que morre apedrejado e fora da cidade, é mais uma das inúmeras vidas de cristãos e cristãs cujo caminho é cumprir a profecia de Jesus no evangelho de hoje.
Jesus, advertindo os seus amigos mais íntimos, afirma que enfrentariam perseguição não apenas diante das autoridades daquele tempo, mas também entre os familiares. Isso sinaliza que a opção pelo caminho do Reino não faz o discípulo opor-se apenas às ideologias e aos poderes mais fortes e expressivos contrários ao Reino. Na verdade, a opção pelo Reino determina de tal forma a vida, que não é possível transigir nem com os mais próximos, os mais íntimos, os mais familiares e nas pequenas causas.
Para pensar essas perseguições, a história de São Estevão tem muito a nos oferecer. Ele não é vitimado pelo poder marginal, pela falta de “controle estatal” ou por pessoas imorais de seu tempo. Não! São Estevão é morto por pessoas “boas”, homens “de bem” daquele tempo.
Nossa oração pode ser um pedido de proteção e perseverança para todos os “Estevãos” que morrem hoje. Nossa oração pode ser um pedido de perdão por tantas vezes sermos estes que, confundidos, jogam para fora da cidade, apedrejam e gritam, pois pensam que isso é o bem que se deve fazer. Nossa oração pode ser um pedido de discernimento, a fim de que tenhamos cada vez menos vítimas da ignorância e da tentativa de manter a todo custo o estado atual das coisas.
Negros, crianças, idosos, mulheres, homossexuais, pobres, crentes de outros credos… são muitos “Estevãos”, amados do Pai, sobre cujas feridas devemos nos debruçar, trazendo para dentro “dos muros da cidade”, sem alarde e escândalo, e com amor.
João Gustavo H. M. Fonseca – estudante de Direito da UFMG, membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte