“Não a proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos Céus”
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“O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor: elevou os humildes.”
Neste domingo, enquanto comunidade lectionauta, nos encontramos em torno do texto de Lc 1,39-56, em torno do texto que ficou conhecido como “Visitação”, um texto que transborda efusão e poesia.
Antes, porém, de iniciarmos nossa leitura do texto bíblico, façamos um instante de respiração profunda, de tomada de consciência e de prece à Divina Ruah, pedindo-lhe luz e sabedoria.
Leitura: o que o texto diz?
Façamos, pois, a leitura atenta de Lc 1,39-56.
A leitura nos abre o caminho para a região montanhosa da Judeia, permite-nos imaginar a despedida de Maria de seus familiares e testemunhar seu encontro com Isabel. O evangelho de hoje nos transporta a um encontro entre duas mulheres, compartilhando segredos, tensões e esperanças. Isabel fora surpreendida pela vida apesar de avançada em idade (Lc 1,18.24), Maria concebeu de forma miraculosa, mas isso poderia custar-lhe a vida.
A partir da leitura, surpreendemo-nos com a saudação da justa Isabel (Lc 1,6), expressamos, com Maria, nossa confissão de gratidão e reconhecimento dos feitos do Senhor em seu e em nosso favor e refletimos sobre o que pode ter acontecido naqueles três meses em que Maria permaneceu na casa de Isabel e Zacarias.
Meditação: o que o texto me diz?
A narrativa nos leva à intimidade daquela casa e convida-nos à cumplicidade daquele encontro. Pela meditação, indagamos o significado dos acontecimentos, o sentido de cada palavra. A dramaticidade e a solenidade que permeiam o encontro entre as primas (Lc 1,36), reveladas na saudação, na profissão de fé de Isabel – “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (v. 43) –, na resposta de Maria, que na expressão de sua experiência e na confissão de suas esperanças reverbera as palavras fortes da fiel e corajosa Ana (1Sm 2,1-10).
Que aprendemos dessas mulheres? De que forma sua experiência e a esperança expressa em suas palavras nos toca, nos desinstala, nos desafia?
Oração: o que o texto me faz dizer a Deus?
À saudação solene e acolhedora de Isabel, Maria respondeu com palavras de louvor ao Senhor porque olhou para sua humilde serva (v. 48) e porque elevou os humildes (v. 52). Retomemos a prece de Maria, uma vez mais:
“A minha alma engrandece o Senhor,
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
porque olhou para a humildade de sua serva.
Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
porque o Todo-poderoso
fez grandes coisas em meu favor.
O seu nome é santo,
e sua misericórdia se estende, de geração em geração,
a todos os que o respeitam.
Ele mostrou a força de seu braço:
dispersou os soberbos de coração.
Derrubou do trono os poderosos
e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos,
e despediu os ricos de mãos vazias.
Socorreu Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia,
conforme prometera aos nossos pais,
em favor de Abraão
e de sua descendência, para sempre”.
Maria celebra o Deus que se coloca ao lado das pessoas apequenadas, excluídas e empobrecidas e que age com plena liberalidade e gratuidade em favor das pessoas humildes, e famintas. Na oração de Maria, está expressa sua fé e sua esperança, não em coisas etéreas, mas em um Deus que intervém na concretude da vida olhando para/por quem ninguém mais o faz.
Agora, corajosa e ousadamente, façamos nossa oração, reconhecendo e acolhendo o olhar de Deus sobre nós e tudo o que realiza em nosso favor e, ainda, sonhando toda revolução que brota de seu agir em nossas vidas.
Contemplação: o que Deus, através do texto faz em mim?
O diálogo continua e Deus, no mais profundo de nossos corações, tece em nós sua palavra. Silenciemos e contemplemos Deus agindo em nós.
Ação – O que o texto – e este encontro – me solicita a agir?
Façamos agora, a partir do encontro com o texto de Lc 1,39-56, um compromisso. Como essa palavra que foi lida, meditada, rezada e contemplada se faz palavra viva em nossas vidas? Qual será (ão) nosso (s) gesto (s) concreto (s)?
Concluamos este momento de Leitura Orante, agradecendo a Deus por este momento de encontro, reflexão e aprendizado.
*Maria Nivaneide de Abreu Lima é leiga católica e assessora do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI). Mestra em Teologia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), bacharela em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) e licenciada em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC).