A relação entre Israel e a comunidade de Jesus (JO 19,25-27)
15 de setembro de 2018Firmeza na fé
17 de setembro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, move-me a escutar a Palavra.
Espírito Santo, toca-me para que possa viver a Boa Nova.
Espírito Santo, renova-me para que neste mês da Bíblia,
me encontre com Jesus presente no Evangelho e nos irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 8.27-35
A afirmação de Pedro
Mateus 16.13-20; Lucas 9.18-21
27Depois Jesus e os seus discípulos foram para os povoados que ficam perto de Cesareia de Filipe. No caminho, ele lhes perguntou:
— Quem o povo diz que eu sou?
28Os discípulos responderam:
— Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é um dos profetas.
29 — E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? — perguntou Jesus.
— O senhor é o Messias! — respondeu Pedro.
30Então Jesus proibiu os discípulos de contarem isso a qualquer pessoa.
Jesus fala da sua morte e da sua ressurreição
Mateus 16.21-28; Lucas 9.22-27
31Jesus começou a ensinar os discípulos, dizendo:
— O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, três dias depois, ressuscitará.
32Jesus dizia isso com toda a clareza. Então Pedro o levou para um lado e começou a repreendê-lo. 33Jesus virou-se, olhou para os discípulos e repreendeu Pedro, dizendo:
— Saia da minha frente, Satanás! Você está pensando como um ser humano pensa e não como Deus pensa.
34Aí Jesus chamou a multidão e os discípulos e disse:
— Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. 35Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa e por causa do evangelho terá a vida verdadeira.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Onde se encontram os discípulos e o que Jesus lhes pergunta?
2. O que os discípulos lhe respondem? Você tem familiaridade com algum dos nomes?
3. O que Jesus, o Filho do Homem, anuncia aos discípulos?
4. Como Pedro reage diante deste anúncio de Jesus? O que Jesus lhe diz?
5. Quais são as exigências que Jesus faz aos que desejam segui-lo?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
Os primeiros versículos do evangelho de hoje (8.27-30) são a conclusão da primeira parte do evangelho de Marcos (1.1–8.30) que narra a atividade de Jesus na Galileia e termina, justamente, com a confissão de Pedro que, em nome dos Doze, reconhece Jesus como o Messias, título que Marcos havia colocado no início de seu evangelho (cf. Mc 1.1). Os versículos restantes (8.31-35) abrem a segunda parte do evangelho que narra a viagem de Jesus a Jerusalém.
No começo, o texto situa Jesus e seus discípulos a caminhar pelos povoados nos arredores da Cesareia de Filipe. Esta cidade encontra-se no extremo norte do Israel bíblico e será o ponto de partida do caminho de Jesus para Jerusalém, acompanhado por seus discípulos.
Pelo caminho, Jesus surpreende seus discípulos com a pergunta: “Quem o povo diz que eu sou?” É importante observar que esta pergunta surge no final da atuação de Jesus na Galileia (pregação, ensino, curas, exorcismos) e, de certo modo, busca expressar a recepção que teve entre as pessoas.
A resposta dos discípulos recolhe a opinião das pessoas, já manifestada em Mc 6.14-15: Jesus é João Batista ressuscitado; Elias ou algum dos profetas. Entre estas opiniões, destaca-se aquela a respeito de Elias, que viria para preparar a chegada do Messias. No entanto, o certo é que elas, embora reconheçam em Jesus uma dimensão profética, não chegam a descobrir seu caráter messiânico.
Imediatamente se segue a mesma pergunta sobre a identidade de Jesus, agora, porém, dirigida a todos os seus discípulos. Quem responde é Pedro, salientando seu lugar preeminente dentro do grupo dos discípulos. A resposta de Pedro tem o estilo de uma confissão de fé (“O senhor é o Messias”) e implica o reconhecimento de Jesus como o ungido e enviado de Deus para inaugurar o tempo de salvação.
Este texto mostra-nos que os discípulos, representados por Pedro, dão mostras de haver entendido algo importante e, nisto, distinguem-se do resto das pessoas, dos de fora. Esta confissão tem o valor da aprovação de um ciclo letivo, de ter alcançado satisfatoriamente uma etapa prevista. Contudo, é preciso passar para a seguinte, a do caminho para Jerusalém.
Depois da confissão de fé de Pedro, Jesus inaugura uma nova etapa de seu ministério, fazendo o primeiro anúncio de sua paixão.
Depois deste anúncio da paixão, Pedro levou Jesus para um lado e “começou a repreendê-lo”. Jesus, por sua vez, tem uma reação imediata, com uma frase muito forte, pois o chama de “Satanás” e ordena-lhe que saia de sua frente. As palavras de Jesus – “Você está pensando como um ser humano pensa e não como Deus pensa” – querem dizer que Pedro pensa, sente e fala como homem, não segundo Deus.
A novidade cristológica desta segunda parte do evangelho é que Jesus se apresenta como um Messias sofredor, ou seja, que levará a cabo sua missão através da humilhação, do sofrimento e da morte. Isto explica o tríplice anúncio de sua paixão aos discípulos, que eles não entendem. A paixão indica um fracasso real, embora não definitivo: a rejeição por parte de seu próprio povo de Israel.
A esta nova revelação da identidade de Cristo, em 8.34-38, segue-se um segundo chamado de Jesus ao seguimento, trazendo novidades essenciais. Em primeiro lugar, inclui os discípulos e também a multidão; está aberta, portanto, a todos os que querem segui-lo. Em segundo lugar, é um chamado à renúncia a si mesmos como expressão da aceitação do caminho da cruz. Ou seja, em um primeiro momento, o específico do discípulo é estar com Jesus e pregar Jesus. A isto, é preciso acrescentar agora o sofrer e o morrer por Jesus. Também fica mais clara, neste segundo chamado, a opção livre do discípulo, pois Jesus não usa em primeiro lugar o imperativo “segue-me”, mas uma oração condicional: “Se alguém quer ser meu seguidor…” (8.34), que termina, agora sim, com o “me acompanhe”. Esta mudança de ordem sugere também que a renúncia está em função do seguimento, é condição para ele. Além disso, o convite à renúncia/seguimento está motivado pelas consequências da opção que se faça: salvação ou perdição. Trata-se, portanto, de uma decisão vital.
O que o Senhor me diz no texto?
A vida é um caminho, e hoje parece que a regra mais difusa para percorrê-lo é “tudo, já e fácil”. A proposta não deixa de ser atraente e tentadora, mas não resiste a uma análise honesta e baseada na experiência. Este é o caminho verdadeiro para construir um vínculo afetivo estável e fecundo? Pode-se alcançar algum êxito importante na esfera pessoal, profissional ou esportiva, sem dedicação e sacrifício? E o mesmo vale para a vida cristã, que é um caminho para a realização pessoal sobrenatural e tem como fim ou meta a vida eterna.
A meditação deste evangelho convida-nos a fazer-nos duas perguntas muito importantes. A primeira: quem é Jesus para mim? A esta pergunta, temos de responder mais com o coração e a experiência do que com a cabeça e a teologia. E a segunda: até onde estou disposto a segui-lo? Ou seja, estou disposto a renunciar a mim mesmo e carregar minha cruz para segui-lo? As respostas a estas duas perguntas vão juntas. Se confesso que Jesus é o Filho de Deus encarnado, que me amou e se entregou por mim para salvar-me, então confiarei nele e o seguirei por onde quer que vá, posto que seja pelo caminho da cruz.
Ora, aceitar isto não é fácil. É um momento decisivo, de opção séria, porquanto para continuar sendo discípulo, mister se faz deixar-se a si mesmo e aos próprios projetos de realização e salvação pessoal. Negar-
se a si mesmo e tomar a cruz implicam estar disposto a perder a vida, mas para salvá-la. A cruz aparece como a vida feita doação, um perder-se a si mesmo por amor a Jesus. Assim como o anúncio da paixão terminava fazendo referência à ressurreição no terceiro da, de igual modo também o caminho da cruz do discípulo termina com a promessa da salvação.
Ao receber este anúncio da necessidade de passar pela cruz, nossa reação costuma ser como a de Pedro. É um momento de provação, como bem indica o Cardeal Martini: “Cada um de nós, cedo ou tarde, deve viver uma prova semelhante; será a prova sobre a Igreja, sobre a comunidade, sobre o povo que nos foi confiado; será a prova sobre os acontecimentos tristes e dolorosos que as pessoas que amamos enfrentam. São situações das quais não podemos sair com o único instrumento da evolução progressiva do conhecimento; é preciso aceitar a ruptura, a superação, a revelação do mistério de Deus como totalmente distinto do nosso modo de pensar. Até este momento, a vida de Pedro procedia bastante tranquila: seu estar com Jesus não criava nenhum problema; agora, porém, ele experimenta a ruptura, compreende que seu amor pelo Mestre deve ser purificado: é a primeira grande prova de seu caminho e de seu apego a Jesus”.
A este respeito, dizia o Papa Francisco: “Os discípulos tinham medo e não podiam compreender a ideia de ver Jesus sofrer na Cruz. Também nós temos a tentação de fugir das cruzes próprias e das dos outros, afastar-nos daquele que sofre. Por isso, voltemos agora o nosso olhar para a Virgem, nossa Mãe, e peçamos-lhe que nos ensine a permanecer junto da cruz do irmão que sofre; que aprendamos a ver Jesus em cada homem caído no caminho da vida, em cada irmão que tem fome ou sede, que está nu, encarcerado ou enfermo. Junto da Mãe, na Cruz, podemos entender quem é verdadeiramente ‘o mais importante’ e que significa estar ao lado do Senhor e participar na sua glória” (Angelus, 20 de setembro de 2015).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que sentimentos experimento ao ver Jesus crucificado?
2. E quando me pede que renuncie a tudo para segui-lo?
3. Fujo da cruz ou peço forças à Virgem para aceitá-la e carregá-la?
4. Estou perto das pessoas que sofrem e que necessitam de minha ajuda?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua clareza, por falares sem rodeios.
Quero reconhecer-te como Messias: és o único que pode salvar-me.
Dá-me o necessário para dizer sim a ti e seguir-te.
Que não busque um seguimento cômodo e à minha medida.
Entrego-te minha cruz e o que ela implica.
Sem ti, nada posso.
Que juntos, Jesus, possamos carregar a cruz de meus irmãos.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, tu és o Messias: ajuda-me a carregar a cruz e seguir-te”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Esta semana, voltarei minha atenção para alguém que está sofrendo e partilharei um momento de meu tempo com tal pessoa.
“A medida de poder levar uma cruz, grande ou pequena, é o amor.”
Santa Teresa de Ávila