Providências da família de Jesus
20 de janeiro de 2018O poder de Jesus
22 de janeiro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e batiza-me com teu fogo.
Quero ser criatura nova.
Vem, Espírito Santo, para que com teu impulso,
passe da escuta à vivência do evangelho.
Vem, Espírito Santo, e dá-me a força para seguir Jesus.
Sê tu mesmo meu companheiro.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 1.14-20
Jesus começa o seu trabalho na Galileia
Mateus 4.12-22; Lucas 4.14-15; 5.1-11
14Depois que João foi preso, Jesus seguiu para a região da Galileia e ali anunciava a boa notícia que vem de Deus. 15Ele dizia:
— Chegou a hora, e o Reino de Deus está perto. Arrependam-se dos seus pecados e creiam no evangelho.
16Jesus estava andando pela beira do lago da Galileia quando viu dois pescadores. Eram Simão e o seu irmão André, que estavam no lago, pescando com redes. 17Jesus lhes disse:
— Venham comigo, que eu ensinarei vocês a pescar gente.
18Então eles largaram logo as redes e foram com Jesus.
19 Um pouco mais adiante Jesus viu outros dois irmãos. Eram Tiago e João, filhos de Zebedeu, que estavam no barco deles, consertando as redes. 20 Jesus chamou os dois, e eles deixaram Zebedeu, o seu pai, e os empregados no barco e foram com ele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Aonde Jesus vai e o que faz?
- · Quais são as primeiras palavras de Jesus no evangelho de Marcos? O que ele prega?
- · Onde estavam e o que faziam Simão e André, Tiago e João?
- · Como respondem estes homens ao convite de Jesus?
- · Existe alguma relação entre este chamado e a proclamação da chegada do Reino?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
No evangelho deste domingo podemos identificar duas seções: o começo da pregação de Jesus (1.14-15) e o chamado dos primeiros discípulos (1.16-20).
O início da pregação de Jesus se concentra em dois temas fundamentais para o evangelho: a vinda do Reino de Deus e o chamado à conversão que vem a seguir.
A proximidade do Reino indica o cumprimento do tempo, do tempo fixado por Deus como final e definitivo. Como breve definição do Reino de Deus, podemos dizer que o “Reino de Deus”, segundo o AT e o NT, consiste na realização completa da vontade de Deus neste mundo. O poder de Deus deve realizá-lo e concedê-lo. O Reino de Deus liberta do pecado e das pressões, concede ao homem a comunhão com Deus e com seus irmãos (Fritzleo Lentzen-Deis).
Esta proximidade do Reino se expressa com uma indicação cuja tradução possível é tanto “já chegou” quanto “está próximo”; e não é preciso renunciar a nenhuma das duas categorias temporais: presente e futuro. O Reino de Deus se torna presente na Pessoa de Jesus Cristo, mas alcançará sua plenitude no juízo final, com a vinda do Filho do Homem na glória. Há e haverá sempre uma tensão entre o Reino futuro e o Reino presente que se resolve, parcialmente, no âmbito pessoal, uma vez que o que falta para que o Reino futuro se faça presente é a resposta humana, a fé e a conversão (1.15). Deste modo, conversão e fé constituem uma única atitude exigida do homem diante da proximidade do Reino. Em Jesus, a conversão aparece como a resposta do homem ao chamado de Deus para entrar em seu Reino ou reinado. Assim, fica enfatizada a iniciativa de Deus e, por conseguinte, o acreditar adquire aqui, com maior força, o matiz da confiança em Deus. Como bem indica L. H. Rivas, “isto quer dizer que o reino terá de começar pelo interior do homem, no profundo do coração. Se o reino é a realização da vontade de Deus aqui na terra, tal como o fazem os anjos no céu, então os homens deverão colocar seu coração de acordo com o de Deus. O Reino começará naqueles que abandonam seu mau comportamento, renunciam ao seguimento de suas más inclinações e buscam o bem”.
Em seguida, são Marcos mostra-nos Jesus a caminhar pela beira do mar da Galileia (1.16). Trata-se, antes, de um grande lago, a que os evangelhos chamam de mar, como talvez fosse costume na época. Contudo, antes de mais nada, “o lago é o lugar em que as pessoas da Galileia vivem e trabalham: Jesus busca e encontra as pessoas em sua própria situação. Marcos apresenta-nos Jesus a andar pelos caminhos do mundo em busca das pessoas onde elas se encontram” (C. M. Martini).
Jesus “vê” e em seguida “chama” quatro pescadores para que o sigam, abandonando as redes. Jesus os vê a trabalhar e os chama. Primeiro o olhar, depois o chamado. E ambos são muito pessoais, frutos de um amor gratuito que escolhe: “Para segui-lo, é preciso ser convidado; não se convertia em discípulo quem queria, mas quem era querido: ser discípulo é um dom, mais do que uma ordem” (J. Bartolomé).
A situação do chamado é o próprio lugar de trabalho, lá onde se encontra; e a modalidade do chamado é uma palavra pessoal de Jesus. O conteúdo do chamado é um convite a segui-lo, a vincular-se à sua Pessoa, visto que lhes diz: “Venham comigo…”, sem outra explicação, senão um difuso horizonte missionário: “…que eu ensinarei vocês a pescar gente” (1.17). “Confiança total, doação plena à pessoa de Jesus e não a uma causa. Porque Jesus não diz ‘venha fazer isso ou aquilo’, mas ‘tenha confiança em minha pessoa’” (C. M. Martini).
Podemos ver que existe uma íntima vinculação entre o anúncio da chegada do Reino de Deus e a criação do discipulado. Com efeito, o Reino de Deus é essencialmente comunitário e está relacionado a um povo concreto, ao qual está destinado, e que é chamado a aceitá-lo e a torná-lo visível. Ou seja, uma vez que o Reino de Deus é a comunhão com Deus na comunidade dos homens que se uniram a Jesus, a primeira ação de Jesus depois de anunciar a proximidade do Reino é constituir a comunidade de seus discípulos. Portanto, o discipulado é o primeiro fruto da missão de Jesus, é a primeira semente do Reino de Deus. Temos também aqui o primeiro traço fundamental do discípulo de Cristo: é alguém chamado a segui-lo fazendo parte de seu grupo, de sua comunidade, do Reino de Deus.
O que o Senhor me diz no texto?
Jesus começa a agir, começa a realizar sua missão. E o que faz? Em primeiro lugar, anuncia a Boa Nova – o evangelho – da chegada do Reino de Deus aos homens. Como o tempo previsto se cumpriu, Deus, por meio de Jesus, começa a agir em favor dos homens; e espera deles uma resposta. Sem dúvida, ele é que tem a primazia e a iniciativa, mas nos envolve; pede e espera nossa resposta: a fé e a conversão. Em primeiro lugar, é preciso crer em Jesus, aceitar que ele nos comunica a autêntica Palavra de Deus. É o que Jesus nos pede por primeiro: acreditar.
A fé, por sua vez, como aceitação da Palavra de Deus, do “pensar” de Deus, de seu modo de ver a realidade, de valorizá-la, julgá-la e transformá-la, exige de nós uma autêntica conversão, entendida, aqui, justamente como “mudança de mentalidade” (metanoia). Em um abrir-se à dimensão do mistério que alarga o horizonte de nosso entender e de nosso viver. O Papa Francisco no-lo explicava claramente: “A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os nossos passos no tempo. Por um lado, provém do passado: é a luz duma memória basilar — a da vida de Jesus –, onde o seu amor se manifestou plenamente fiável, capaz de vencer a morte. Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, dado que Cristo ressuscitou e nos atrai de além da morte, a fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso ‘eu’ isolado abrindo-o à amplitude da comunhão. Deste modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas” (Lumen Fidei, nº 4).
Em síntese, “hoje o evangelho nos fala de alguém que nos traz uma boa notícia. Tudo isso pode mudar porque há alguém com poder para tudo transformar e fazer as coisas de outra maneira. O próprio Jesus vem com poder para fazer com que neste mundo se realiza a vontade de Deus, em vez de deixar tudo obscurecido e arruinado pelo pecado. Jesus, porém, quer nossa colaboração para levar a cabo esta obra. O Reino de Deus será uma realidade se nós aceitarmos que este Reino comece em nós mesmos. Para isso, é necessário que nos convertamos. Não é possível que critiquemos o mal enquanto o praticamos ao mesmo tempo” (L. H. Rivas). Fica clara, aqui, a concepção bíblica da fé que é, antes de mais nada, acreditar que Deus age em nossa vida e em nossa história.
Embora a primeira parte do evangelho de hoje nos tenha convidado a focar nossa atenção no tema da fé e da conversão, devemos também assinalar, com a segunda parte do evangelho, que a fé e a conversão se prolongam no discipulado, no seguimento de Jesus. No domingo passado, vimos que o início do ser cristão é sempre o encontro pessoal com Jesus. Hoje se reafirma isto e se acrescentam outros elementos deste caminho. Com efeito, o caminho do discípulo começa com um encontro pessoal com Jesus, que chama a segui-lo. A iniciativa é inteiramente de Jesus, que irrompe na vida do homem em sua situação cotidiana, com seu trabalho e seus vínculos familiares. O chamado implica uma opção radical: deixar tudo e segui-lo. A exigência e sua resposta estão narradas aqui como afetiva e efetiva: seguem a Jesus, deixando tudo.
Também a segunda parte do evangelho de hoje nos abre ao sentido comunitário da fé. Em Evangelii Gaudium, nº 180, o Papa Francisco diz-nos a este respeito: “Ao lermos as Escrituras, fica bem claro que a proposta do Evangelho não consiste só numa relação pessoal com Deus. E a nossa resposta de amor também não deveria ser entendida como uma mera soma de pequenos gestos pessoais a favor de alguns indivíduos necessitados, o que poderia constituir uma ‘caridade por receita’, uma série de ações destinadas apenas a tranquilizar a própria consciência. A proposta é o Reino de Deus (cf. Lc 4.43); trata-se de amar a Deus, que reina no mundo. Na medida em que Ele conseguir reinar entre nós, a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos. Por isso, tanto o anúncio como a experiência cristã tendem a provocar consequências sociais. Procuremos o seu Reino: ‘Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo’ (Mt 6.33). O projeto de Jesus é instaurar o Reino de seu Pai; por isso, pede aos seus discípulos: «Proclamai que o Reino do Céu está perto’ (Mt 10.7).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Como se sente meu coração perante a vinda de Deus em minha vida? Que aspecto de minha vida eu não gostaria de mostrar ao Senhor e prefiro escondê-lo?
- · Em que vejo necessidade de fazer uma mudança, uma conversão como volta a Deus e abandono do que me leva ao pecado?
- · Qual foi o momento em que Jesus entrou em minha vida?
- · Minha vida mudou desde então? Deixei algumas coisas e comecei algo novo?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Obrigado, Jesus, porque se estás presente, aqui também onde estou é Galileia.
Converte-me, e o Reino começará em meu coração.
Converte-me e tudo será à tua maneira.
Quero acreditar em ti, escolho crer em ti.
Olhas-me e tudo ganha sentido.
Teu olhar tem a resposta às minhas buscas e anseios.
Ouço-te a pronunciar meu nome e não posso opor resistência.
Mesmo que às vezes tudo me seja custoso, sigo-te.
Mesmo que se riam, sigo-te.
Seguir-te é minha única segurança.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que eu esteja atento ao teu chamado.”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a visitar Jesus-Eucaristia e lhe conto meu desejo de segui-lo.
“Jesus continua chamando a pescar homens no lugar onde estamos”.
Beato Paulo VI