Comunidade (Lc 6, 12-19)
28 de outubro de 2017Quando é o momento?
30 de outubro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Escuta-nos, Espírito Santo,
Tu que és nosso amigo.
Tu que está sempre perto de nós,
enche nossos corações com teu amor.
Agradecemos-te, ó Pai, porque
quando Jesus voltou para ti,
enviaste-nos o Espírito Santo
para que ocupasse seu lugar.
Mesmo que o não possamos ver,
sabemos que está agindo no mundo,
em tudo o que é bom e santo,
e em nossas vidas para que cumpramos tua vontade.
Envia-nos o Espírito Santo, te pedimos,
para que modele nossas vidas
e nos guie sempre.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 22.34-40
O mandamento mais importante
Marcos 12.28-34; Lucas 10.25-28
34Os fariseus se reuniram quando souberam que Jesus tinha feito os saduceus calarem a boca. 35E um deles, que era mestre da Lei, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, perguntou:
36— Mestre, qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei?
37 Jesus respondeu:
— “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.” 38 Este é o maior mandamento e o mais importante. 39 E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: “Ame os outros como você ama a você mesmo.” 40Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Quem se reuniu? Quem faz a pergunta a Jesus e com que intenção? O que lhe pergunta? Para Jesus, quais são os principais mandamentos de Deus?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
Depois do fracasso dos saduceus com sua pergunta em torno do imposto ao imperador, os fariseus reúnem-se para confabular contra Jesus. Portanto, a intenção da pergunta é, aqui também, maliciosa.
A tentação ou armadilha da pergunta do doutor da Lei está em pedir a Jesus que tome posição sobre um tema debatido naquele tempo. Antes de mais nada, devemos recordar que os rabinos contabilizavam um total de 613 mandamentos, cifra que resultada da soma dos 248 preceitos e 365 proibições presentes na Tora (Pentateuco). O debate concentrava-se, pois, na possibilidade de distinguir entre preceitos “grandes” e “pequenos”, e na gravidade da falta que derivava de seu descumprimento. Em geral, o grupo dos fariseus pensava que todos os mandamentos fossem importantes e devessem ser cumpridos com extrema fidelidade. Outros, em contrapartida, reconheciam certa hierarquia nos mandamentos e nas exigências de seu cumprimento. Ademais, debatiam sobre a existência de um mandamento que seria o princípio fundamental ou regra de ouro do comportamento do judeu fiel. A pergunta que o fariseu dirige a Jesus segue principalmente esta linha: “Qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei?” (2.36).
Jesus responde em primeiro lugar citando um texto do Antigo Testamento, conhecido como Shemá Israel (‘Escuta, Israel’), oração que desde o final do século I os judeus observantes não têm deixado de rezar pela manhã e à tarde. Este texto expressa o imperativo de amar a Deus com a totalidade da pessoa, com todas as fibras interiores, sem resíduo e sem reserva. Este compromisso totalizante vem expresso com a terminologia própria do Deuteronômio: coração, alma e mente.
Em síntese, à luz da tradição bíblica, este “amar a Deus” implica principalmente o conhecimento do único Deus e a obediência a suas palavras com todo o ser.
Em seguida expõe o segundo mandamento, semelhante a este, citando um versículo que pertence ao Código de Santidade (Lv 17–24), chamado assim porquanto o fundamento teológico que dá a todas as suas prescrições é “sejam santos, pois eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo” (Lv 19.2). Justamente o capítulo 19 do Levítico contém várias normas de índole mais social, nas quais se ressaltam a do amor ao próximo e a da rejeição da vingança. Ora, pois, a insistência na primazia da santidade de Deus indica que, para o Levítico, o verdadeiro fundamento do amor ao próximo é o amor de Deus. Não o diz tão explicitamente como Jesus no evangelho, mas é evidente que a presença do Deus Santo em meio ao povo é o que motiva o procedimento fraterno entre seus membros. Observemos também que este mandamento do amor ao próximo se estende e se entende exclusivamente em relação aos membros do povo, aos compatriotas, pois próximo é, aqui, fundamentalmente, o israelita, mesmo que se dilate, a modo de exceção, aos estrangeiros residentes em Israel (cf. Lv 19.34).
Quanto à relação entre estes dois mandamentos, é fundamental definir que alcance tem a expressão “parecido” ou “comparável”. Fora deste versículo, Mateus utiliza este termo no início das parábolas para expressar com que se pode comparar o Reino de Deus (cf. Mt 11.16; 13.31,33,44,45,47,52; 20.1). Poderíamos compreendê-lo, pois, no sentido de que o segundo mandamento é comparável ao primeiro, ainda que não idêntico. Portanto, ambos os mandamentos têm uma estreitíssima relação, mas se mantém ainda uma diferença de ordem, visto que um é o primeiro e o outro, o segundo, como claramente o diz o texto.
Jesus termina afirmando que “Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos”. Todos os demais mandamentos estão conectados com o amor a Deus e ao próximo, e se ordenam a eles.
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje o evangelho nos traz o ensinamento de Jesus sobre o “mandamento maior”, com tudo o que ele supõe: “O amor une perfeitamente todas as coisas” (Cl 3.14) e “amar é obedecer a toda a lei” (Rm 13.10). Mais ainda, como também diz São Paulo, se não houver amor, caridade, minhas obras, mesmo as mais extraordinárias, nada valem (cf. 1Cor 13.1-3). Portanto, é justo e necessário um permanente exame de amor e sobre o amor em nossas vidas.
É verdade que nos deparamos com uma primeira dificuldade: o amor, como todas as coisas sublimes e profundas, não é nada fácil de definir; e mais ainda, quando se trata de amar a Deus.
A este respeito, diz o Papa Bento XVI, no nº 17 da encíclica “Deus é amor”: “Ele amou-nos primeiro, e continua a ser o primeiro a amar-nos; por isso, também nós podemos responder com o amor. Deus não nos ordena um sentimento que não possamos suscitar em nós próprios. Ele ama-nos, faz-nos ver e experimentar o seu amor, e desta ‘antecipação’ de Deus pode, como resposta, despontar também em nós o amor.
“No desenrolar deste encontro, revela-se com clareza que o amor não é apenas um sentimento. Os sentimentos vão e vêm. O sentimento pode ser uma maravilhosa centelha inicial, mas não é a totalidade do amor. Ao início, falámos do processo das purificações e amadurecimentos, pelos quais o eros se torna plenamente ele mesmo, se torna amor no significado cabal da palavra. É próprio da maturidade do amor abranger todas as potencialidades do homem e incluir, por assim dizer, o homem na sua totalidade. O encontro com as manifestações visíveis do amor de Deus pode suscitar em nós o sentimento da alegria, que nasce da experiência de ser amados. Tal encontro, porém, chama em causa também a nossa vontade e o nosso intelecto. O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no ato globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente em caminho: o amor nunca está ‘concluído’ e completado; transforma-se ao longo da vida, amadurece e, por isso mesmo, permanece fiel a si próprio. […] “Querer a mesma coisa e rejeitar a mesma coisa” é, segundo os antigos, o autêntico conteúdo do amor: um tornar-se semelhante ao outro, que leva à união do querer e do pensar. A história do amor entre Deus e o homem consiste precisamente no fato de que esta comunhão de vontade cresce em comunhão de pensamento e de sentimento e, assim, o nosso querer e a vontade de Deus coincidem cada vez mais: a vontade de Deus deixa de ser para mim uma vontade estranha que me impõem de fora os mandamentos, mas é a minha própria vontade, baseada na experiência de que realmente Deus é mais íntimo a mim mesmo de quanto o seja eu próprio. Cresce então o abandono em Deus, e Deus torna-Se a nossa alegria (cf. Sal 73/72, 23-28).
E sobre o amor ao próximo, diz-nos o Papa Francisco: “As obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do Espírito: ‘O elemento principal da Nova Lei é a graça do Espírito Santo, que se manifesta através da fé que opera pelo amor’. Por isso afirma que, relativamente ao agir exterior, a misericórdia é a maior de todas as virtudes: ‘Em si mesma, a misericórdia é a maior das virtudes; na realidade, compete-lhe debruçar-se sobre os outros e – o que mais conta – remediar as misérias alheias. Ora, isto é tarefa especialmente de quem é superior; é por isso que se diz que é próprio de Deus usar de misericórdia e é, sobretudo nisto, que se manifesta a sua omnipotência’ ”(EG 37).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
De que maneira experimentei o amor de Deus em minha vida? Amar a Deus me levou a amar meu próximo? Sinto que amo a Deus quando amo meu próximo?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Ajuda-nos a descobrir
a gratuidade de teu amor.
Entrega generosa,
dom de vida que se doa.
Tu nos mostras o caminho
que conduz à prática do bem;
faze de nós instrumento
de teu amor para todos.
Dá-nos teu Espírito, Jesus,
para reconhecer tua presença,
para agradecer tua companhia,
para aprender a viver na bondade.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, ajuda-me a demonstrar teu amor diante dos que mais necessitam ser amados”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Em minha oração diária, agradecerei a Deus pelo amor que me tem e dedicarei um momento de especial oração, pedindo por diferentes pessoas que são meu próximo e a quem me custa amar.
“Quando o amor de Deus obtém a vontade da alma,
produz nela um insaciável desejo de trabalhar pelo Amado”.
São João Crisóstomo