Prosseguir o caminho – Lucas 13,31-35
30 de outubro de 2014Santos e santas de Deus, rogai por nós e inspirai-nos! (Mt 5,1-12a)
1 de novembro de 2014Leitura: Lucas 14,1-6
Certo sábado, ele entrou na casa de um dos chefes dos fariseus para tomar uma refeição, e eles o espiavam. Eis que um hidrópico estava ali, diante dele. Tomando a palavra, Jesus disse aos legistas e os fariseus: “É lícito ou não curar no sábado?” Eles, porém, ficaram calados. Tomou-o então, curou-o e despediu-o. Depois perguntou-lhes: “Qual de vós, se seu filho ou seu boi cai num poço, não o retira imediatamente em dia de sábado?” Diante disso, nada lhe puderam replicar.
O senhor do sábado
A lei do sábado está contida no decálogo anunciado por Moisés. Em Deuteronômio 5,12-15 está escrito: “Guardarás o dia de sábado para santificá-lo, conforme ordenou Iahweh teu Deus. Trabalharás durante seis dias e farás toda a tua obra; o sétimo dia, porém, é o sábado de Iahweh teu Deus. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu escravo, nem tua escrava, nem teu boi, nem teu jumento, nem qualquer dos teus animais, nem o estrangeiro que está em tuas portas. Deste modo o teu escravo e a tua escrava poderão repousar como tu. Recorda que foste escravo na terra do Egito, e que Iahweh teu Deus te fez sair de lá com mão forte e braço estendido. É por isso que Iahweh teu Deus te ordenou guardar o dia de sábado”. Em Êxodo 20,11, por sua vez, aparece outra explicação para a santificação do sábado: “Porque em seis dias Iahweh fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm, mas repousou no sétimo dia; por isso Iahweh abençoou o dia do sábado e o consagrou”.
A partir dessas duas passagens, depreende-se que o sábado deveria ser consagrado à memória do Senhor, de modo que Deus torna-se o senhor do sábado. Jesus, porém, trabalha no dia de sábado e transgride a rigidez dessa celebração. Por que ele faz isso? Encontramos dois possíveis motivos.
Primeiro, somente Deus, como senhor do sábado, poderia ajustá-lo em seu favor. Uma cena é particularmente muito significativa no evangelho de hoje. Jesus questiona a licitude do trabalho em dia de sábado e os fariseus e legistas não o conseguem responder. Se por um lado o questionamento de Jesus já nos sugere sua intenção de intervir no sábado, por outro o silêncio dos demais traduz a impotência deles diante de uma mudança nas práticas desse dia. Dessa forma, Jesus, impondo-se como senhor do sábado, afirma-nos sua divindade.
Segundo, ainda que a memória do sábado deva ser guardada, em louvor ao Deus criador e libertador, Jesus não nos deixa esquecer de que o amor é o principal mandamento. Sensibilizado com o sofrimento do hidrópico, Jesus não adia a possibilidade de recuperá-lo. Portanto, na sensibilidade e na prontidão para a caridade, dando-nos exemplo de uma vida voltada para o mandamento maior, Jesus afirma-nos sua perfeita humanidade.
Desse modo, ao questionar o sábado, Jesus revela-nos ao mesmo tempo sua divindade e sua profunda humanidade. Possamos adorá-lo, então, na sua vitória sobre a morte e na sua vida dedicada ao amor. Lembrando-nos do sentido do sábado, peçamos que Jesus seja o senhor de todos os nossos dias.
Marcelo H. Camargos – estudante de medicina na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei.