Servir sob a luz do Espírito Santo (Mt 6,19-23)
22 de junho de 2018Não julgueis
25 de junho de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e coloca-me em sintonia contigo.
Vem, Espírito Santo, para que, em comunidade, possamos seguir Jesus.
Vem, Espírito Santo, e faze com que este encontro com a Boa Notícia nos mova e impulsione à missão.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 1.57-66,80
O nascimento de João Batista
57Chegou o tempo de Isabel ter a criança, e ela deu à luz um menino. 58Os vizinhos e parentes ouviram falar da grande bondade do Senhor para com Isabel, e todos ficaram alegres com ela. 59Quando o menino estava com oito dias, vieram circuncidá-lo e queriam lhe dar o nome do pai, isto é, Zacarias. 60Mas a sua mãe disse:
— Não. O nome dele vai ser João.
61Então disseram:
— Mas você não tem nenhum parente com esse nome!
62Aí fizeram sinais ao pai, perguntando que nome ele queria pôr no menino. 63Zacarias pediu uma tabuinha de escrever e escreveu: “O nome dele é João.” E todos ficaram muito admirados. 64Nesse momento Zacarias pôde falar novamente e começou a louvar a Deus. 65Os vizinhos ficaram com muito medo, e as notícias dessas coisas se espalharam por toda a região montanhosa da Judeia. 66Todos os que ouviam essas coisas e pensavam nelas perguntavam:
— O que será que esse menino vai ser?
Pois, de fato, o poder do Senhor estava com ele.
80O menino cresceu e ficou forte de espírito. E viveu no deserto até o dia em que apareceu diante do povo de Israel.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Quem são Zacarias e Isabel, e quem é seu filho que acaba de nascer?
- · Por que este nascimento é fruto da misericórdia de Deus?
- · Que nome queriam dar ao menino e qual é dado e por quê?
- · Por que Zacarias tinha ficado mudo (cf. Lc 1.12-20)?
- · Qual será a missão de João Batista no futuro?
- · Como se preparou para esta missão?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini[1]
É importante lembrar que o evangelho de são Lucas começa narrando a concepção de João Batista e, para isso, apresenta primeiramente seus pais: “…havia um sacerdote chamado Zacarias, que era do grupo dos sacerdotes de Abias. A esposa dele se chamava Isabel e também era de uma família de sacerdotes. Esse casal vivia a vida que para Deus é correta, obedecendo fielmente a todas as leis e mandamentos do Senhor. Mas não tinham filhos porque Isabel não podia ter filhos e porque os dois já eram muito velhos” (Lc 1.5-7). Fica evidente que Deus interveio especialmente neste nascimento, que é a realização do que foi anunciado pelo anjo: “Mas o anjo lhe disse: ‘Não tenha medo, Zacarias, pois Deus ouviu a sua oração! A sua esposa vai ter um filho, e você porá nele o nome de João. O nascimento dele vai trazer alegria e felicidade para você e para muita gente” (Lc 1.13-14). Com tudo isso se quer indicar que este nascimento faz parte do plano de Deus sobre o mundo.
Isabel, anciã e estéril, dá à luz um filho, e este fato é celebrado como uma obra “da grande misericórdia de Deus” em clima de alegria e de júbilo.
Em seguida, desenvolve-se a surpresa em relação ao nome do menino: João. Naqueles tempos, a imposição do nome era um direito do pai; por isso, a intervenção de Zacarias põe fim a toda a discussão sobre o assunto. O nome de João tem valor simbólico, pois significa: Deus é clemente, ou Deus mostra sua graça. Este nome, dado por inspiração divina, indica que sua missão será anunciar um tempo de graça da parte de Deus: o tempo da vinda do Messias.
O texto termina mostrando que esta missão se manifestará em seu devido tempo, pois se respeita o processo natural do crescimento humano de João Batista. Enquanto isso, João Batista retira-se para o deserto a fim de preparar-se para sua missão, pois os grandes profetas e líderes se prepararam na solidão, onde ressoa mais a Palavra do Senhor.
No contexto do evangelho, o importante é que “em torno de João e, em seguida, com Jesus, a salvação volta a tornar-se atual, e a palavra de Deus se faz ouvir de novo. No entanto, este cumprimento não acontece imediatamente: é preciso contar com o tempo. Os meses de gestação de Isabel são sinal disto. A Bíblia conta, portanto, com um amadurecimento natural do milagre” (F. Bovon).
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje existe um consenso geral em reconhecer que estamos vivendo uma etapa de transição no mundo. Não somente uma época de mudanças, mas também uma mudança de época. Há um jeito de sentir, de viver e de expressar-se que está desaparecendo, enquanto dá lugar a um novo modo que está surgindo.
Esta nova situação requer, sem sombra de dúvidas, profetas de transição, que preparem o caminho do Senhor nesta cultura que está em plena gestação e diante da qual ainda não acabemos de ver o que dará à luz. E esta foi justamente a missão de João Batista: ser um profeta de transição. Recebeu o encargo de preparar o caminho do Senhor que vem e, portanto, chegado o grande momento, foi necessário que ele diminuísse para que Cristo crescesse (cf. Jo 3.30). Com suprema humildade, deixou que o verdadeiro Salvador dos homens ocupasse seu lugar.
Também hoje João Batista exerce sua missão profética na Igreja ajudando-nos a passar do antigo ao novo, e ensinando-nos, em resumo, que Deus surpreende, mas não improvisa.
Nesta encruzilhada histórica, e segundo as pegadas de João Batista, é evidente que nossa tarefa é semear mais do que colher. É preciso colocar-se em estado de missão, de semeadura, em um campo a um tempo já semeado e ainda por semear, o que exige, por sua vez, continuidade e novidade, ser apóstolos da transição, como foi João Batista.
Um exemplo claro disto é a proposta para a pastoral de juventude feita pelo Papa Francisco, em diálogo com os jesuítas durante sua viagem apostólica à Colômbia: “Colocá-los em movimento, em ação. Hoje, a pastoral de juventude de pequenos grupos e de pura reflexão já não funciona. A pastoral de jovens parados não anda. É preciso colocar o jovem em movimento: seja ou não praticante, é preciso colocá-lo em movimento. Se for um jovem que acredita, será mais fácil conduzi-lo; se não, é preciso deixar que a própria vida o vá interpelando, mas estando em movimento e acompanhado; sem impor-lhe coisas, mas acompanhando-o… em voluntariados, em trabalhos com anciãos, em trabalhos de alfabetização,…m em todos os modos que são afins aos jovens. Se nós colocamos o jovem em movimento, situamo-lo em uma dinâmica em que o Senhor começa a falar-lhe e a mover-lhe o coração. Não seremos nós os que vamos mover-lhe o coração com nossos argumentos; no máximo, ajudá-lo-emos, com a mente, quando o coração se mover”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Na pastoral, falo de mim mesmo ou da ação do Senhor em minha vida?
- · Procuro fazer com que as pessoas se liguem a mim ou ao Senhor?
- · Em que medida e em que situações percebo que estamos em uma época de transição?
- · Consigo discernir entre o essencial de minha fé, que não passa, e o acidental, que passa?
- · Na pastoral, crio processos na direção que o Senhor me aponta, mesmo que não possa controlar onde e quando acabem, ou crio acontecimentos fechados em si mesmos?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por te antecipares na pessoa e na mensagem de João Batista.
Que eu possa discernir sempre o essencial do efêmero.
Que sempre esteja em primeiro lugar teu agir, que surpreende.
Dá-me a coragem para evitar falar de mim e concede-me a força para falar de ti.
Jesus, queremos ser teus profetas, anunciar-te.
Nesta época de transição, queremos, contigo,
passar do mais antigo à novidade que somente tu nos trazes.
Dá-nos a alegria que é duradoura,
o impulso que nos leva a ser pessoas que acreditam
e a estar sempre em movimento.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que eu esteja consciente da missão de profeta que me confias”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Procuro anunciar Jesus em um lugar que implique sair do que me é conhecido, que me leve a colocar-me em movimento.
“O Batista não cede à tentação fácil de desempenhar papel de destaque, mas, com humildade, humilha-se a si mesmo para enaltecer Jesus. Seja como ele”.
São João Paulo II
[1] Pe. Damián Nannini: sacerdote da Arquidiocese do Rosário (Argentina); Licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma; Diretor da Escola Bíblia do CEBITEPAL – CELAM.