“Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo.”
30 de setembro de 2017Os anjos deles estão sempre na presença do meu Pai que está no Céu. Mt 18, 1-5.10
2 de outubro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Escuta-nos, Espírito Santo,
Tu que és nosso amigo.
Tu que está sempre perto de nós,
enche nossos corações com teu amor.
Agradecemos-te, ó Pai, porque
quando Jesus voltou para ti,
enviaste-nos o Espírito Santo
para que ocupasse seu lugar.
Mesmo que o não possamos ver,
sabemos que está agindo no mundo,
em tudo o que é bom e santo,
e em nossas vidas para que cumpramos tua vontade.
Envia-nos o Espírito Santo, te pedimos,
para que modele nossas vidas
e nos guie sempre.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 21.28-32
Os dois filhos
28Jesus continuou:
— E o que é que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi falar com o mais velho e disse: “Filho, hoje você vai trabalhar na minha plantação de uvas.”
29 — Ele respondeu: “Eu não quero ir.” Mas depois mudou de ideia e foi.
30 — O pai foi e deu ao outro filho a mesma ordem. E este disse: “Sim, senhor.” Mas depois não foi.
31 — Qual deles fez o que o pai queria? — perguntou Jesus.
E eles responderam:
— O filho mais velho.
Então Jesus disse a eles:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: os cobradores de impostos e as prostitutas estão entrando no Reino de Deus antes de vocês. 32Pois João Batista veio para mostrar a vocês o caminho certo, e vocês não creram nele; mas os cobradores de impostos e as prostitutas creram. Porém, mesmo tendo visto isso, vocês não se arrependeram e não creram nele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que pede aos seus dois filhos o pai da parábola? Como responde cada um dos filhos? Qual dos dois fez a vontade do pai? O que simboliza uma plantação de uvas na Bíblia? De acordo com Jesus, quem entrará primeiro no Reino dos Céus? Que não mudou de atitude mesmo tendo visto e escutado João Batista?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
Comecemos pelo contexto do Evangelho deste domingo: Jesus encontra-se a ensinar no templo e dele se aproximam os sumos sacerdotes e os anciãos para perguntar-lhe com que autoridade faz isto (cf. Mt 21,23). Então Jesus lhes responde perguntando a opinião deles sobre a origem do batismo de João Batista. Os dirigentes judeus esquivam-se da resposta, perante o que Jesus lhes conta a parábola que lemos neste domingo.
Em primeiro lugar, observemos que Jesus começa e termina o relato com uma pergunta a que seus ouvintes devem responder e, deste modo, ficam envolvidos no relato. Segue-se a parábola onde as personagens são um pai (“certo homem”, diz o texto), dono de uma plantação de uvas, e seus dois filhos. A ação começa com a ordem do pai ao primeiro de seus filhos para que vá hoje trabalhar na plantação de uvas. A imagem da plantação de uvas nos remete a Israel como povo eleito para concretizar o Reino de Deus. A resposta imediata do primeiro filho foi um não redondo e seco: “Eu não quero ir!” Contudo, em seguida, reflete e decide ir trabalhar na plantação de uvas.
O pai da parábola diz o mesmo a seu segundo filho e recebe deste uma imediata resposta positiva e com uma formulação muito respeitosa, chamando-o “senhor”. No entanto, fica somente nas palavras e não passa aos fatos: “Mas depois não foi”. Diante desta breve história, Jesus pergunta a seus ouvintes sobre qual dos dois filhos cumpriu a vontade do pai. Só resta uma resposta correta: “o primeiro”. Então, Jesus volta-se novamente para seus adversários e aplica-lhes diretamente a parábola: os cobradores de impostos e as prostitutas são dois grupos de ínfima categoria no sistema de valores religiosos e éticos, desqualificados no campo religioso e moral, aos quais Jesus se dedicou especialmente. Eles estarão à frente dos dirigentes de Israel no caminho rumo ao Reino de Deus.
O último versículo remete à discussão anterior sobre o batismo de João. A expressão “Pois João Batista veio para mostrar a vocês o caminho certo” indica a vontade de Deus comunicada por João e que deveria ser acreditada e realizada pelos sumos sacerdotes e anciãos; entretanto, não aconteceu assim. Jesus repreende-os, além disso, o fato de que, enquanto os publicanos e a prostitutas acreditaram em João Batista, eles, vendo isto, não ponderaram posteriormente para acreditar nele.
A mensagem da parábola, portanto, é uma vigorosa reprimenda aos dirigentes judeus por sua persistente incredulidade. A partir da perspectiva do Reino de Deus, o status religioso dentro de Israel se inverte: os pecadores arrependidos que acreditaram, irão primeiro. Observamos que não se trata aqui de contrapor os pagãos aos israelitas; e esta é uma nuança diferente em comparação com as duas parábolas que se seguem, pois os dois filhos simbolizam integrantes do povo de Israel. A diferença está em sua aceitação ou não da missão de João Batista como enviado por Deus a fim de preparar o caminho para Jesus.
O que o Senhor me diz no texto?
Este Evangelho transmite-nos dois ensinamentos. Em primeiro lugar, que uma conversão, mesmo que seja tardia, agrada ao Pai muito mais do que a atitude de quem pensa que não tem necessidade alguma de conversão, como é o caso de escribas e fariseus. Recordemos que Jesus já havia dito: “Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons” (Mt 9.12). E em segundo lugar, que o que vale são os fatos, as ações, e não as meras palavras ou declamações: o fazer, e não o simples dizer. Recordemos aqui outras palavras de Jesus: “Não é toda pessoa que me chama de ‘Senhor, Senhor’ que entrará no Reino dos Céus” (Mt 7.21).
O Evangelho de hoje apresenta-se a “reversibilidade” de nossas opções fundamentais, para o bem ou para o mal. Hoje falamos do risco de nossa liberdade. De fato, “a pregação de Jesus provoca em cada um uma decisão da qual depende sua própria sorte no julgamento de Deus, um julgamento que não devemos esperar somente para o final dos tempos, mas que já está atuando na história, momento a momento: quem acolhe o Evangelho, caminho pela via da salvação; quem o rejeita de maneira obstinada, encaminha-se para a perdição”.
Isto vale para nós, em primeiro lugar, mas também em relação aos outros, aos quais não cabe pressa em condenar, como nos sugere magistralmente Santo Agostinho: “A terra está cheia de juízos temerários. Com efeito, aquele de quem desesperávamos, no momento menos pensado, subitamente se converte e chega a ser o melhor de todos. Aquele em quem tanto havíamos confiado, no momento menos pensado, cai subitamente e se converte no pior de todos. Nem nosso temor é constante, nem nosso amor indefectível.”
Portanto, uma consciência clara e corajosa de nossa fragilidade, que outra coisa não é senão a humildade, seria a primeira graça a pedir diante da meditação da Palavra de Deus de hoje. Junto a isto, pedir também o ser coerentes com nossa fé, que nossas obras concordem com nossas palavras, pois como dizia Santo Inácio de Antioquia: “É melhor ser cristão sem dizê-lo do que dizê-lo sem o ser”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Lembro-me de alguma outra citação do evangelho de Mateus onde Jesus ensina a mesma coisa que ensina nesta parábola? Com qual dos dois filhos da parábola me sinto identificado? Creio, de coração, que sempre posso voltar para Deus porque ele continua a esperar-me como um Pai espera seu filho querido? Costumo condenar ou etiquetar os demais, sem dar-lhes esperança de conversão?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Pai, te damos graças
por nos teres comunicado a Palavra de vida eterna
e nos teres dado teu Filho como irmão.
Ele nos expressa o amor que nos tens,
dando-lhe carne em sua própria vida e na nossa.
Nós, cristãos, somos enviados
a dar continuidade, em nossa própria vida,
à vida de Cristo.
Não é o momento de sermos nem mudos nem tíbios,
porque o mundo necessita de homens e mulheres
capazes de pronunciar sinceramente teu nome
e de dar testemunho de teu Filho.
Suplicamos-te, Pai,
que protejas e renoves nossa vocação,
para que sejamos testemunhas atraentes
de teu Reino,
agora e por toda a eternidade.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, crer é dizer sim e percorrer o caminho contigo”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Cada dia, em minha oração, digo sim ao Senhor que me chamou e pondero em que circunstâncias não agi coerentemente.
“Deus não ordena coisas impossíveis, mas ao ordenar, te ensina a fazeres quanto podes
e a pedires o que não podes.”
Santo Agostinho