Prepare-se! (Mt 25,1-13)
31 de agosto de 2018“Cale a boca e saia deste homem!”
4 de setembro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, move-me a escutar a Palavra.
Espírito Santo, toca-me para que possa viver a Boa Nova.
Espírito Santo, renova-me para que neste mês da Bíblia,
me encontre com Jesus presente no Evangelho e nos irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 7,1-8.14-15.21-23
Jesus e a tradição dos judeus
Mateus 15.1-9
1Alguns fariseus e alguns mestres da Lei que tinham vindo de Jerusalém reuniram-se em volta de Jesus. 2Eles viram que alguns dos discípulos dele estavam comendo com mãos impuras, quer dizer, não tinham lavado as mãos como os fariseus mandavam o povo fazer.
3(Os judeus, e especialmente os fariseus, seguem os ensinamentos que receberam dos antigos: eles só comem depois de lavar as mãos com bastante cuidado. 4E, antes de comer, lavam tudo o que vem do mercado. Seguem ainda muitos outros costumes, como a maneira certa de lavar copos, jarros, vasilhas de metal e camas.)
5Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram a Jesus:
— Por que é que os seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as mãos?
6Jesus respondeu:
— Hipócritas! Como Isaías estava certo quando falou a respeito de vocês! Ele escreveu assim:
“Deus disse:
Este povo com a sua boca diz
que me respeita,
mas na verdade o seu coração
está longe de mim.
7 A adoração deste povo é inútil,
pois eles ensinam leis humanas
como se fossem mandamentos de Deus.”
8E continuou:
— Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem a ensinamentos humanos.
Jesus fala sobre a impureza
Mateus 15.10-20
14Jesus chamou outra vez a multidão e disse:
— Escutem todos o que eu vou dizer e entendam! 15Tudo o que vem de fora e entra numa pessoa não faz com que ela fique impura, mas o que sai de dentro, isto é, do coração da pessoa, é que faz com que ela fique impura. 21Porque é de dentro, do coração, que vêm os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, 22os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas consequências. 23Tudo isso vem de dentro e faz com que as pessoas fiquem impuras.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Quem são as pessoas que se reúnem com Jesus e que atitude dos discípulos lhes chama a atenção?
2. Que costume têm os judeus quanto à lavação das mãos e à purificação dos alimentos?
3. O que os fariseus perguntam a Jesus e o que Jesus lhes responde? Quem ele cita?
4. Que ensinamento Jesus dá a respeito do impuro e do puro na vida da pessoa?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
O texto começa sem dar-nos uma indicação geográfica, razão por que podemos pressupor que Jesus continua em Genesaré, onde estava na cena anterior (cf. Mc 6.53). Estando ali, dele se acercam alguns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e observam que os discípulos comem o pão “com mãos impuras”, ou seja, sem lavá-las. Em seguida, o evangelista, segundo seu trabalho de narrador, brinda seus leitores – não familiarizados com os costumes judeus – com uma série de indicações e exemplos para entender a narrativa. De todas estas indicações, concentremo-nos em duas que são as mais necessárias para a compreensão do texto.
Em primeiro lugar, que os fariseus eram rígidos observantes das leis e das tradições como lavar-se antes das refeições (Mc 7.3), dízimos, jejuns às segundas-feiras e às quintas-feiras (cf. Lc 18.12), orações e ritos. Ainda mais, lutavam para impor estas tradições ou costumes a todo o povo de Israel. Dentro do grupo dos fariseus, eram influentes os membros escribas, os que interpretavam a Escritura à luz das tradições dos antepassados, adaptando as normas à vida prática. Eram também chamados de doutores da lei, sábios ou mestres (rabis) e costumavam ser honrados pelo povo e receber os lugares de honra na sinagoga (cf. Mc 12.38-39).
Os fariseus e, de modo particular, os escribas deste grupo, desde o começo do ministério de Jesus têm uma atitude hostil para com ele e seus discípulos. Questionam Jesus e seus discípulos, por exemplo, pelo fato de Jesus comer com os pecadores (Mc 2.16); em razão de os discípulos não jejuarem (Mc 2.18) e ao ver que colhiam espigas no sábado (Mc 2.24). A oposição chegou a tal ponto, que começaram a fazer planos com os herodianos para matar Jesus (Mc 3.6).
Em segundo lugar, observamos que o sentido destes “usos e costumes” dos fariseus e dos judeus em geral vai além de simples normas de higiene, como o lavar-se as mãos ou os talhares antes de comer: trata-se de uma questão religioso-cultual; por isso se fala de impureza e não de sujeira. De fato, Israel é um povo separado/santo e consagrado a Deus; por esta razão, todos os aspectos de sua vida devem refletir esta separação/santidade ou pureza (cf. Lv 19.2; 22.31-33). Daí a necessidade da distinção entre o puro e o impuro; entre o que se pode oferecer a Deus (puro) e o que não se pode oferecer por estar manchado (impuro), sejam pessoas, animais, comidas ou objetos. Além dos alimentos, também as pessoas e os utensílios para comer devem estar puros, ou purificados, se tivessem estado em contato com os pagãos.
Depois destes esclarecimentos, poderemos entender melhor o questionamento que fazem escribas e fariseus a Jesus por causa da conduta de seus discípulos: “Por que é que os seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as mãos?” (Mc 7.5).
A resposta de Jesus tem certa dureza e está em harmonia com a linguagem dos profetas. De fato, aplica aos fariseus uma frase do profeta Isaías que condena a dualidade ou falta de integridade na conduta dos israelitas, contrapondo o exterior (os lábios) ao interior (o coração); o mandamento de Deus às tradições humanas.
Então se dirige agora às pessoas a fim de ensinar-lhes sua doutrina, para expor sua posição sobre esta questão. Concretamente, Jesus declara que a pureza é, antes de mais nada, uma questão moral e, portanto, depende do que o homem faz, do que brota de seu coração, entendido como a sede das decisões. Assim, a verdade impureza é a que brota do coração e se expressa em ações pecaminosas, das quais Jesus oferece uma lista como exemplo. A posição que Jesus deixa estabelecida no marco desta controvérsia com os judeus é que a santidade interior ou pureza de coração é a que realmente importa em relação a Deus, ao passo que a santidade exterior ou pureza ritual é relativa e não essencial.
O versículo final é uma conclusão, a modo de sentença, de todo o dito até então: “Tudo isso vem de dentro e faz com que as pessoas fiquem impuras”.
O que o Senhor me diz no texto?
No documento preparatório para o sínodo dos jovens, eles próprios manifestaram que “precisamos encontrar modelos atraentes, coerentes e autênticos”. E também: “Os jovens de hoje anseiam por uma Igreja que seja autêntica”.
Este anseio dos jovens coincide com o de Jesus, tal como nos mostra o evangelho de hoje. De fato, Jesus repreende em primeiro lugar os fariseus por não serem autênticos, mas hipócritas, porque o que dizem com os lábios não é o que têm no coração. Sua vivência da fé é puramente exterior, não aderem de coração ao Senhor. Somado a isso, acusa-os de haverem anulado os mandamentos de Deus para seguir as tradições dos antepassados. Ou seja, Jesus denuncia a atitude de antepor à Palavra de Deus outras normas ou práticas de origem humana, não divina e, com isso, findar por desvalorizar o mandamento de Deus. Trata-se de uma atitude enganosa e acomodatícia, não autêntica, pois eles terminam por falsificar a Palavra de Deus. E ninguém pode duvidar de que esta é uma tentação permanente dos fiéis e, por conseguinte, trata-se de algo sempre atual, porque muitas vezes nossa fé se detém nas palavras e não nos entregamos de coração ao Senhor; e outras tantas, damos prioridades a modas religiosas em detrimento das próprias palavras de Jesus nos Evangelhos.
Em segundo lugar, Jesus trata da grande questão sobre o que nos torna puros ou impuros, ou seja, sobre o que nos torna agradáveis ou desagradáveis a Deus; bons ou maus. Aqui Jesus declara a primazia do interior, do coração. Com efeito, o coração é a morada do pecado: daqui é que eles surgem, não de fora. Contudo, também é certo que o coração é o lugar da luta entre a Palavra de Deus e a tentação; portanto, é fundamental nossa decisão de seguir o Senhor, evitando o mal e fazendo o bem. Trata-se de viver a bem-aventurança dos puros de coração, em que Cristo proclama bem-aventurados os que não se contentam com a pureza exterior ou ritual, mas que buscam a absoluta retidão interior, que exclui toda mentira e toda falsidade. A este respeito, dizia o Papa Francisco: “Deste modo, Jesus salienta o primado da interioridade, ou seja, a supremacia do ‘coração’: não são as realidades externas que nos fazem santos ou não santos, mas é o coração que exprime as nossas intenções, as nossas opções e o desejo de fazer tudo por amor a Deus. As atitudes exteriores constituem a consequência daquilo que já decidimos no nosso coração, e não o contrário: com a atitude exterior, se o coração não muda, não somos cristãos autênticos” (Angelus, 30 de agosto de 2015).
Peçamos ao Senhor que todos os cristãos sejamos coerentes e autênticos em nossa fé. Que nossa adesão ao Senhor brote de nosso coração, chegue a nossos pensamentos e palavras; e se manifeste em nossos gestos e ações cotidianas.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. A que dou mais importância: à minha vida interior ou à aparência exterior?
2. O que conta mais para mim: que os outros digam que sou bom, ou sentir-me bom diante de Deus?
3. Realizo minhas boas obras aos olhos de Deus, ou buscando a aprovação dos demais?
4. Em minha vivência da liturgia, ponho minha maior atenção no interior ou nos ritos exteriores?
5. Como me sinto perante o olhar de Deus?
6. Como olho e avalio os outros? Importa-me mais como são em se coração ou como se vestem?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por me amares tal como sou.
Faze-me atento a cultivar minha vida interior.
Dá-me os meios, dou-te minha vida.
Que as aparências não me enganem.
Que deixe de lado a busca de aprovação
e busque sempre teu Evangelho.
Que sempre oculte tudo o que digo e faço por ti,
sem importar-te com o que dirão.
Que meus pensamentos, palavras e obras
manifestem o que fazes comigo e o que existe em meu coração.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, livra-me das aparências e dá-me um coração que te busque sempre com sinceridade.”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, compartilharei um momento de meu tempo com alguém que faz muito tempo não vejo.
“Cristo dirige ao coração humano um chamado: convida-o, não o acusa.
Vê no coração, no íntimo do homem”.
São João Paulo I