Ninguém jamais falou como este homem (Jo 7,40-53)
5 de abril de 2014Eu também não te condeno (Jo 8, 1-11)
7 de abril de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Entreguemo-nos ao Pai celestial para que implante em nós
seu enviado Jesus Cristo.
Demo-nos ao Espírito Santo para que nos possua e dirija,
e para que abra e disponha os corações dos ouvintes a acolher a divina Palavra.
Encomendemo-nos ao poder de intercessão da Santa Maria Virgem, dos anjos e dos santos, para alcançar estas graças.
São João Eudes
TEXTO BÍBLICO: João 11.1-45
A morte de Lázaro
1Um homem chamado Lázaro estava doente. Ele era do povoado de Betânia, onde Maria e a sua irmã Marta moravam. 2(Esta Maria era a mesma que pôs perfume nos pés do Senhor Jesus e os enxugou com os seus cabelos. Era o irmão dela, Lázaro, que estava doente.) 3As duas irmãs mandaram dizer a Jesus:
— Senhor, o seu querido amigo Lázaro está doente!
4Quando Jesus recebeu a notícia, disse:
— O resultado final dessa doença não será a morte de Lázaro. Isso está acontecendo para que Deus revele o seu poder glorioso; e assim, por causa dessa doença, a natureza divina do Filho de Deus será revelada.
5Jesus amava muito Marta, e a sua irmã, e também Lázaro. 6Porém quando soube que Lázaro estava doente, ainda ficou dois dias onde estava. 7Então disse aos seus discípulos:
— Vamos voltar para a Judéia.
8Mas eles disseram: — Mestre, faz tão pouco tempo que o povo de lá queria matá-lo a pedradas, e o senhor quer voltar?
9Jesus respondeu:
— Por acaso o dia não tem doze horas? Se alguém anda de dia não tropeça porque vê a luz deste mundo. 10Mas, se anda de noite, tropeça porque nele não existe luz.
11Jesus disse isso e depois continuou:
— O nosso amigo Lázaro está dormindo, mas eu vou lá acordá-lo.
12— Senhor, se ele está dormindo, isso quer dizer que vai ficar bom! — disseram eles.
Mas o que Jesus queria dizer era que Lázaro estava morto. Porém eles pensavam que ele estivesse falando do sono natural. 14Então Jesus disse claramente:
— Lázaro morreu, 15mas eu estou alegre por não ter estado lá com ele, pois assim vocês vão crer. Vamos até a casa dele.
16Então Tomé, chamado “o Gêmeo”, disse aos outros discípulos:
— Vamos nós também a fim de morrer com o Mestre!
Jesus é a ressurreição e a vida
17Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado. 18Betânia ficava a menos de três quilômetros de Jerusalém, 19e muitas pessoas tinham vindo visitar Marta e Maria para as consolarem por causa da morte do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi encontrar-se com ele. Porém Maria ficou sentada em casa. 21Então Marta disse a Jesus:
— Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido! 22Mas eu sei que, mesmo assim, Deus lhe dará tudo o que o senhor pedir a ele.
23 — O seu irmão vai ressuscitar! — disse Jesus.
24Marta respondeu: — Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia!
25Então Jesus afirmou:
— Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso?
27— Sim, senhor! — disse ela. — Eu creio que o senhor é o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo.
Jesus chora
28Depois de dizer isso, Marta foi, chamou Maria, a sua irmã, e lhe disse em particular:
— O Mestre chegou e está chamando você.
29Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi encontrar-se com Jesus. 30Pois ele não tinha chegado ao povoado, mas ainda estava no lugar onde Marta o havia encontrado. 31As pessoas que estavam na casa com Maria, consolando-a, viram que ela se levantou e saiu depressa. Então foram atrás dela, pois pensavam que ela ia ao túmulo para chorar ali.
32Maria chegou ao lugar onde Jesus estava e logo que o viu caiu aos pés dele e disse:
— Se o senhor tivesse estado aqui, o meu irmão não teria morrido!
33Jesus viu Maria chorando e viu as pessoas que estavam com ela chorando também. Então ficou muito comovido e aflito 34e perguntou:
— Onde foi que vocês o sepultaram?
— Venha ver, senhor! — responderam.
35Jesus chorou.
36Então as pessoas disseram:
— Vejam como ele amava Lázaro!
37Mas algumas delas disseram:
— Ele curou o cego. Será que não poderia ter feito alguma coisa para que Lázaro não morresse?
A ressurreição de Lázaro
38Jesus ficou outra vez muito comovido. Ele foi até o túmulo, que era uma gruta com uma pedra colocada na entrada, 39e ordenou:
— Tirem a pedra!
Marta, a irmã do morto, disse:
— Senhor, ele está cheirando mal, pois já faz quatro dias que foi sepultado!
40Jesus respondeu:
— Eu não lhe disse que, se você crer, você verá a revelação do poder glorioso de Deus?
41Então tiraram a pedra. Jesus olhou para o céu e disse:
— Pai, eu te agradeço porque me ouviste.
42Eu sei que sempre me ouves; mas eu estou dizendo isso por causa de toda esta gente que está aqui, para que eles creiam que tu me enviaste.
43Depois de dizer isso, gritou:
— Lázaro, venha para fora!
44E o morto saiu. Os seus pés e as suas mãos estavam enfaixados com tiras de pano, e o seu rosto estava enrolado com um pano. Então Jesus disse:
— Desenrolem as faixas e deixem que ele vá.
45Muitas pessoas que tinham ido visitar Maria viram o que Jesus tinha feito e creram nele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Maria e Marta, as irmãs de Lázaro, mandaram dizer ao Senhor que seu amigo estava doente. O que respondeu Jesus ao ouvir isso? Havia quantos dias Lázaro fora sepultado? Que respondeu Jesus a Marta quando ela lhe disse: “Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia!”? Que responde Jesus a Marta quando lhe diz que Lázaro já cheirava mal? Quando tiraram a pedra da tumba de Lázaro, Jesus, olhando para o céu, pronunciou uma oração; o que disse?
ü Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Vamos avançando no caminho da Quaresma e demos os passos que João propunha no domingo passado com o Evangelho da cura do cego de nascença, no capítulo 9. Hoje, a liturgia apresenta-nos a ressurreição de Lázaro.
O texto que a liturgia propõe é tirado do capítulo 11 do evangelho de João. Uma primeira parte é o diálogo de Jesus com seus discípulos quando lhe informam que Lázaro está doente, ainda longe de Betânia (vv. 3-16). Em seguida, há um primeiro diálogo entre Jesus e Marta (vv. 17-27). A terceira parte é o diálogo entre Jesus e Maria (vv. 28-37); finalmente, narra-se a ressurreição de Lázaro (vv. 38-44) e a reação de fé de muitos dos que estavam ali (v. 45).
Este capítulo apresenta o último sinal do Evangelho. O primeiro havia sido nas bodas de Caná, a transformação da água em vinho, onde Jesus havia mostrado sua glória e seus discípulos tinham acreditado nele (cf. Jo 2,11). Neste último, já próximos da cena que começará no capítulo 13, o evangelista apresenta um sinal que é justamente de morte e de vida, como antecipação simbólica do que será a Páscoa do próprio Jesus.
No primeiro diálogo com seus discípulos, Jesus já antecipa que esta enfermidade é para que se manifeste a glória de Deus (v. 4), para além do fato de que seus discípulos não entendem do que Jesus está falando. Esta incompreensão não impede que o caminho d Evangelho prossiga, e que a glória de Deus se mostre efetivamente.
Quando Jesus vai a Betânia, Mara sai ao seu encontro e, de algum modo, repreende Jesus: “Se o senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido!” (v. 21). Jesus, no entanto, condu-la da repreensão à fé: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso?” (vv. 25-26).
Maria, a irmã de Marta, faz a mesma censura a Jesus (v. 32). Ele comove-se e chora, mas este comover-se do Senhor é também para que a glória de Deus se manifeste. Por isso, dirige-se ao sepulcro. Quando ouve a advertência de Maria, de que Lázaro estava morto havia quatro dias, Jesus responde: “Eu não lhe disse que, se você crer, você verá a revelação do poder glorioso de Deus?”
Nas bodas de Caná, havia-se realizado o sinal, Jesus mostrou sua glória e seus discípulos creram nele (2.11). No caminho que João propõe a seus leitores, ao chega ao sétimo sinal no episódio de Lázaro, Jesus Quer que seus discípulos deem passos, e embora ainda não haja sinal, ele pede a fé: “Eu não lhe disse que, se você crer, você verá…?”
O caminho que o Evangelho nos propõe é um caminho de fé, que começa com ver os sinais, mas à medida que vai avançando, pede-se uma fé mais madura, que não está apoiada nos sinais, senão que Jesus declara felizes os que veem sem crer (cf. Jo 20.29).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” nos convida a refletir sobre a Ressurreição de Jesus (nº 276).
“A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual. É verdade que muitas vezes parece que Deus não existe: vemos injustiças, maldades, indiferenças e crueldades que não cedem. Mas também é certo que, no meio da obscuridade, sempre começa a desabrochar algo de novo que, mais cedo ou mais tarde, produz fruto. Num campo arrasado, volta a aparecer a vida, tenaz e invencível. Haverá muitas coisas más, mas o bem sempre tende a reaparecer e espalhar-se. Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história. Os valores tendem sempre a reaparecer sob novas formas, e na realidade o ser humano renasceu muitas vezes de situações que pareciam irreversíveis. Esta é a força da ressurreição, e cada evangelizador é um instrumento deste dinamismo”.[1]
Agora perguntemo-nos:
Acredito em Jesus ou me é custoso, como a Marta e a Maria? Quantas vezes Jesus me gritou: “Venha para fora, deixe as faixas para que você possa ver a glória de Deus”, mas me fiz de surdo? Estou disposto a sepultar o pecado, que exala mau cheiro, para ter vida no Senhor?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Digna-te, Senhor, vir ao meu túmulo e lavar-me com tuas lágrimas:
em meus olhos áridos, não as tenho suficientes para lavar minhas culpas (…)
Senhor, chama teu servo para que venha para fora:
apesar das faixas de meus pecados, que me oprimem,
com os pés enfaixados e de mãos atadas,
e mesmo que esteja sepultado em meus pensamentos e obras mortas,
ao teu grito, sairei livre e me converterei em um comensal de teu banquete.
Tua casa inundar-se-á de perfume se conservares o que te dignaste redimir.
(Santo Ambrósio, A penitência, II, 71)
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, Tu és a ressurreição e a vida.
Aumenta minha fé, para que possa participar delas.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Visitarei meus amigos ou familiares que se encontram enfermos, e os consolarei dizendo-lhes palavras de esperança, fazendo atos de bondade; assim lhes demonstrarei a alegria do Senhor.
“Terrível morte! No entanto, como é atraente a vida no outro mundo,
para a qual Deus nos chama!
São Francisco de Sales
[1] http://www.vatican.va/holy_father/francesco/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium_po.html