“A voz do Senhor é cheia de poder e majestade”
3 de fevereiro de 2019“Pois o Senhor dirige e abençoa a vida daqueles que lhe obedecem.”
17 de fevereiro de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, acompanha-me neste encontro com Jesus
que me fala em sua Palavra.
Espírito Santo, unge-me para que a alegria da Boa Notícia toque meu coração.
Espírito Santo, ajuda-me para que possa traduzir o evangelho em vida.
Espírito Santo, reúne-me com meus irmãos
para que, juntos, possamos sair a proclamar que Jesus está vivo.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 5.1-11
Jesus chama os seus primeiros discípulos
Mateus 4.18-22; Marcos 1.16-20
1Certo dia Jesus estava na praia do lago da Galileia, e a multidão se apertava em volta dele para ouvir a mensagem de Deus. 2Ele viu dois barcos no lago, perto da praia. Os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes. 3Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão.
4Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão:
— Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar.
5Simão respondeu:
— Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.
6Quando eles jogaram as redes na água, pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando. 7Então fizeram um sinal para os companheiros que estavam no outro barco a fim de que viessem ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos com tanto peixe, que os barcos quase afundaram. 8Quando Simão Pedro viu o que havia acontecido, ajoelhou-se diante de Jesus e disse:
— Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!
9Simão e os outros que estavam com ele ficaram admirados com a quantidade de peixes que haviam apanhado. 10Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão, também ficaram muito admirados. Então Jesus disse a Simão:
— Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente.
11Eles arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Onde e para que as pessoas se apertavam em volta de Jesus?
2. O que os pescadores estavam fazendo e o que faz Jesus?
3. O que Jesus ordena a Pedro e o que este lhe responde?
4. Como lhes foi a pesca e que têm de fazer os pescadores?
5. Como reagem Pedro e seus companheiros diante da pesca?
6. O que Jesus diz a Pedro?
7. O que faz Jesus?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Para além do fracasso de Jesus em sua primeira “aparição pública” em seu povoado de Nazaré (cf. Lc 4.21-30), o texto de hoje começa por informar-nos a respeito de uma multidão que o rodeia junto ao lago de Genesaré “para ouvir a mensagem de Deus”. Não é uma indicação secundária que na boca de Jesus se encontre a própria Palavra de Deus.
Ao verse apertado pela multidão, Jesus decide subir ao barco de Simão (Pedro), que estava com outros a limpar as redes. Afasta-se um pouco da margem e, deste “púlpito” improvisado, começa a ensinar às pessoas. Observemos o valor simbólico que implica que o Senhor utilize “o barco de Pedro”, ou seja, a Igreja, como cátedra para anunciar sua palavra.
Terminado o ensinamento, Jesus dirige-se agora a Simão, ordenando-lhe: “Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar”. Simão responde-lhe que trabalharam toda a noite e não conseguiram pegar nada, mas por sua palavra, lançará as redes. Como bem observa F. Bovon, primeiramente fala Simão, o pescador profissional, assegurando que não é momento de pesca, não existe pique; em seguida, fala Simão, o discípulo que confia na Palavra de seu mestre. Portanto, Simão e seus companheiros se encontram em uma situação de fracasso, de desalento por causa de uma noite de pesca malsucedida. Neste contexto, torna-se mais explícita a fé de Simão na Palavra de Jesus: “Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer”.
Os pescadores lançam mão à obra, e surpreende-os uma pesca superabundante, fruto do trabalho fundamentado na fé na Palavra de Jesus. Diante da grande quantidade de peixes pegos, precisam da ajuda dos outros para trazê-los para dentro dos barcos sem romper as redes. A reação de Simão Pedro não deixa de surpreender-nos: perante a manifestação do poder de Jesus, cai de joelhos e, reconhecendo sua condição de pecador, pede-lhe que se afaste dele. É que se sente impressionado em sua pequenez e limitação pessoal diante desta manifestação do poder de Deus.
Em seguida, o evangelista diz-nos que esta reação de Pedro se deveu também ao temor que se apoderou dele e dos demais diante da pesca superabundante. Trata-se, portanto, de um temor ou assombro religioso. Então o Senhor o convida a não temer e, além disso, visando ao futuro, chama-o a “pescar gente”. Embora o chamado pareça feito pessoalmente a Pedro, todos os que estavam na barca respondem deixando tudo e seguindo Jesus. Esta radicalidade no seguimento do Senhor é enfatizada por Lucas ao longo do caminho para Jerusalém (cf. 9.62; 12.33; 14.26-33).
Este relato tem como centro a metáfora da pesca, razão por que contém um convite à missão, à evangelização da parte de Jesus e na barca de Pedro, a Igreja. Ao mesmo tempo, ressalta-se que a fecundidade na missão vem da confiança na Palavra do Senhor e exige, ao mesmo tempo, uma radicalidade no seguimento do Senhor.
O que o Senhor me diz no texto?
Para nós, hoje, o evangelho ensina-nos qual é o segredo da fecundidade na missão da Igreja, que outro não é senão a presença e a palavra do Senhor Jesus. É ele e somente ele quem pode conceder uma “pesca abundante”, para além das experiências prévias e apesar de as aparências nos levarem a pensar que não há possibilidade de obter fruto.
Pedro obedeceu à palavra do Senhor, transcendendo sua própria visão da realidade. Então sua barca e a dos outros discípulos-pescadores se encheram de peixes. Esta foi, para Pedro, uma experiência reveladora: descobriu que seu mestre ou chefe era o próprio Senhor. Pedro conhece Jesus que se lhe revela como Filho de
Deus com poder; ao mesmo tempo, conhece e descobre a si mesmo como pecador, como indigno da graça de Deus. Então, e somente então, a Graça de Deus pode ser plenamente fecunda em Pedro, que já não poderá atribuir os frutos ou conquistas da missão a si mesmo, mas principalmente ao poder do Senhor. Depois desta peregrinação interior, Pedro já está capacitado para receber a vocação do apóstolo missionário, de pescador de gente.
Todos os autênticos apóstolos de Jesus Cristo tiveram de passar por esta “peregrinação interior” a fim de chegar a serem tais. Trata-se de “respeitar um princípio essencial da visão cristã da vida: a primazia da graça” da qual nos fala são João Paulo II para evitar “uma tentação que sempre insidia qualquer caminho espiritual e também a ação pastoral: pensar que os resultados dependem da nossa capacidade de agir e programar. É certo que Deus nos pede uma real colaboração com a sua graça, convidando-nos, por conseguinte a investir, no serviço pela causa do Reino, todos os nossos recursos de inteligência e de ação; mas ai de nós, se esquecermos que, ‘sem Cristo, nada podemos fazer’ (cf. Jo 15.5)”… Façamos, pois, a experiência dos discípulos no episódio evangélico da pesca milagrosa: “’Trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos’ (Lc 5.5). Esse é o momento da fé, da oração, do diálogo com Deus, para abrir o coração à onda da graça e deixar a palavra de Cristo passar por nós com toda a sua força: Duc in altum! Na pesca de então, foi Pedro que disse a palavra de fé: ‘À tua palavra, lançarei as redes’ (Lc 5.5)” (NMI nº 38).
Por fim, o caminho de Pedro, e de todo autêntico apóstolo, termina com as palavras do Senhor que afugentam o lógico temor e convidam à missão, a ser instrumentos seus no anúncio de sua salvação. A este respeito, dizia o Papa Francisco: “A resposta de Jesus a Simão Pedro é reconfortante e decisiva: ‘Não temas; doravante serás pescador de homens’ (v. 10). E de novo o pescador da Galileia, depositando a sua confiança nesta palavra, deixa tudo e segue aquele que se tornou o seu Mestre e Senhor. E assim agiram também Tiago e João, companheiros de trabalho de Simão. Esta é a lógica que orienta a missão de Jesus e a missão da Igreja: ir à procura, ‘pescar’ homens e mulheres, não para fazer proselitismo mas para restituir a todos a plena dignidade e liberdade, mediante o perdão dos pecados. Eis a essência do cristianismo: propagar o amor regenerante e gratuito de Deus, com atitude de acolhimento e de misericórdia para com todos, a fim de que cada um possa encontrar a ternura de Deus e receber a plenitude de vida” (Angelus, 7 de fevereiro de 2016).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Já experimentei alguma vez o fracasso em meu apostolado, o fazer muito esforço sem nada conseguir?
2. A experiência do fracasso me apagou o fervor missionário?
3. Confio na Palavra do Senhor quando me pede que continue missionando?
4. Já experimentei a manifestação do poder do Senhor em algum apostolado?
5. A quem atribuo as conquistas de meu apostolado, ao Senhor ou a mim mesmo?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua Palavra.
Obrigado pela barca de Pedro, a Igreja.
Livra-me de julgar que a missão depende somente de mim e de minhas forças.
Defende-me de pensar que as conquistas se programam.
Faze-me discípulo confiante e atento.
Se me pedes, lançarei as redes.
Serão rompidos os egoísmos, os favoritismos e o fazer por fazer.
Somente assim, em teu Nome, pescaremos juntos irmãos novos e apaixonados por teu Reino.
Contamos, Jesus, com tua Graça.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, em teu nome, lançarei as redes, sabendo que sempre me acompanhas”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me lançar as redes no ambiente virtual, partilhando este evangelho através do celular e de minhas redes sociais.
“Estender as redes sobre a Palavra de Jesus Cristo é não atribuir nada a si mesmo,
mas atribuir tudo a ele”.
Santo Antônio de Pádua