Parábola do Semeador (Lc 8, 4-15)
23 de setembro de 2017Evidenciar nossa Luz
25 de setembro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de Jesus, Espírito Santo de Deus,
força de vida nova, encoraja-nos,
dá-nos esperança,
constrói um coração novo em cada um,
para que façamos juntos a grande fraternidade
sonhada, vivida, oferecida pela entrega de Jesus
e confirmada pelo Pai na Ressurreição.
Vem a nós, para que aprendamos a ser comunidade,
para que mudemos de vida, para que sigamos Jesus.
Vem, Espírito, vem!
TEXTO BÍBLICO: Mt 20.1-16
Mt 19 30Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros.
Os trabalhadores da plantação de uvas
1Jesus disse:
— O Reino do Céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. 2Ele combinou com eles o salário de costume, isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua plantação. 3Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. 4Então disse: “Vão vocês também trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo.”
5 — E eles foram. Ao meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com outros trabalhadores. 6Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: “Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?”
7 — “É porque ninguém nos contratou!” — responderam eles.
— Então ele disse: “Vão vocês também trabalhar na minha plantação.”
8 — No fim do dia, ele disse ao administrador: “Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por último e terminando pelos primeiros.”
9 — Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. 10Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. 11Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, 12dizendo: “Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós aguentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!”
13 — Aí o dono disse a um deles: “Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? 14Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. 15Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?”
16E Jesus terminou, dizendo:
— Assim, aqueles que são os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Como é o Reino dos Céus? De que se tratava na história que Jesus contou? Como o dono da plantação de uvas contratou os trabalhadores? O que lhes parece injusto na hora do pagamento? Qual é a resposta de quem os contratou? Com que frase começa e termina o texto bíblico?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
Jesus conta uma história que ilustra o que é o Reino dos céus e na qual descreve uma situação deveria ser familiar a seus ouvintes. Com efeito, era comum, por aquela época, que os proprietários de fazendas contratassem na praça os operários por um dia ou jornal, de onde vem o nome jornaleiros. De acordo com o relato, um proprietário, de madrugada, combinou com os jornaleiros: uma moeda de prata por dia para que fossem trabalhar em sua plantação de uvas. Volta novamente à praça no meio da manhã (às nove horas) e contrata outro grupo. Contudo, não se especifica o montante do pagamento: apenas se lhes diz que receberão o que for justo. Ao que parece, até aqui esta atitude do proprietário não surpreenderia os ouvintes. O que chama a atenção é que ele volte a sair duas vezes mais: ao meio dia e no meio da tarde (às doze e às três horas), a fim de contratar mais trabalhadores. E muito mais estranha é sua última saída, ao cair da tarde (às cinco horas), quando quase já não há luz para continuar trabalhando. No entanto, o proprietário manda-os igualmente trabalhar em sua plantação.
Com nítida intenção de criar suspense narrativo, a parábola diz-nos que o proprietário mandou que se pagasse a diária começando pelos últimos e terminando pelos primeiros. Então os que trabalharam somente uma hora receberam o correspondente ao dia completo. Segundo a lógica humana da retribuição, era de se esperar que os primeiros a serem contratados e que trabalharam o dia inteiro recebessem, proporcionalmente, um salário maior. No entanto, recebem o que foi combinado: uma moeda de prata. Isto dá origem à murmuração e à queixa deles. O proprietário defende-se dizendo que não foi injusto em sentido absoluto, porquanto pagou o combinado; ao contrário, havia sido bondoso com os últimos. E justamente esta bondade é julgada desfavoravelmente. O texto grego fala literalmente de “olho mau” dos murmuradores que o qual olham esta atitude do proprietário. Em Mt 6,23, fala-se também deste “olho mau ou doente” que expressa, metaforicamente, a atitude de avareza ou de inveja.
Concluindo, esta parábola do Reino dos céus quer, em primeiro lugar, colocar em destaque a bondade de Deus. Ao mesmo tempo, porém, a parábola denuncia o erro da atitude dos fariseus que questionam Deus, tratando-o de injusto. Se o pagamento dos diaristas tivesse sido narrado a começar pelos primeiros, terminando com os últimos, destacar-se-ia unicamente a bondade e a generosidade do proprietário. Por outro lado, ao inverter a ordem da cobrança, fica evidente a murmuração ou o descontentamento dos israelitas diante da bondade de Deus que oferece também aos pagãos, aos não-judeus, a participação no Reino dos céus.
Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a murmuração origina-se ante a incompreensão do agir de Deus. Nesta parábola, é por seu excesso de bondade; em outros casos, devido à predileção de Jesus pelos pecadores, ante o que os escribas e fariseus murmuram (cf. Lc 5,30; 15,2; 19,7). Pode-se dizer que murmuração é a reação dos homens quando Deus age além e diferentemente das categorias e expectativas humanas. O contrário é a fé como escuta e obediência, aceitando confiantemente o que não vemos nem entendemos. No fundo, trata-se de “deixar Deus ser Deus”, atitude que se alcança com a adoração.
Não se deve interpretar esta parábola como a demonstrar a perda do sentido da justiça de Deus, mas sim para ressaltar a bondade e o direito de Deus de agir segundo sua vontade, sem ter que ser questionado, ainda mais tendo a clareza de que a bondade jamais erradica a justiça.
O que o Senhor me diz no texto?
Podemos meditar este evangelho em três direções:
Na primeira, admirar a bondade do Pai e seu amor por todos os homens. Somente Deus é Deus, o fim único de nossa fé, objeto de nosso amor e motivo de nossa esperança. E por isso, deve-se aceitar que seus caminhos não sejam tais como os imaginamos, pois ele age de modo divino e nós pensamos e calculamos à moda humana.
Na segunda, ter um olhar estreito diante do agir de Deus, reduzindo-o a meus critérios e pensamentos. Daí a necessidade da conversão, como mudança de mentalidade, de busca apaixonada de Deus para comungar com seu olhar, com seus valores. Ao alimentar as murmurações e esse tipo de pensamentos, corremos o risco de viver na avareza e na inveja.
“A inveja representa uma das formas da tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o batizado lutará contra ela, opondo-lhe a benevolência. Muitas vezes, a inveja nasce do orgulho; o batizado exercitar-se-á a viver na humildade:
«Quereríeis ver Deus glorificado por vós? Pois bem, alegrai-vos com os progressos do vosso irmão e, assim, imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado, dirão, pelo fato de o seu servo ter sabido vencer a inveja, pondo a sua alegria nos méritos dos outros» (São João Crisóstomo) (Catecismo da Igreja Católica, nº 2540).
E, finalmente, o convite a trabalhar para o Reino dos Céus.
Este compromisso apostólico do leigo foi reafirmado com força em Aparecida: “Hoje, toda a Igreja na América Latina e no Caribe querem colocar-se em estado de missão. A evangelização do Continente, dizia-nos o papa João Paulo II, não pode realizar-se hoje sem a colaboração dos fiéis leigos. Hão de ser parte ativa e criativa na elaboração e execução de projetos pastorais a favor da comunidade. Isso exige, da parte dos pastores, maior abertura de mentalidade para que entendam e acolham o ‘ser’ e o ‘fazer’ do leigo na Igreja, que por seu batismo e sua confirmação é discípulo e missionário de Jesus Cristo. Em outras palavras, é necessário que o leigo seja levado em consideração com espírito de comunhão e participação” (Documento de Aparecida nº 213).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Aceito Deus como o Deus bondoso e amoroso de minha vida e de toda a humanidade? Já questionei as decisões que Deus tomou em benefício de alguém? Estou decidido a trabalhar na vinha do Reino dos Céus sem me importar com o que nela eu encontre?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Tu nos envias. Ou melhor: Tu nos levas.
O chamado precede minha resposta.
Tu nos provês do necessário:
pitada de amor, carregada de energia;
misericórdia que muda tudo,
cada dia uma nova oportunidade.
Fazes-me saber que estou aqui para algo.
Sem forçares, dá um rumo à minha vida:
uma tímida missão para este mundo.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Dá-me tua bondade, Senhor, para poder oferecê-la sem nada em troca”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Cada dia, em minha oração pessoal, agradeço a Deus por convidar-me a trabalhar em seu reino e faço o esforço de vivê-lo em meio à misericórdia.
“Prestem atenção a seu modo de viver, queridíssimos irmãos,
e verifiquem se já são operários do Senhor.
Cada um examine o que faz e considere se trabalha na vinha do Senhor.”
São Gregório Magno