O bom vinhateiro
25 de outubro de 2014Lucas 13,10-17
27 de outubro de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
“Espírito Santo, és a alma de minha alma, adoro-te humildemente.
Ilumina-me, fortifica-me, guia-me, consola-me.
E na medida em que corresponder ao plano eterno, Deus Pai, revela-me teus desejos.
Dá-me conhecer o que o Amor eterno deseja de mim.
Dá-me conhecer o que devo realizar.
Dá-me conhecer o que devo sofrer.
Dá-me conhecer o que com silenciosa modéstia e em oração,
devo aceitar, carregar e suportar.
Sim, Espírito Santo, dá-me conhecer tua vontade e a vontade do Pai.
Pois durante toda a minha vida outra coisa não quero ser
Senão um contínuo e perpétuo Sim aos desejos e ao querer do eterno Deus Pai”.[1]
TEXTO BÍBLICO: Mateus 22.34-40
O mandamento mais importante
Marcos 12.28-34; Lucas 10.25-28
34Os fariseus se reuniram quando souberam que Jesus tinha feito os saduceus calarem a boca. 35E um deles, que era mestre da Lei, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, perguntou:
36— Mestre, qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei?
37Jesus respondeu:
— “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente.” 38Este é o maior mandamento e o mais importante. 39E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: “Ame os outros como você ama a você mesmo.” 40Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quem se reuniu ao saber que Jesus tinha feito os saduceus calarem a boca? Quem fez a primeira pergunta a Jesus? Que intenção tinha com isso? De acordo com a resposta de Jesus, qual é o mandamento mais importante? Qual é o segundo mandamento mais importante? Em que se baseiam a Lei e os profetas?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Os textos que vimos lendo nestes domingos são todos de situações polêmicas e de provocações a Jesus; o texto de hoje também apresenta uma pergunta provocadora dos fariseus.
O texto começa fazendo referência ao confronto dos saduceus com Jesus a respeito da ressurreição, no qual se deram mal (v. 34; cf. 22.23-33). Agora são os fariseus que querem vencê-lo em um embate e lhe perguntam qual fosse o mandamento mais importante (vv. 35-36). Jesus responde unindo o mandamento do amor a Deus com o do amor ao próximo (vv. 37ss).
No tempo de Jesus, eram frequentes as polêmicas entre os mestres. Muitas vezes eram motivadas pelo desejo de obter prestígio diante da população, por isso sempre eram feitas em público, de modo que quem “ganhasse” a contenda, ficaria mais bem posicionado diante do povo.
A questão em torno do mandamento mais importante não era secundária: os fariseus haviam contado 613 mandamentos na Lei, e não havia acordo sobre quais eram os mais importantes. Jesus dá uma resposta que não era nem um pouco óbvia no contexto de seu tempo. Antes de mais nada, unir dois mandamentos, o do amor a Deus (tirado de Dt 6.5), e o segundo, o do amor ao próximo (de Lv 19.18), não era algo absolutamente esperado.
Entre os fariseus, “amar a Deus” expressava-se sobretudo no cumprir “a lei” (ou seja, a palavra de Deus contida na Bíblia), segundo o modo que eles tinham de interpretá-la, que era criticado muitas vezes por Jesus, por exemplo, quando lhes dizia: “Ai de vocês…, pois vocês dão a Deus a décima parte até mesmo da hortelã, da erva-doce e do cominho, mas não obedecem aos mandamentos mais importantes da Lei, que são; o de serem justos com os outros, o de serem bondosos e o de serem honestos” (Mt 23.23). Por outro lado, para os fariseus, “o próximo” era o israelita: os não-judeus não eram considerados próximos e, portanto, não havia necessidade de amá-los. Por isso Jesus tinham dito: “Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Porque ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal” (Mt 5.44-45).
Ao colocar juntos os dois mandamentos, Jesus está produzindo uma novidade muito significativa: já não se pode separar o culto a Deus e o amor concreto ao próximo. Esta tradição é recolhida por João, em sua primeira carta, quando diz: “Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar ao seu irmão a quem vê. O mandamento que Cristo nos deu é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão” (1Jo 4.20-21).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O convite que nos é feito hoje é o de refletir se realmente estamos amando nosso próximo como a nós mesmos, ou se, talvez, em nosso caminhar, isto se tornou uma teoria ou quiçá um costume. São João Paulo II, em sua encíclica “Centesimus Annus”, propõem-nos justamente isso:
“Para a Igreja, a mensagem social do Evangelho não deve ser considerada uma teoria, mas sobretudo um fundamento e uma motivação para a ação. Impelidos por esta mensagem, alguns dos primeiros cristãos distribuíam os seus bens pelos pobres e davam testemunho de que era possível uma convivência pacífica e solidária, apesar das diversas proveniências sociais. Pela força do Evangelho, ao longo dos séculos, os monges cultivaram as terras, os religiosos e as religiosas fundaram hospitais e asilos para os pobres, as confrarias, bem como homens e mulheres de todas as condições empenharam-se a favor dos pobres e dos marginalizados, convencidos de que as palavras de Cristo: ‘Cada vez que fizestes estas coisas a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’ (Mt 25, 40), não deviam permanecer um piedoso desejo, mas tornar-se um compromisso concreto de vida”.[2]
Além disso, faz-se necessário estar conscientes de nosso chamado a ser discípulos e missionários; por isso, somos convidados a pôr em prática os ensinamentos do Mestre, que se resumem no mais importante de todos: amar o próximo como a mim mesmo. Por isso, o Papa Bento XVI leva-nos a refletir sobre este tema em sua homilia da missa conclusiva da XII Assembleia do Sínodo dos Bispos, no domingo, dia 26 de outubro de 2008.
“A página evangélica sobre a qual estamos a meditar realça que ser discípulos de Cristo significa pôr em prática os seus ensinamentos, que se resumem no primeiro e maior mandamento da Lei divina, o mandamento do amor. Também a primeira Leitura, tirada do Livro do Êxodo, insiste sobre o dever do amor; um amor testemunhado concretamente nas relações entre as pessoas: devem ser relações de respeito, de colaboração, de ajuda generosa. O próximo a ser amado é também o estrangeiro, o órfão, a viúva e o indigente, aqueles cidadãos que não têm “defensor” algum. O autor sagrado desce a pormenores específicos, como no caso do objeto dado em penhor por um destes pobres (cf. Êx 20, 25-26). Neste caso é o próprio Deus que faz de fiador na situação deste próximo”.[3]
Agora perguntemo-nos:
Como estou vivendo estes dois mandamentos que Jesus apresenta tão unidos? Considero os pobres, os indigentes, os marginalizados como meus próximos? Qual é minha atitude diante da necessidade de um desconhecido? Na realidade, meu comportamento corresponde ao de um verdadeiro discípulo de Cristo?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor,
sei que quando me ocupo do enfermo e do necessitado,
estou tocando teu corpo sofredor
e este contato se torna heroico.
Assim, esqueço-me da repugnância
e das tendências naturais que há em todos nós.
Quem não vive para servir, não serve para viver.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Ensina-me, Senhor, a ver no rosto de cada irmão o reflexo de teu rosto,
para que, assim, neles eu possa amar-te.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante a semana, buscarei amigos próximos que tenham alguma necessidade, orarei por eles, acompanhá-los-ei e, se possível, ajudá-los-ei a solucionar suas dificuldades.
“O amor ao próximo é a medida de nosso amor a Deus
Santa Edith Stein
[1]Oração escrita por Padre José Kentenich, sacerdote católico alemão, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt.
[2]http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_01051991_centesimus-annus_po.html
[3]http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2008/documents/hf_ben-xvi_hom_20081026_conclusione-sinodo_po.html
[4]Beata Madre Teresa de Calcutá: Religiosa de origem albanesa, fundadora das missionárias da caridade.