“O Senhor […] abençoa-me com amor e bondade”
24 de fevereiro de 2019“E estarei com eles nas horas de aflição. Eu os livrarei e farei com que sejam respeitados”
10 de março de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, concede-me o amor à Verdade
Espírito Santo, abre meu coração ao dom que é tua Palavra.
Espírito Santo, ajuda-me a sair de meus esquemas.
Espírito Santo, surpreende-me com o que Jesus quiser conceder-me neste encontro.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 6.39-45
O hábito de julgar os outros
Mateus 7.1-5
39E Jesus fez estas comparações:
— Um cego não pode guiar outro cego. Se fizer isso, os dois cairão num buraco. 40Nenhum aluno é mais importante do que o seu professor. Porém, quando tiver terminado os estudos, o aluno ficará igual ao seu professor.
41 — Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? 42Como é que você pode dizer ao seu irmão: “Me deixe tirar esse cisco do seu olho”, se você não repara na trave que está no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão.
A árvore e as suas frutas
Mateus 7.15-20; 12.33-35
43 — A árvore boa não dá frutas ruins, assim como a árvore que não presta não dá frutas boas. 44Pois cada árvore é conhecida pelas frutas que ela produz. Não é possível colher figos de espinheiros, nem colher uvas de pés de urtiga. 45A pessoa boa tira o bem do depósito de coisas boas que tem no seu coração. E a pessoa má tira o mal do seu depósito de coisas más. Pois a boca fala do que o coração está cheio.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O que Jesus quer dizer quando afirma que um cego não pode guiar outro cego?
2. O que significa ver o cisco no olho do irmão e não a trave no próprio olho?
3. Que critério Jesus dá para conhecer as árvores e como se aplica às pessoas?
4. A que se refere Jesus com os frutos?
5. Em que se manifesta aquilo de que o coração está cheio?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Este evangelho também faz parte do Sermão da planície e tem o mesmo auditório indicado em 6.27, que são os discípulos mais toda as pessoas que se acercaram para escutar Jesus (6.17-18). Mediante comparações ou metáforas, Jesus ensina-nos a atitude que seu discípulo deve ter diante do irmão que pecou ou que se equivocou. Concretamente, Jesus ensina que ninguém deve colocar-se em atitude de juiz diante de quem peca ou se engana, porque todos os seres humanos – e também os discípulos – são pecadores e necessitados do perdão de Deus e dos irmãos. E, ao mesmo tempo, indica-nos quais são as condições par a única atitude válida, que é a “correção fraterna”, e que são a sã autocrítica e a honestidade.
Com a primeira comparação, fica bem claro que mal pode guiar outro cego quem tampouco pode ver. Aqui, a cegueira é uma clara metáfora da falta de iluminação que a fé em Cristo ressuscitado concede. “Para Lucas, tornar-se cristão é sair das trevas e construir com olhos novos uma nova realidade (cf. At 26.17-18). Até mesmo os discípulos tiveram de aceitar, depois da ressurreição, que o Senhor lhes abrisse os olhos (Lc 24.31)”. (F. Bovon).
Quanto ao provérbio sobre a relação mestre-discípulo, poderia referir-se àqueles discípulos que não conseguem aceitar os ensinamentos de Jesus, principalmente a propósito do não julgar nem condenar, da correção fraterna e do perdão. Assim como o Senhor não veio nem para julgar nem para condenar, assim o discípulo, por mais formado que esteja, tampouco deve julgar o irmão.
O dito sobre a necessidade de tirar a trave do próprio olho antes de tentar tirar o cisco ou palha do olho do irmão reforça o convite à sadia autocrítica e honestidade. Ou seja, a primeira coisa a ser feita é examinar-se a si mesmo; é a conversão pessoal. Em seguida se poderá ajudar ou guiar os outros. A hipocrisia é
justamente o contrário da honradez; por isso, aqui é chamado de hipócrita quem olha os defeitos alheios sem prestar atenção primeiramente aos próprios.
A última comparação, sobre o conhecimento da árvore por seus frutos, oferece um critério claro e sábio de discernimento, que desmascara a hipocrisia ou engano. Assim como se conhece uma árvore por seus frutos, o coração do homem é conhecido por suas obras e suas palavras.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho de hoje nos convida a meditar sobre nosso modo de agir frente ao pecado ou ao equívoco dos outros.
A primeira coisa que Jesus nos diz é que não devemos colocar-nos rapidamente no lugar de guias dos demais. O discípulo de Jesus tem que ter percorrido um longo caminho de purificação interior antes de chegar a ter as condições necessárias para colocar-se como guia dos demais. E uma das convicções a que tem de chegar é que sempre será discípulo, e que Jesus é o único e verdadeiro mestre.
A segunda coisa é que somente quem primeiramente se examina a si mesmo e reconhece e confessa seu pecado ou sua condição pecadora poderá chegar a ter a claridade de olhar de modo a ajudar os demais a superar suas quedas.
O terceiro ponto é que nada incomoda tanto Jesus como a hipocrisia, a falsidade ou insinceridade de quem se erige em juiz dos outros e finda por cometer coisas piores do que as que condena nos demais. Nunca nos coloquemos no lugar do juiz.
A este respeito, dizia o Papa Francisco que “quem julga sempre se engana. E se engana porque se coloca no lugar de Deus, que é o único juiz: ocupa precisamente este lugar e se equivoca de lugar. Na prática, crê ter o poder de julgar tudo: as pessoas, a vida, tudo. E com a capacidade de julgar, considera que tem também a capacidade de condenar. E não somente se engana; também se confunde. E está tão obcecado por essa pessoa quer julgar, que esse cisco não o deixa dormir. E repete: ‘Mas eu quero tirar-te esse cisco’, sem perceber, no entanto, a trave que tem em si, em seu próprio olho. Neste sentido, confunde-se e crê que a trave seja esse cisco. Assim, quem julga, é um homem que confunde a realidade, é um iludido” (Homilia de 23 de junho de 2014).
Neste evangelho, Jesus também nos convida a ser homens de discernimento a fim de não deixar-nos enganar. A bondade de um homem não está em sua eloquência nem no que prega de si mesmo, mas em suas obas obras e em seu falar sensato.
Se houver caridade em seu agir e em seu falar, então é um homem de Deus.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que atitude tenho diante do pecado ou do equívoco de meu próximo?
2. Assumo imediatamente a atitude de juiz, sinto-me superior e mestre dos demais?
3. Penso logo que posso guiar os outros, sem ter-me examinado primeiramente a mim mesmo?
4. Fico obcecado em querer corrigir os demais, sem buscar em primeiro lugar minha própria conversão ou mudança de vida?
5. Utilizo o critério das boas obras e palavras inspiradas pela caridade para discernir a quem vale a pena seguir em minha vida?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por teu ensinamento.
Obrigado por tua clareza.
Sê tu aquele que me situa.
Que eu não me ache o tal, eu não busque ser o mestre.
Quero pedir-te, uma e outra vez, que sejas tu o primeiro em minha vida.
Que não fique obcecado em querer melhorar os outros, sem começar antes por mim.
Jesus, conto com tua proximidade e a de meus irmãos
para crescer em sensatez e no agir de acordo com teu Evangelho.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que minhas obras possam testemunhar que habitas em meu coração”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me falar menos e fazer mais gestos fraternos para os que me rodeiam.
“Somente em caso de necessidade, e depois de termos corrigido a nós mesmos é que podemos corrigir os demais”.
Santo Antônio de Pádua