Tu es meu filho amado (Mc 1,7-11)
5 de janeiro de 2018“Tu és meu filho querido”
8 de janeiro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e batiza-me com teu fogo.
Quero ser criatura nova.
Vem, Espírito Santo, para que com teu impulso,
passe da escuta à vivência do evangelho.
Vem, Espírito Santo, e dá-me a força para seguir Jesus.
Sê tu mesmo meu companheiro.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 1.7-11
7João dizia ao povo:
— Depois de mim vem alguém que é mais importante do que eu, e eu não mereço a honra de me abaixar e desamarrar as correias das sandálias dele. 8Eu batizo vocês com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo.
O batismo de Jesus
Mateus 3.13-17; Lucas 3.21-22
9Nessa ocasião Jesus veio de Nazaré, uma pequena cidade da região da Galileia, e foi batizado por João Batista no rio Jordão. 10No momento em que estava saindo da água, Jesus viu o céu se abrir e o Espírito de Deus descer como uma pomba sobre ele. 11E do céu veio uma voz, que disse:
— Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Que diz João Batista a respeito de Jesus, que virá depois dele?
- · Que diferença existe entre o batismo de João e o de Jesus?
- · O que Jesus viu e escutou no momento em que estava saindo da água?
- Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
O texto do evangelho que a liturgia da Palavra nos oferece tem duas partes: a pregação de João Batista (1.7-8) e o Batismo de Jesus (1.9-11).
O conteúdo da pregação do Batista está claramente orientado para Jesus, apresentado como o mais forte e aquele que tem um batismo do Espírito Santo, em contraposição ao da água. Deste modo, prepara a cena seguinte, onde este anúncio tem sua realização.
Marcos lança mão de uma expressão solene (“Nessa ocasião”), pois quer apresentar um fato importante: pela primeira vez Jesus entra em cena em seu evangelho.
A menção da Galileia é importante, pois esta região geográfica de Israel tem um valor e um sentido teológico para Marcos. É o lugar do começo desta “aventura” de Jesus de anunciar e instaurar o Reino de Deus, para o qual convoca os discípulos que, em seguida, serão os doze apóstolos. E à Galileia os apóstolos deverão voltar para começar sua missão (cf. m 16.7).
É a primeira e única vez que se Jesus e João Batista se encontram frente a frente. A descrição do batismo de Jesus é bastante breve, o que indica que este fato não é o mais importante para Marcos, mas a teofania ou manifestação divina que se segue. A teofania consiste primeiramente em uma visão (v.10) e, a seguir, em uma audição (v. 11).
No que tange à visão, Marcos indica que no momento em que estava saindo da água Jesus vê duas coisas: que os céus se abrem, se rasgam; e que o Espírito descia sobre ele como uma pomba. Há um significativo jogo de verbos: subir e descer. Tão logo Jesus sobe da água, vê que que o Espírito, como uma pomba, baixa sobre ele. Este abrir-se ou rasgar-se dos céus poderia ser uma referência a Is 64.1: “Como gostaríamos que tu rasgasses os céus e descesses”, visto que, no contexto desta súplica, Deus é chamado de Pai (Is 63.16; 64.8) e o Espírito é mencionado três vezes (Is 63.10,11,14). Assim, esta súplica do profeta para que Deus rompa o silêncio e se manifeste vê seu cumprimento em Jesus.
O Espírito de Deus é claramente invisível; mas aqui é “corporalizado” na figura de uma pomba, pois se trata de uma visão. Esta imagem da pomba para o Espírito Santo vem do Antigo Testamento, especialmente de Gn 1.2, onde se diz que o Espírito de Deus “se movia” por cima da água no início da criação. Daqui surgiria a relação simbólica do Espírito com uma ave.
A voz dos céus não pode ser outra senão a voz de Deus, do Pai, que se dirige diretamente a Jesus a quem reconhece como seu Filho amado.
Em síntese, o batismo de Jesus é a ocasião propícia para que o Pai nos revele a identidade de Jesus como Cristo e Filho de Deus. Deste modo, o Pai – a voz celestial – confirma o que Marcos nos disse sobre Jesus no começo de seu evangelho (cf. 1.1).
O que o Senhor me diz no texto?
A festa do Batismo do Senhor encerra o tempo do Natal e, por isso, é preciso entendê-la e celebrá-la com a solenidade do nascimento de Jesus. É justamente no sacramento do Batismo onde se verifica o “admirável intercâmbio” celebrado no Natal: o Verbo de Deus assume nossa condição humana e nos transforma em filhos de Deus, faz-nos participantes de sua filiação divina. O Filho Eterno de Deus se fez “filho do homem” para fazer com que os homens possamos ser “filhos de Deus”.
João Batista havia anunciado que aquele que viria depois dele batizaria com o Espírito, portanto, seria alguém que estaria pleno – ungido – do Espírito, por que o Espírito desce sobre ele e o conduz em sua missão. No evangelho de Marcos, vemos que a primeira coisa que Jesus “faz” é apresentar-se diante de João Batista para ser batizado por ele e receber o Espírito Santo e a “declaração de amor” de seu Pai. Este é o princípio e fundamento da vida de Jesus: saber-se amado pelo Pai, saber-se aprovado pelo Pai que se compraz com ele. Aqui está o segredo da liberdade interior e afetiva de Jesus. Não sai mendigando amor porque já o tem. Não sai mendigando a aprovação dos homens porque já tem a aprovação do Pai. Jesus recebe o Amor pessoal de Deus, o Espírito Santo. É ungido pelo Espírito. Por isso, em sua vida, terá a liberdade que o Espírito Santo dá a quem se deixa conduzir por ele. A seguir, Marcos informa-nos: “Logo depois o Espírito Santo fez com que Jesus fosse para o deserto” (1.12).
No dia do Batismo do Senhor, recordamos não apenas o batismo de Jesus, mas também nosso próprio batismo. Nós, quando fomos batizados, recebemos a filiação adotiva pela qual o Pai nos ama como a filhos seus em seu Filho Jesus, e se compraz em nós como se comprouve nele. A frase do Pai a Jesus também foi dita a nós no momento de nosso batismo: “Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria”. E também recebemos o Espírito Santo que nos ungiu como apóstolos e testemunhas de Jesus, como seus discípulos e missionários. É preciso reviver esse dia tão importante, pois “ao participar da morte e ressurreição de Cristo”, começou para nós “a aventura alegre e entusiasmante do discípulo” (Bento XVI).
O Papa Francisco diz-nos: “O Baptismo é o sacramentos sobre o qual se fundamenta a nossa própria fé e que nos insere como membros vivos em Cristo e na sua Igreja […]Nós, com o Baptismo, somos imergidos naquela fonte inesgotável de vida que é a morte de Jesus, o maior ato de amor de toda a história; e graças a este amor podemos viver uma vida nova, já não à mercê do mal, do pecado e da morte, mas na comunhão com Deus e com os irmãos […].é em virtude do Baptismo que, libertados do pecado original, somos inseridos na relação de Jesus com Deus Pai; que somos portadores de uma esperança nova, porque o Baptismo nos dá esta nova esperança: a esperança de percorrer o caminho da salvação, a vida inteira. E esta esperança que nada e ninguém pode desiludir, porque a esperança não decepciona”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Estou consciente de que em meu batismo o Espírito Santo também veio a mim?
- · Quando fui batizado, identifiquei-me tanto com Cristo que o Pai também me disse: Tu és meu Filho querido e me dás muita alegria”. Estou consciente disso? Vivo de acordo com esta dignidade de Filho de Deus?
- · Encontro na eleição e aprovação do Pai o apoio e a liberdade de minha vida?
- · Estou dormindo ou atento, vigilante às vindas de Deus à minha vida?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por partilhares conosco teu batismo.
Obrigado por João, que me ensina a ceder-te o lugar, teu lugar.
Renova em mim o batismo com teu Espírito Santo.
Às vezes, outras vozes me confundem.
Abre-me os ouvidos, Jesus,
quero ouvir a voz do Pai
que me diz “filho querido, escolhido”.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, obrigado por teu batismo; faze-me sentir a predileção de Deus”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a averiguar a data de meu batismo, agradecendo por este dom.
“Meu único desejo é amá-lo até o último suspiro de minha vida.”
São João Maria Vianney