Bem-aventurados! (Mt 5,1-12)
8 de junho de 2015Praticar e ensinar (Mt 5, 17-19)
10 de junho de 2015Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ”Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.
Três coisas me chamam a atenção ao rezar este trecho do evangelho segundo Mateus: primeira, percebo que Jesus nos dá um mandamento. Esta parábola, de sermos sal da terra e luz do mundo, é contada imediatamente após o famoso Sermão da Montanha. Portanto, devemos conservar em nós a humildade das bem-aventuranças e, com elas, temperar nossa vida e nossas ações. As propriedades do sal que devemos ser são: a pobreza em espírito, a mansidão, a fome e a sede por justiça, a misericórdia, a pureza de coração, a promoção da paz e a alegria, mesmo quando perseguido.
Segunda, percebo que nós não somos chamados a ser sal e luz simplesmente, mas sal da terra e luz do mundo. Entendo que terra e mundo representam o espaço onde vivemos e nos relacionamos: família, trabalho, escola, roda de amigos, casa, cidade etc. Desculpem-me o chavão, mas acho que cabe perfeitamente aqui. Não se trata de viver uma vida diferente, mas de ser diferente, de fazer a diferença na vida que vivemos. Eu tenho muito forte em mim esta imagem de Jesus: um homem que olhou para seu povo, sua gente, com suas limitações e dificuldades e saiu convidando-os a viver uma verdadeira experiência de transformação, sem grandes teorias, apenas ensinando-as a perceber para o que faz sentido viver. Sermos sal e luz do mundo é não perdermos a orientação, o sentido que devemos dar à nossa vida. Mateus, no capítulo 15 e versículo 14, registra essa observação de Jesus a respeito dos fariseus: “Não se preocupem com eles. São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco”. Não é a mesma coisa com o sal que perde o sabor? Não serve para mais nada, vira um pó qualquer e será jogado fora e pisado. Da mesma forma, quando ficamos desorientados, damos voltas, voltas e não chegamos a lugar nenhum.
Terceira, percebo a necessidade de exercitar a humildade, característica de sermos exatamente o que somos, não subestimar, mas também não supervalorizar a nós mesmos, caso contrário, seremos a luz que se esconde debaixo de uma vasilha. De quê serviremos? Poderemos dar um valor extremado ao que somos e servirmos uma comida com tempero exagerado e que não agrada, tornarmo-nos como uma luz tão forte que, ao invés de iluminar, cega. Tudo tem uma dosagem adequada e a consciência dessa dosagem nós conseguimos pelo exercício da humildade. Além disso, há uma coisa que pode passar despercebida, se não tivermos atenção ao texto: nossa luz deve brilhar para que o mundo veja nossas obras e louvem nosso Pai que está nos céus. Ora, devemos ser luz, porém nossas obras não devem chamar atenção para nós mesmos, pois elas devem apontar para Deus.
Senhor Jesus, ajude-nos a ser sal que não perde o sabor, luz que não se apaga e não se esconde e torne nosso coração humilde como o seu. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte