Jejum
15 de janeiro de 2018Deixar-nos curar da dureza que impede a vida
17 de janeiro de 2018Leitura: Marcos 2, 23-28
Num sábado, Jesus e os seus discípulos estavam atravessando uma plantação de trigo. Enquanto caminhavam, os discípulos iam colhendo espigas. Então alguns fariseus perguntaram a Jesus:
— Por que é que os seus discípulos estão fazendo uma coisa que a nossa Lei proíbe fazer no sábado?
Jesus respondeu:
— Vocês não leram o que Davi fez, quando ele e os seus companheiros não tinham comida e ficaram com fome? Ele entrou na casa de Deus, na época do Grande Sacerdote Abiatar, comeu os pães oferecidos a Deus e os deu também aos seus companheiros. No entanto, é contra a nossa Lei alguém comer desses pães; somente os sacerdotes têm o direito de fazer isso.
E Jesus terminou:
— O sábado foi feito para servir as pessoas, e não as pessoas para servirem o sábado. Portanto, o Filho do Homem tem autoridade até mesmo sobre o sábado.
Oração:
Hoje a Igreja nos oferece, para a oração, um dos vários textos nos quais Jesus e os judeus de seu tempo discutem a respeito do que poderia ser feito em dia de sábado ou não. As discussões surgem sempre porque, embora judeu e bom conhecedor das regras do seu povo, Jesus parece agir com certa displicência em relação à regra do sábado: nesse dia, o dia do Senhor, não se deve trabalhar, mas guardar repouso…
O evangelho de hoje traz esta infração cometida pelos discípulos de Jesus: enquanto atravessavam uma plantação de trigo, colheram algumas espigas. Os fariseus – grupo de judeus de moral bem estrita – se escandalizaram e questionaram por que seus amigos colhiam no dia de sábado. Embora não informado por Marcos, sabemos, por Lucas (6, 1-5) e Mateus (12, 1-8), que seus discípulos haviam colhido espigas para seu próprio consumo, para a fome daquele momento. Assim, Jesus, em resposta, relembra episódio no qual Davi, respeitado pelos judeus, havia, junto com seus amigos, comido dos pães que se ofertavam a Deus. Após relembrar o fato, Jesus diz: “O sábado foi feito para servir as pessoas, e não a pessoas para servirem o sábado. Portanto, o Filho do Homem tem autoridade até mesmo sobre o sábado”.
Na oração de hoje, seria oportuno trazer à mente as regras com as quais vivemos, que nos são impostas e que nós também impomos… fazemos isso na família, entre amigos, como Estado, como Igreja… regras não faltam para regular a convivência humana! Pensemos nas regras que temos cumprido ou imposto e que geram mais polêmica. Apresentemos a Deus essas regras. Peçamos a seu Espírito que nos ajude a ver com os olhos d’Ele. Quais dessas regras Lhe agradam? Quais dessas regras representam Seu amor? Quais dessas regras servem o ser humano? Quais dessas regras tornam o ser humano um servo da regra, escravo de outros seres humanos, mesmo que com o pretexto de serviço a Deus? Talvez não consigamos, só com esse momento, chegar à resposta. Mesmo assim, façamos essas perguntas ao Espírito. Peçamos-Lhe que nos leve à resposta segundo Seu coração. Peçamos-lhe que não sejamos reprodutores de um comportamento farisaico, não importa se na família, se entre amigos, se no Estado ou na Igreja. Peçamos-Lhe que sejamos os que colhem e deixam colher para matar a fome, que tem tantas formas e tantas vítimas.
“O Filho do Homem tem autoridade mesmo sobre o sábado”. Terminemos com essa frase a oração. A regra do sábado, quando instituída, visava a homenagear o Senhor. A deturpação de seu sentido tornou seu cumprimento uma ofensa ao mesmo Senhor. Jesus, recuperando o sentido da regra, afirma que ele, o Filho do Homem, tem autoridade sobre o sábado, isto é, poder de dizer como melhor se cumpre a regra, como melhor se pode demonstrar amor a Deus. Nós, como seus seguidores, somos convidados a exercer, à luz do Espírito, a mesma autoridade. Olhar o mundo, nossas regras, e aplicar a hermenêutica do amor, a interpretação que salva, que protege, que cuida, que vivifica. Ao mesmo tempo, somos convidados a combater as visões que, supostamente a mando do Senhor, matam, excluem, danificam, aniquilam…
Trindade, que nós criemos e cumpramos somente as regras que podem expressar nosso amor por Vocês e promover nosso cuidado com Seus filhos, Suas filhas e a criação!
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte