“Vinho novo em odres novos”.
15 de janeiro de 2024É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?
17 de janeiro de 202416 de janeiro, 3ª feira, 2ª semana do Tempo Comum
O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.
Leia Mc 2,23-28
Leitura. O que diz o texto?
Jesus continua questionando o antigo sistema das autoridades religiosas do seu tempo, que se tornaram estruturas caducas e demasiadamente pesadas para o povo. Hoje é a questão do sábado. Para matar a fome, os discípulos estão colhendo espigas num dia de sábado, o que era proibido. Jesus então precisa explicar o sentido mais profundo da lei, recorrendo à própria Palavra de Deus na Escritura.
Meditação. O que Deus nos diz através desse texto?
A lei do descanso no sábado foi criada para contrapor o trabalho escravo e sem descanso que o Povo de Deus sofreu no Egito. Na sua origem essa lei tinha o propósito de alívio, pausa semanal para o trabalho. Porém, ao longo do tempo, o foco foi sendo deslocado para uma obrigatoriedade rígida; e a lei, que tinha o objetivo original de fazer descansar, se tornou um peso, um fardo para as pessoas. Colher uma espiga para comer e matar a fome não deveria ter um sentido de “colheita” conforme os fariseus classificaram no texto de hoje. A rigidez dos fariseus matou o sentido mais profundo e original da lei mosaica. Jesus, lembrando o caso de Davi e seus companheiros (1Sm 21,1-7) explica que diante da fome tudo se torna secundário e a vida humana é mais importante do que qualquer lei. Ou seja, a lei deve estar a serviço dos seres humanos e não o contrário.
Oração. O que o texto me faz dizer a Deus?
Transforma, Senhor, o “nosso coração de pedra num coração de carne” (Ez 36,26) que nos faça ir além do simples cumprimento de um preceito rígido, que muitas vezes excluem de pronto quem não tem condições de cumpri-lo.
Contemplação. O que o texto faz em mim?
“A letra mata, mas o Espírito comunica vida” (2Cor 3,6). Sinta a liberdade de Cristo Jesus que, sem abolir a lei, revelou o seu espírito mais profundo, não se deixando escravizar.
O que o texto me sugere a viver?
Precisamos das leis e dos regulamentos. Mas também precisamos ter a liberdade de questionar leis injustas, tanto civis quanto religiosas, que não estão a serviço da dignidade e da promoção da vida.
Diác. Glêvison Felipe Lourenço de Sousa*
*Diácono permanente da Arquidiocese de Belo Horizonte, MG. Pós-graduado em Sagrada Escritura pelo Claretiano – Centro Universitário. Membro da Coordenação Colegiada Arquidiocesana da Pastoral Carcerária. Colaborador e residente na Paróquia São José – Vespasiano MG, Brasil.