Jesus e Levi (Lc 5, 27-32)
4 de março de 2017Seja feita a sua vontade (Mateus 6,7-15)
7 de março de 2017Mt 25,31-46
31Jesus terminou, dizendo:
— Quando o Filho do Homem vier como Rei, com todos os anjos, ele se sentará no seu trono real. 32Todos os povos da terra se reunirão diante dele, e ele separará as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras. 33Ele porá os bons à sua direita e os outros, à esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo. 35Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam na sua casa. 36Estava sem roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na cadeia, e foram me visitar.”
37 — Então os bons perguntarão: “Senhor, quando foi que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos água? 38Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos na nossa casa ou sem roupa e o vestimos? 39Quando foi que vimos o senhor doente ou na cadeia e fomos visitá-lo?”
40 — Aí o Rei responderá: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram.”
41 — Depois ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Afastem-se de mim, vocês que estão debaixo da maldição de Deus! Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos! 42Pois eu estava com fome, e vocês não me deram comida; estava com sede, e não me deram água. 43Era estrangeiro, e não me receberam na sua casa; estava sem roupa, e não me vestiram. Estava doente e na cadeia, e vocês não cuidaram de mim.”
44 — Então eles perguntarão: “Senhor, quando foi que vimos o senhor com fome, ou com sede, ou como estrangeiro, ou sem roupa, ou doente, ou na cadeia e não o ajudamos?”
45 — O Rei responderá: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: todas as vezes que vocês deixaram de ajudar uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar.”
46E Jesus terminou assim:
— Portanto, estes irão para o castigo eterno, mas os bons irão para a vida eterna.
Amado Jesus, entrego em suas mãos esta nova semana, na confiança de que, com seu Amor, serei capaz de vencer com coragem os obstáculos que me impedem de ser uma pessoa melhor, quer seja na posição de filho(a) de Deus, quer seja em minhas atribuições pessoais e profissionais.
No evangelho de hoje, vejo muita seriedade em sua postura, Mestre, a partir do alerta quanto aos possíveis destinos a serem dados aos humanos. Sei que esse texto já foi lido por muito tempo como uma ameaça e Você visto nele como uma figura impiedosa e pronta para condenar. No entanto, leio e releio-o, percebendo que essa imagem não entra em harmonia com os planos da misericórdia de Amor incondicional. Você não foi enviado a este mundo para semear o medo, mas para despertar o Bem que há dentro de cada um de nós.
Por outro lado, não há como negar a imagem de um julgamento final separando “ovelhas” de “cabritos” no texto de hoje. Então, como fica nossa leitura?
Uma possível saída interpretativa: se existe a lei do livre-arbítrio, todos estão sujeitos a ela, até mesmo aquele que a criou. Dessa forma, o destino a ser dado a cada um de nós, na verdade, como já no fim da Idade Média se acreditava, depende das ações que escolhermos praticar. Nunca seria motivo de alegria para Deus ver nosso destino entregue às sombras da tristeza e do sofrimento eterno, mas, em respeito às escolhas que nós fazemos, Ele se recolhe em seu sofrimento e nos deixa cumprir o destino que nós mesmos escolhemos. E assim é, inclusive, aqui no mundo terreno. Deve ser muito triste para Deus ver-nos em vidas mal vividas, envoltas por mentiras, desilusões, frustrações e abandonos. Mas o que Ele pode fazer diante de nossa teimosia em escolher viver o que não nos convém?
Muitas vezes, choramos, reclamando de nossa vida para nosso Pai amado. Quantas vezes nos consideramos merecedores de realidades muito melhores que aquelas em que nos vemos? Seria interessante que nos lembrássemos de que a maior parte disso tudo é fruto de nossas próprias escolhas. Tomamos atitudes impensadas e escolhemos mal – muitas vezes por não ouvir o que Deus nos propõe como melhor
Nesses momentos em que vemos nosso destino mergulhado em sombras, seria muito interessante que nos perguntássemos como tudo começou e por que começou. Aí veremos como nossas escolhas em ação e seremos também capazes de repensá-las, refazê-las ou, quem sabe, redirecionar a vida, a partir desse momento de consciência, para experiências mais saudáveis e que, de fato, contribuam para nossa realização como pessoas.
O Reino de Deus, do qual tanto vemos Jesus falar, é, na verdade, iniciado aqui nesta nossa vida terrena. Vivê-lo ou não passa por nossas escolhas. Experimentamos esse Reino todas as vezes que olhamos para nossa vida e nos sentimos em paz com as ações que praticamos e com as escolhas que fizemos. Percebemos a existência desse Reino todas as vezes que “colocamos a cabeça no travesseiro para dormir” e nos sentimos leves, tranquilos e envolvidos numa atmosfera de amor profunda – fruto de nosso dia bem vivido em comunhão com o Bem.
Nessas ações diárias que nos levam a experimentar o Reino, que nos atentemos para as palavras do evangelho de hoje. Tudo o que fazemos de bom ou ruim a quem está ao nosso lado, é a Jesus que estamos fazendo. Assim, nossa proposta de mudança desse tempo de quaresma deve ser pensada também no sentido de perceber naquele que está à nossa frente, a representação viva de Jesus, o mesmo que consideramos estar dentro de nós. Ajudar a quem precisa não é mero ato de caridade, mas prova de que vemos no outro aquilo que gostaríamos que fosse visto em nós: a presença de Deus. O outro que está diante de mim, precisando de minha atenção ou mesmo de meu auxílio material, é tão amado por Deus quanto eu. A situação em que ele hoje se encontra é circunstancial, mas o meu discernimento em optar pelo Bem não pode ser. Minha opção pelo projeto de Deus precisa ser definitiva.
Por isso, Jesus, agradeço pela oportunidade de escolher que rumo dar à minha vida e peço-lhe a graça de me manter sempre na escuta do que Deus fala para estar sempre dentro da experiência cotidiana do Reino e poder desfrutar da alegria imensa de saber que escolhi o melhor caminho a seguir.
Amém!
Ana Paula ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte.