Então, Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos. Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna. Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros.

E o que acontece quando agente deixa tudo para seguir Jesus e continuar o seu projeto? Encontra nova sociedade, embora em meio a perseguições.

A oração de hoje nos convida a refletir sobre a maneira como flui o dom da partilha em nós… Para isso devemos nos manter sóbrio como nos propõe a primeira leitura de hoje: “Eles profetizaram a respeito da graça que vos estava destinada. Por isso, sede sóbrios e tende perfeita esperança”. 1Pd 1,10-16 Quando eu era jovem, eu tinha muitos sonhos, desejava muito e sonhava mais ainda. A minha esperança parecia ser maior que o mundo me sentia muito ensimesmado, nada sóbrio.

Pedro questiona Jesus quanto à recompensa por ter deixado tudo para segui-lo, já que ele tinha acabado de afirmar que era tão difícil entrar no reino dos céus. Jesus afirma isso exatamente por que conhece a má qualidade da nossa esperança devido ao nosso apego as coisas… Que realmente não podemos colocar a nossa esperança nas coisas e muito menos sonhar com um mundo de contos de fadas onde nós somos o centro do universo e tudo deve conspirar ao nosso favor. Jesus nos lembra de que somos extremamente limitados, que tendemos a olhar sempre pro nosso Umbigo, mas que devemos olhar para o alto, por que tudo que renunciarmos em favor dele e em favor da novidade do reino não ficará sem recompensa. Novidade essa que só podemos experimentar quando nos deixarmos “diminuir” e aproximamos de Jesus, para ter um encontro pessoal com ele, nos abrirmos a ele; aí sim, receberemos cem vezes mais apesar das provações, mas se perseverarmos receberemos a vida eterna, ou seja, alcançar a vida eterna passa por vivê-la aqui e agora, deixando morrer em nós toda espécie de egoísmo, partilhando os dons e os bens que recebemos uns com os outros e encarando de frente as provações… Para poder provar, cantar as belezas da vida que ele com o seu infinito amor coloca ao nosso alcance o tempo todo, mas a nossa “inteligência brilhante” não nos deixa ver. A alegria cristã brota do amor. “Nada se iguala ao sabor do pão partilhado…”, (Saint-Exupéry)

Obrigado Senhor por nos enviar o seu filho, dom de amor gratuito derramado sobre nós para nos ensinar a viver em comunhão; ajuda-nos a compreender a dinâmica do reino onde a solidariedade é o maior tesouro, onde o maior é aquele que serve, onde os primeiros é os últimos e os últimos os primeiros, onde aquele que quer ganhar a vida vai perdê-la e aquele que perde vai ganha-la. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era, no princípio, agora e sempre. Amém!

Agostinho Augusto – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte MG.