Imediatamente o seguiram (Mt 4, 18-22)
30 de novembro de 2017A necessidade de vigiar (LC 21, 34 – 36)
2 de dezembro de 2017Leitura: Lucas 21, 29-33
Em seguida Jesus fez esta comparação:
— Vejam o exemplo da figueira ou de qualquer outra árvore. Quando vocês veem que as suas folhas começam a brotar, vocês já sabem que está chegando o verão. Assim também, quando virem acontecer aquelas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está para chegar. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: essas coisas vão acontecer antes de morrerem todos os que agora estão vivos. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras ficarão para sempre.
Oração:
No evangelho de hoje, Jesus fala, pela narrativa de Lucas, dos sinais que antecedem os grandes acontecimentos, os fatos principais. Ele usa a figueira como imagem: antes do verão, o sinal dos brotos. Lucas insere esse trecho profético do ministério de Jesus quando Jesus está predizendo a queda de Jerusalém, o que de fato ocorreu. A consumação do previsto não tira, contudo, o encanto da Palavra. Pelo contrário: hoje, ela nos fala. No início desta oração, peçamos ao Espírito que nos dê olhos para ver o que Ele quer nos revelar.
Jesus diz que os sinais de destruição sobre os quais ele conversava com quem o ouvia antecederiam o Reino de Deus. A destruição, assim como o broto, é, segundo Jesus, apenas prelúdio do que vem. Antes de ser verão, as folhas a brotar… antes de vermos o Reino, a destruição da cidade que os homens construíram.
O Reino, para a leitura teológica que se faz da Palavra, tem diversos significados: pode ser alusão à vida que há de vir; outra leitura pode ser a transformação do mundo no qual vivemos; pode ser entendido como o próprio Jesus, que era a pessoa do Reino; e o Reino pode ser a presença de Deus em nossa vida, que se torna, assim, “território” onde Ele governa.
Na oração de hoje, fiquemos com o último significado. Pensemos em nossa vida. Meu corpo. Minha mente. Minha alma. Já pensei em mim como Reino? Já pensei que eu posso ser o Reino caminhando, chegando, acolhendo…? Mais comumente, quando pensamos no Reino, pensamos numa terra distante, num mundo por vir… às vezes, até conseguimos ver que Jesus é o Reino que chega. Mas é mais difícil pensar que minha vida pode ser o Reino.
Talvez nossa dificuldade tenha fundamento nisto: talvez ainda estejamos no tempo dos brotos, mas não chegou o verão. Antes do Reino que Jesus prediz, há sinais de destruição, de queda. Na companhia da Trindade, olhe para si e se pergunte: o que em mim deve cair? O que é preciso desconstruir? O que é preciso quebrar para depois edificar? Tenho apego ao que já está tão sólido? Do que preciso para me desapegar e deixar que outra cidade se construa? Vejo, na minha vida, já as folhas brotando? Ou ainda não vejo sequer o prelúdio do Reino? Quando não vejo, tenho esperança de que essa hora chega? A do broto e a do sol quente do verão? Quais são os prédios e tijolos que preciso retirar? Egoísmo, individualismo, inveja, infidelidade, desamor, insensibilidade…? Pensamentos, preconceitos, posições de dominação e opressão…? Indiferença, desunião…?
Sabendo como está minha cidade, posso então pensar nos brotos: há em mim já sinais de vida, da grande Vida que vem. Quais são minhas folhas brotando? Meu carinho, minha solidariedade…? Minha sensibilidade, minha sede de justiça, minha consciência política…? Minhas superações, minhas evoluções, minha compaixão…?
Peçamos ao Espírito que nos acompanhe. Permitamos que Ele nos mostre os problemas da cidade que construímos sozinhos… o nosso reino. Permitamos que Ele nos mostre a cidade que Ele pode construir conosco… o Reino nosso – d’Ele conosco. Que Ele nos mostre os brotos que nos enchem da esperança de que esse Reino vai chegar… e da força, que vem da esperança, para construir essa chegada.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte