“Eu amo os meus patrícios e amigos e por isso digo a Jerusalém: ‘Que a paz esteja com você!’”
1 de dezembro de 2019“Que a justiça floresça durante a sua vida, e que haja prosperidade enquanto a lua brilhar!
15 de dezembro de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, faze-te presente neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, derrama-te neste momento
e em cada lugar onde eu me encontre.
Espírito Santo, toca meu coração neste tempo de esperança.
Espírito Santo, ajuda-me a buscar o sentido do eterno
junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 3.1-12
A mensagem de João Batista
Marcos 1.1-8; Lucas 3.1-9,15-17; João 1.19-28
1Naquele tempo João Batista foi para o deserto da Judeia e começou a pregar, 2dizendo:
— Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!
3A respeito de João, o profeta Isaías tinha escrito o seguinte:
“Alguém está gritando no deserto:
Preparem o caminho para o Senhor passar!
Abram estradas retas para ele!”
4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato. 5Os moradores de Jerusalém, da região da Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão iam ouvi-lo. 6Eles confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão.
7Quando João viu que muitos fariseus e saduceus vinham para serem batizados por ele, disse:
— Ninhada de cobras venenosas! Quem disse que vocês escaparão do terrível castigo que Deus vai mandar? 8Façam coisas que mostrem que vocês se arrependeram dos seus pecados. 9E não digam uns aos outros: “Abraão é nosso antepassado.” Pois eu afirmo a vocês que até destas pedras Deus pode fazer descendentes de Abraão! 10O machado já está pronto para cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não dá frutas boas será cortada e jogada no fogo. 11Eu os batizo com água para mostrar que vocês se arrependeram dos seus pecados, mas aquele que virá depois de mim os batizará com o Espírito Santo e fogo. Ele é mais importante do que eu, e não mereço a honra de carregar as sandálias dele. 12Com a pá que tem na mão ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Onde João Batista se apresentou e o que disse?
2. Que profeta é citado por João Batista e que mensagem transmite?
3. Como João Batista se vestia e como as pessoas reagiam à sua pregação?
4. O que diz João Batista aos escribas e fariseus?
5. A quem se refere João Batista em sua mensagem final?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini[1]
O texto começa sem muitos preâmbulos apresentando João Batista a pregar no deserto da Judeia. Sua pregação tem duas partes. A primeira indica o começo da manifestação do Reino: “Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!”. É a mesma expressão que aparecerá nos lábios de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos (Mt 10.7). João Batista deixa-nos, portanto, às portas do Reino de Deus que Jesus fará presente e que já está próximo. No entanto, pelo que se segue, supomos que João Batista entendia esta vinda do Reino como a última e definitiva manifestação de Deus, da ira de Deus (Mt 3.7), identificando-a com a parusia, com o julgamento de Deus.
Em seguida, Mateus, sempre atento às Escrituras, considera que em João Batista se cumpre a profecia de Isaías 40.3, a respeito da voz que grita no deserto para que o caminho do Senhor seja preparado, para que se aplainem suas estradas. Aqui se define sua missão de precursor em cumprimento das Escrituras. Observemos que Isaías se refere ao Senhor Yahweh, enquanto Mateus, ao dizer “abram estradas retas para ele”, está-se referindo às de Jesus. Portanto, toma um texto profético que se refere a Deus e o aplica a Jesus.
Depois disso, descrevem-se as vestes e a comida frugal do Batista, as quais demonstram sua condição ascética, reforçam sua pregação do juízo e se assemelham a ele. Contudo, como sua veste (“uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro” 3.4) coincide com a de Elias (cf. 2Rs 1.8), e porque mais adiante, Mateus faz esta identificação de João Batista com Elias (cf. Mt 17.10-13), cumpre-se também a profecia de Malaquias 3.23-24, segundo a qual, antes da chegada do Dia do Senhor, Deus enviaria o profeta Elias para reconciliar os pais com os filhos.
A presença e a ação de João Batista resulta eficaz, porquanto muitos e de várias partes acodem a ele para serem batizados, confessando seus pecados. O anúncio da chegada do Reino é um convite ao povo que simplesmente se prepara para recebê-lo, confessando os pecados.
Diferente é a atitude dos fariseus e saduceus; por isso, João Batista dedica-lhes uma segunda pregação, que consiste em dizer-lhes que a verdadeira pertença à descendência de Abraão se manifesta em viver segundo a Lei, e que não é suficiente a pertença étnica à descendência do patriarca.
Para João Batista, o anúncio do Reino é anúncio do Juízo. E o critério deste julgamento de Des são as obras, os “frutos” que uma sincera conversão deve produzir.
O final de seu discurso (3.10-12) inclui o anúncio do Messias, sendo que em João Batista se identifica com o juiz escatológico, cuja ação se compara à do fogo, que remete ao castigo divino ou ao fogo eterno ou geena.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
No domingo anterior, éramos convidados a olhar para o futuro, para o Senhor que vem no fim dos tempos; agora, nosso olhar volta-se para o passado, para a vinda histórica de Jesus. É que justamente esta primeira vinda do Senhor é o que nos permite esperar confiantes sua segunda e definitiva vinda.
Olhamos para o que já passou para saber como esperar no presente o que virá. E assim, João Batista preparou o povo para receber o Senhor; de igual modo, sua voz ressoa para nós, convidando-nos à conversão.
A conversão que Deus nos pede neste tempo de Advento consiste em uma mudança existencial. Somos convidados a uma revisão de nossas atitudes diante do presente e perante o futuro e definitivo. Diante da possibilidade real do juízo de Deus, do definitivo, somos interpelados a ordenar nossa escala de valores, a distinguir entre o essencial e o secundário, entre o importante e o urgente.
Se quisermos descer ao mais prático e concreto: em primeiro lugar, o Senhor pede-nos conversão, arrependimento, confissão dos pecados. As pessoas simples entendem isso muito bem. O pecado não é um problema sem solução, pois existe a possiblidade do arrependimento e do perdão de Deus.
A este respeito, dizia o Papa Francisco no Angelus do dia 4 de dezembro de 2016: “…converter-nos todos os dias, um passo em frente cada dia… Trata-se de deixar os caminhos, confortáveis e enganadores, dos ídolos deste mundo: o sucesso a todo o custo, o poder em detrimento dos mais débeis, a sede das riquezas, o prazer a qualquer preço. E de abrir, ao contrário, o caminho ao Senhor que vem: Ele não tira a nossa liberdade, mas doa-nos a verdadeira felicidade. Com o nascimento de Jesus em Belém, é o próprio Deus que vem habitar no meio de nós para nos libertar do egoísmo, do pecado e da corrupção…”.
Em segundo lugar, a conversão no Advento é um convite a revisar o uso de nosso tempo: para o que temos tempo e para o que nunca temos tempo. De fato, no juízo final, daremos conta do que fizemos com nossa vida, com nosso tempo, que é quase a mesma coisa.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que situações, pessoas ou coisas podem impedir que o Senhor chegue a mim?
2. Já vivi alguma conversão forte, experimentando o perdão do Senhor?
3. O que eu deveria organizar em minha vida para que o Senhor possa vir a ela?
4. Tenho tempo para Deus e para o próximo, especialmente o necessitado?
5. Reservo tempo para minha vida interior, o cuidado de minha saúde e o cultivo de meus vínculos familiares?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por João Batista.
Que possas conceder-me uma sincera conversão.
Sei que, às vezes, o êxito, o poder e a riqueza querem ganhar.
Que o batismo que me concedeste um dia, continue a agir,
ordenando minha vida com teus valores.
Situa-me tantas vezes quanto necessário for,
para que eu possa dar prioridade ao importante e não ao urgente.
Quero, neste tempo de esperança,
dar passos firmes para encontrar-nos.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, converte-me: quero distinguir o importante do urgente”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me, a cada manhã, organizar o dia priorizando o importante. Pedirei a são João Batista que me ajude.
“Quem não se arrepende de sua vida passada não pode empreender uma nova”.
Santo Agostinho
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.