Oferta da vida (Lucas 21,1-4)
23 de novembro de 2015Permanecer firmes mesmo na perseguição (Lucas 21, 12-19)
25 de novembro de 2015“Algumas pessoas estavam falando de como o Templo era enfeitado com bonitas pedras e com as coisas que tinham sido dadas como ofertas. Então Jesus disse:
— Chegará o dia em que tudo isso que vocês estão vendo será destruído. E não ficará uma pedra em cima da outra.
Aí eles perguntaram:
— Mestre, quando será isso? Que sinal haverá para mostrar quando é que isso vai acontecer?
Jesus respondeu:
— Tomem cuidado para que ninguém engane vocês. Porque muitos vão aparecer fingindo ser eu, dizendo: “Eu sou o Messias” ou “Já chegou o tempo”. Porém não sigam essa gente. Não tenham medo quando ouvirem falar de guerras e de revoluções. Pois é preciso que essas coisas aconteçam primeiro. Mas isso não quer dizer que o fim esteja perto.
E continuou:
— Uma nação vai guerrear contra outra, e um país atacará outro. Em vários lugares haverá grandes tremores de terra, falta de alimentos e epidemias.
Acontecerão coisas terríveis, e grandes sinais serão vistos no céu.”
Na oração de hoje, vamos pedir a graça da esperança renovada para perseverar no seguimento do Senhor.
O evangelista Lucas, neste trecho, bebe de Marcos num estilo literário próprio da época, a literatura apocalíptica. Pertence a este estilo também a primeira leitura de hoje (Dn 2,31-45), na qual Daniel, ao falar por metáforas da sucessão dos impérios que dominavam o Povo de Israel, mostra a transitoriedade deles e a palavra final pertencente ao Deus da vida. Assim, este estilo nada tem de amedrontador, ao contrário, dá esperança ao povo, chamando assim a perseverar mesmo no presente difícil, pois o Senhor que vela por eles, o Deus da vida, é mais forte do que esta realidade de morte e opressão.
Nessa reflexão do que é passageiro e o que é definitivo na realidade atual podemos ler o Evangelho. Jesus parte da admiração das pessoas pelo Templo de Jerusalém. De fato, uma construção magnífica. Sólida, parece inquebrantável. No entanto, o que é o Definitivo ali? Será que o olhar das pessoas estava tomado pela beleza ou pela Beleza? E eu, diante do belo, até onde o meu olhar chega? Fica na beleza, passageira, ou chega até à Fonte de toda Beleza?
Santo Agostinho já exclamava:
“Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu, lá fora, a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo e eu não estava Convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria, se não existisse em Vós.”
Para levar o olhar daquelas pessoas – e o nosso – além é que Jesus fala: “Não ficará uma pedra em cima da outra”. “A beleza é mesmo tão fugaz”, como cantava Lulu Santos. O Templo de Jerusalém foi destruído no ano 70 e Lucas já se refere a essa destruição, que arrasara os ânimos e parecia aterradora para o povo: Seria o fim?
Não!, diz Jesus. “Não quer dizer que o fim esteja perto.” Ele descreve alguns fatos aí que parecem tão atuais! “Uma nação vai guerrear contra outra, e um país atacará outro. Em vários lugares haverá grandes tremores de terra, falta de alimentos e epidemias.” São todos sinais de morte presentes no nosso mundo atual, provocados pela ganância e pela injustiça, que vêm das pequenas ganâncias e injustiças de cada um em seu mundinho. Afinal, com toda a ciência e a tecnologia que já desenvolvemos, não seriam a fome e as epidemias evitáveis? Que dirão as guerras!
Mas a que nos chama esse Evangelho? Perguntar em nosso diálogo com o Senhor: Jesus, o que você está me dizendo mesmo aqui?
Jesus fala diretamente de algumas atitudes a evitar:
“Tomem cuidado para que ninguém engane vocês. (…) Não sigam essa gente”
“Não tenham medo.”
O medo é contrário ao desejo, contrário ao amor. Ele nos paralisa e não nos permite construir coisas boas, construir o Reino, que é o que somos chamados. “O amor lança fora o temor.” Ninguém evita o medo lutando contra ele, mas deixando o amor falar mais forte dentro de si, se lançando a amar com atitudes concretas, se entregando.
Muito semelhante ao medo está a precipitação. Ela, no fundo, também é fruto do medo. Algumas pessoas, em lugar de ficar paralisadas diante do temor, se jogam na primeira coisa que aparece, irrefletidamente. Jesus alerta a isso também: muitos aparecerão oferecendo a salvação, dizendo que têm o caminho da vida. Não precisa ser só no âmbito religioso. Quantas fórmulas hoje em dia prometendo a eterna juventude! E às vezes investimos tanto atrás dessas coisas que esquecemos o que realmente importa, o que de fato é definitivo, essencial, onde de fato somos chamados a por energia.
Por trás dessas palavras de Jesus, também está um chamado a ter esperança e perseverar no caminho, promovendo o Reino e acreditando que o Deus do Reino é o definitivo nas nossas vidas, mais forte do que toda a barreira que pode nos parecer forte e intransponível na realidade atual.
Peçamos então ao Espírito que afine nossa escuta e nosso olhar para vermos a Beleza, a Bondade e a Verdade em meio à nossa realidade, e a ela nos entregarmos. De corpo, mente e alma.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner