Quem crê no Filho tem a vida eterna (Jo 3,31-36)
7 de abril de 2016Jesus anda em cima da água (JO 6, 16 – 21)
9 de abril de 2016Evangelho, Jo 6,1-15
1Jesus foi para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: ‘Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?’ 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: ‘Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um’. 8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9’Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?’ 10Jesus disse: ‘Fazei sentar as pessoas’. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: ‘Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!’ 13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: ‘Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo’. 15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.
Hoje o evangelho nos chama a algumas reflexões já presentes no nosso imaginário coletivo em torno do “milagre da multiplicação dos pães” e da necessidade de partilharmos o pouco que temos com o coração aberto, sabendo que Jesus é capaz de transformar o pouco em muito. Porém, gostaria de convidá-lo(a) a refletir sobre a Palavra de hoje sob outra perspectiva. Gostaria de refletir sobre duas ações de Jesus, a de se abrir ao encontro com a multidão e a de se retirar após a distribuição dos pães.
Aquele grande grupo que O procurava estava faminto, e Jesus lhe oferece, não só Suas palavras de vida como também o alimento material. Ele atende àqueles que ali estavam para além daquilo que até os discípulos esperavam.
O mestre reza junto àquelas pessoas, mas, percebendo que o verdadeiro interesse delas não era a motivação de uma crença profunda e um desejo de conversão, mas a vontade de ver “espetáculos”, Ele se retira. Ao ver que a multidão estava se exaltando e o colocando em um papel de destaque que não o agradava, Jesus sente necessidade de se retirar.
A multidão talvez não tivesse consciência exatamente do que buscava, mas Jesus tinha pleno discernimento do que veio oferecer. Ele não veio em busca de reconhecimento, de seguidores a quem os impulsos é que dominam. Ele veio em busca dos que realmente estavam dispostos a pensar diferente, a viver diferente. Jesus não precisava de fama, precisava, sim, de corações abertos, de pessoas dispostas a viver a Verdade que Ele trouxe.
E nós, com quem nos identificamos nessa cena? Com a multidão? Com os discípulos que não conseguiram confiar o Seu poder? Ou com aqueles que estavam de ouvidos e coração abertos? Esses, inclusive, deviam ser poucos.
Quantas vezes vamos atrás de Jesus em busca de atendimentos pontuais na certeza de que realmente o que pedimos é o melhor para nós e, ao consegui-lo, glorificamos o nome de Deus para, deixando o divino sair de cena, esquecê-lo novamente?
Nós podemos não saber o que é o melhor para nós, assim como aquele povo não sabia. Mas precisamos descobrir por que seguimos Jesus. Sem saber de nosso posicionamento diante dEle, sem saber porque nos aproximamos dEle, nossos encontros serão sempre superficiais ou simplesmente seremos incapazes de senti-lo conosco. Jesus não quer praticar ações espalhafatosas para que o percebamos, embora Ele possa usar desse artifício. O que ele tem a nos oferecer requer de nós uma busca, primeiro, pelo que ele tem a nos dizer e não pelo que Ele pode nos dar.
Seguir Jesus supõe uma escolha deliberadamente livre. Uma escolha pessoal pela Verdade, pela maneia diferente de viver que Ele traz. Ele precisa de nós em nossa totalidade e não apenas quando nossos interesses nos fazem agir. O convite que Ele nós faz é constante e definitivo. É de coração preenchido totalmente e de uma crença que dispensa holofotes, de uma vivência de profundidade e não de aparências. Do contrário, Jesus é capaz de esperar pelo encontro conosco em situações em que tenhamos mais consciência do que buscamos.
Façamos uma reflexão sobre o que buscamos em Jesus.
Peçamos ao Espírito Santo que abra nossa mente para que reconheçamos o verdadeiro projeto que Jesus veio nos trazer e que nos ajude em nosso amadurecimento naquilo que, de fato, é importante em Nosso encontro com o Mestre. Que nossa escolha seja livre e que, assim, nosso coração fique em paz.
Amém!
Ana Paula Ferreira – Familia Misionera Verbum Dei – Belo Horizonte