E Deus continua criando
9 de fevereiro de 2015É de dentro do coração humano…
11 de fevereiro de 2015Mc 7, 1-13
Naquele tempo: Os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre. Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: ‘Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?’ Jesus respondeu: ‘Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.’ E dizia-lhes: ‘Vós sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus, a fim de guardar as vossas tradições. Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honra teu pai e tua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’. Mas vós ensinais que é lícito alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vós poderíeis receber de mim é Corban, isto é, Consagrado a Deus’. E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. Assim vós esvaziais a Palavra de Deus com a tradição que vós transmitis. E vós fazeis muitas outras coisas como estas.’
A passagem começa descrevendo uma série de tradições da época. Uma lista de práticas e costumes que receberam por tradição. Em seguida, os fariseus perguntam à Jesus porque seus discípulos não seguem a tradição de lavar as mãos antes comer. Faziam isso não por medidas higiênicas, mas como rito cerimonial. Para os mestres da lei essas regulamentações eram consideradas a essência do serviço a Deus.
Esse trecho me fazia questionar as minhas tradições. O que faço apenas por tradição, mas que já perdeu o sentido profundo? O que da tradição, tem sentido profundo, mas eu deixei de fazer? A minha defesa da justiça, da paz, dos mais necessitados vem de verdade de dentro? Ou estou apenas cumprindo a tradição? Estou apenas repetindo discursos e pensamentos sem estar conectada com a Verdade, com a motivação que Deus um dia colocou em meu coração? Onde está a essência da minha vivência da fé?
Jesus denuncia que os mestres da lei e fariseus encontraram artifícios para anular os mandamentos de Deus: seguir as tradições, usar as tradições como justificadores de comportamentos que vão contra a vontade de Deus, que esvaziam a Palavra de Deus. O que temos usado como subterfúgio para anular as intuições mais profundas que Deus coloca em nosso coração? Meu discurso acompanha minhas ações? Somente consigo cumprir com perfeição aquilo que Deus incute em mim. O resto, é discurso vazio. É hipocrisia, como disse Jesus.
Eu digo que quero privilegiar o coletivo, ao invés do individual. Mas o que vejo concretamente é meu isolamento, muitas vezes. É um pensar só em mim mesma.
A tradição vai e vem. O que permanece e o que faz agir com coerência é o mandamento de Deus colocado em nossa coração. É aquela intuição que não deixamos escapar, é aquela sensibilidade a uma situação extrema que não tentamos esconder, é aquela dor sincera ao ver um (a) companheiro (a) que sofre.
Durante toda a oração de hoje, o sentimento que mais ressoou em mim foi o desejo de ser coerente. E como é bom perceber que esse meu desejo comunga com o desejo de Deus: é Ele mesmo que deseja a minha coerência e quer me capacitar para tal.
Pollyanna Vieira – Família Missionária Verbum Dei – BH – MG