O Espírito da Verdade (Jo 15,26–16,4a)
11 de maio de 2015Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17,15.22–18,1)
13 de maio de 2015Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Agora, parto para aquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: ‘Para onde vais?’ Mas, porque vos disse isto, a tristeza encheu os vossos corações. No entanto, eu vos digo a verdade: É bom para vós que eu parta; se eu não for, não virá até vós o Defensor; mas, se eu me for, eu vo-lo mandarei. E quando vier, ele demonstrará ao mundo em que consistem o pecado, a justiça e o julgamento: o pecado, porque não acreditaram em mim; a justiça, porque vou para o Pai, de modo que não mais me vereis; e o julgamento, porque o chefe deste mundo já está condenado”.
O trecho do evangelho de hoje nos apresenta uma situação que muitos de nós já vivemos algumas vezes: a tristeza da separação.
Sou membro de uma família numerosa. Atualmente, espalhada por vários estados do Brasil. Esporadicamente, conseguimos nos reunir quase todos: minha mãe, meus irmãos, sobrinhos, sobrinhos netos e seus respectivos cônjuges. Passamos dois a três dias muito agradáveis, porém chega a hora da despedida e não há como deixar de sentir um aperto por saber que passaremos muito tempo sem nos encontrarmos novamente.
Pensando nisso, durante a oração de hoje, fiquei imaginando a tristeza dos discípulos quando ouviram o Mestre dizer que iria partir. Foram, conforme as escrituras, três anos de um convívio intenso, fazendo florescer uma vida cheia de significados novos, formando com Jesus uma família e experimentando o amor que a todos inclui: “todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50).
Que bom ouvir de Jesus que sua partida não é abandono. Pelo contrário, sua partida deve ser motivo de alegria: “é bom para vós que eu parta”.
Hoje, nós continuamos colhendo os frutos da partida de Jesus. Sintamos em nossa oração a alegria de podermos contar com um Defensor, que sempre está conosco. Muitos poderão agora estar vivendo situações complicadas, sem muitas perspectivas de sucesso, com o coração apertado de tristeza. Principalmente para esses, Jesus está dizendo que há um Defensor enviado por Ele.
Aprendamos, pois, que não importando a situação em que estejamos, devemos confiar nos frutos que virão de nosso Defensor e manter nossos corações abertos para apreciar estes mesmos frutos. Razão de nossa alegria.
A fonte de todo o pecado, que nos pode afastar da vida plena, é não acreditar em Jesus. Sabemos disso porque o Espírito Santo nos foi enviado e veio. Recebemos a graça de ver através do amor. Fomos preenchidos pelo Espírito que nos atrai para o amor e, portanto, nos afasta do pecado.
Na oração de hoje, deixemo-nos invadir pela alegria de perceber que o amor volta ao Pai. Nada que é realizado no amor e por amor se perde.
Nada me parece mais apropriado que as comparações do Reino com as sementes. Acho muito bonito e pertinente, porque, como as sementes, o amor possui a vida em si e a morte não tem a última palavra. Quando lançadas ao chão, as sementes secam, apodrecem, parecem perder a vida, porém renascem e dão muitos frutos.
Também vamos contemplar o Defensor demonstrando que a justiça é a volta de Jesus para o Pai. Ora, o amor que se entrega totalmente, até sua última gota de sangue, vai viver com o Pai na eternidade, nisso consiste a justiça. Como é consolador perceber a dimensão do amor de Jesus pela humanidade! Após se entregar totalmente, não se dá por satisfeito e envia para nós um Defensor. Não nos abandona jamais!
Por vivermos em um mundo cheio de contradições, onde percebemos ainda um individualismo muito grande, o que leva muitos a buscarem satisfações imediatas, em um consumismo desenfreado, precisamos ouvir cada vez mais Jesus nos dizendo que o chefe deste mundo já está condenado.
Às vezes, percebendo tantas situações de injustiças, somos levados ao desânimo, contudo, é necessário que não percamos de vista esta afirmação de Jesus: “o chefe deste mundo já está condenado”.
A vida de Jesus – sua paixão, morte e ressurreição – , condenou definitivamente o chefe deste mundo. A ganância e o egoísmo não conseguem derrotar o amor.
Somos convidados a penetrar neste mistério, viver com esta fé, perceber a ação do Defensor nos protegendo de cairmos na tentação de sucumbir aos convites maliciosos da ganância e do egoísmo. Esta semente, pequena, aparentemente frágil, vai frutificando, crescendo e vencendo os males deste mundo.
Obrigado, Senhor, por todos estes dons que nos dá sem cessar. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte