Se alguém guardar a minha palavra, nunca jamais verá a morte. (JO 8, 51 – 59)
6 de abril de 2017Jesus:caminho, verdade e vida (Jo 11,45-56)
8 de abril de 2017Leitura: João 10, 31-42
Então eles tornaram a pegar pedras para matar Jesus. E ele disse:
— Eu fiz diante de vocês muitas coisas boas que o Pai me mandou fazer. Por causa de qual delas vocês querem me matar?
Eles responderam:
— Não é por causa de nenhuma coisa boa que queremos matá-lo, mas porque, ao dizer isso, você está blasfemando contra Deus. Pois você, que é apenas um ser humano, está se fazendo de Deus.
Então Jesus afirmou:
— Na Lei de vocês está escrito que Deus disse: “Vocês são deuses.” Sabemos que as Escrituras Sagradas sempre dizem a verdade, e sabemos que, de fato, Deus chamou de deuses aqueles que receberam a sua mensagem. Quanto a mim, o Pai me escolheu e me enviou ao mundo. Então por que vocês dizem que blasfemo contra Deus quando afirmo que sou Filho dele? Se não faço o que o meu Pai manda, não creiam em mim. Mas, se eu faço, e vocês não creem em mim, então creiam pelo menos nas coisas que faço. E isso para que vocês fiquem sabendo de uma vez por todas que o Pai vive em mim e que eu vivo no Pai.
A essa altura tentaram novamente prendê-lo, mas Jesus escapou das mãos deles.
Ele voltou de novo para o lado leste do rio Jordão, foi para o lugar onde João Batista tinha batizado antes e ficou lá. E muita gente ia vê-lo, dizendo:
— João não fez nenhum milagre, mas tudo o que ele disse sobre Jesus é verdade.
E naquele lugar muita gente creu em Jesus.
Oração:
Jesus está em Jerusalém e percebe que os judeus queriam matá-lo. Jesus fica perplexo: “Querem matar-me pelo bem que eu faço?” Eles respondem que não. Temos de matá-lo porque você, “sendo apenas um homem, te fazes Deus”. De fato, Jesus havia dito: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).
Mesmo depois de tantos anos, parece que quem deseja seguir Jesus enfrentará o mesmo questionamento. Faça o bem… Não há problema que seja feito o que é bom… Mas não atrele isso a Deus… Não se filie… Não seja filho… Não havendo filho, não há pai. Não havendo pai, não há irmãos.
Na oração, podemos nos perguntar: que tinham esses judeus no coração? Tinham medo da proximidade com que Jesus apresentava o Pai? Tinham medo de ficar parecendo que o Pai era próximo, simples e pobre? Tinham medo de que suas funções se perdessem, afinal, o Altíssimo estava no meio de um grupo de pescadores? E nós, que medos temos dessa relação de filiação? Por que, também dentro de nós, levantamos pedras para matar a presença de Deus? Talvez sejamos como aqueles homens que se inquietavam com a presença de Jesus. Talvez queiramos os frutos do Espírito, a construção do Reino, mas sem nos dispormos à relação com Deus. Talvez não suportemos a proximidade de uma relação filial. Talvez nos amedronte a singeleza e que Deus nos fale diretamente, no meio da vida e não apenas quando vou ao Templo. Por esse medo, levanto pedras para matar a Vida que nasce em mim.
Na oração, peçamos ao Espírito que, assim com Jesus escapou desses homens para dar a vida quando queria, que a Vida sobreviva em meio às nossas pedras. “Procuravam novamente prendê-lo. Mas ele lhes escapou das mãos”. Que o Espírito escape das nossas artimanhas para diminuí-Lo e aprisioná-Lo. Que Ele nos entregue sua Vida como fez Jesus: no seu tempo, na sua forma e na sua medida infinita.
Por que me ver como filho com o Filho? Por que tentar fazer-me filho? Parece que há menos confusão se eu simplesmente puder fazer as boas obras, mas sem entrar nessa conversa com o Pai. Jesus teria evitado tantos problemas se ficasse na superfície das ações e não discutisse seus motivos… por que vou eu também enfrentar essa confusão?
O que João nos conta que Jesus faz em seguida parece responder a essas perguntas. O evangelista nos diz que Jesus ressuscita Lázaro. Nesse dia, quando Jesus viu Maria, irmã de Lázaro, chorar juntamente com os judeus, ele “se comoveu interiormente e fico conturbado” (Jo 11, 33). “Jesus chorou” (Jo 11, 35). E depois, na conversa com o Pai, Jesus trouxe Lázaro de volta à vida (Jo 11, 41-43). Parece que somente quem se permite a relação de filho e filha com o Pai tem, ao mesmo tempo, a possibilidade de chorar profundamente a dor do outro e, na conversa com o Pai, fazer viver o que está morto. Essa relação de filho e filha com o Pai nos leva a graus de sensibilidade até estarmos perturbados, sentindo a dor e escorrendo a lágrima do outro… mas essa relação não nos deixa presos ao desespero ou ao desamparo. Da conversa com o Pai, volta a Vida depois da dor e da morte.
Peçamos ao Espírito que nos guie no caminho de sermos, com Jesus, filho ou filha do Pai. Que saibamos sentir a dor com profundidade e fazer viver com a intensidade de quem vence até a morte.
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte