Mateus 13, 47-53
2 de agosto de 2018Chamados à conversão (Mt 14,1-12)
4 de agosto de 2018E voltou para a cidade de Nazaré, onde ele tinha morado. Ele ensinava na sinagoga, e os que o ouviam ficavam admirados e perguntavam:
— De onde vêm a sabedoria dele e o poder que ele tem para fazer milagres? Por acaso ele não é o filho do carpinteiro? A sua mãe não é Maria? Ele não é irmão de Tiago, José, Simão e Judas? Todas as suas irmãs não moram aqui? De onde é que ele consegue tudo isso?
Por isso ficaram desiludidos com ele. Mas Jesus disse:
— Um profeta é respeitado em toda parte, menos na sua terra e na sua casa.
Jesus não pôde fazer muitos milagres ali porque eles não tinham fé.
Espírito Santo, entrego minha mente e meu coração aos seus cuidados. Guie-me na oração.
Hoje eu sou tocado a me perguntar quais são os filtros que utilizo para aceitar ou não o que vem de Deus e também “quem” vem da parte de Deus.
Lendo as escrituras, percebo que Deus, durante toda a história da salvação, utilizou-se de pessoas para enviar suas mensagens, suas ordens e suas leis. Não consegui me lembrar de nenhuma narrativa na qual Deus tenha se dirigido a todo o povo diretamente. Também me lembrei de inúmeros casos em que Deus escolheu a pessoa menos indicada, do ponto de vista da sociedade, das regras e costumes dos homens, para ser seu porta-voz, como é o caso de Davi, que foi escolhido por Samuel dentre todos os seus irmãos. Samuel fora enviado à casa de Jessé para escolher aquele que seria ungido rei. De início, imaginou ser Eliab o eleito, mas ouviu de Deus: “Não se impressione com a aparência nem com a altura deste homem. Eu o rejeitei porque não julgo como as pessoas julgam. Elas olham para a aparência, mas eu vejo o coração” (I Sm 16, 7b).
Quando eu li o trecho do evangelho de hoje, no primeiro momento fui levado a criticar aqueles que estavam ali e não perceberam que Jesus era o tão esperado messias. Porém, ao me colocar entre eles, fui percebendo que também me comporto assim e talvez não tivesse reconhecido a grandeza de quem estava ali na minha frente.
Hoje, a oração me convida a me deixar tocar por Deus no que tenho de mais íntimo, para que eu possa perceber as pessoas da forma como Ele vê. Deixar que Deus me conduza neste processo de perceber as pessoas escolhidas por Ele para compartilhar de minha vida, deixar-me guiar pelo genuíno dom do discernimento que o Espírito Santo me dá, procurando me afastar, pelo menos um pouco, do julgamento que se faz pela aparência, física ou intelectual, baseada em estereótipos padronizados pelos homens ou pelos títulos acumulados.
E, nesse contexto, a relação entre milagres e fé, exposta no último versículo, também chamou muito minha atenção.
Quantas vezes ficamos nos lamentando de que as coisas não dão certo para nós? Que nada melhora, ou sei lá mais o quê? Sem saber, podemos estar bloqueando a ação de Deus em nossa vida, porque não conseguimos mudar o olhar. Olhar as coisas com o olhar de Deus. Se insistirmos em julgar pelas aparências, poderemos deixar passar coisas boas que Deus nos envia. Algumas vezes, pessoas que nos incomodam são mestres, e não percebemos. Afastamo-nos imediatamente delas, sem dar a chance de vivenciar um importante ensinamento.
A leitura de hoje me sugere mais cuidado para identificar porque estou incomodado e perceber se aí não está uma mensagem de Deus para que eu aceite a necessidade de mudanças em mim.
Que o Espírito Santo nos ilumine e nos conceda a capacidade de olhar com os olhos de Deus, de tal modo que possamos ver o coração. Amém!
***
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte