Deus aceita o perfume…
21 de março de 2016Traição e livre-arbítrio
23 de março de 2016Leitura: João 13, 21-33.36-38
Depois de dizer isso, Jesus ficou muito aflito e declarou abertamente aos discípulos: — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: um de vocês vai me trair. Então eles olharam uns para os outros, sem saber de quem ele estava falando. Ao lado de Jesus estava sentado um deles, a quem Jesus amava. Simão Pedro fez um sinal para ele e disse: — Pergunte de quem o Mestre está falando. Então aquele discípulo chegou mais perto de Jesus e perguntou: — Senhor, quem é ele? — É aquele a quem vou dar um pedaço de pão passado no molho! — respondeu Jesus. Em seguida pegou um pedaço de pão, passou no molho e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. E assim que Judas recebeu o pão, Satanás entrou nele. Então Jesus disse a Judas: — O que você vai fazer faça logo! Nenhum dos que estavam à mesa entendeu por que Jesus disse isso. Como era Judas que tomava conta da bolsa do dinheiro, alguns pensaram que Jesus tinha mandado que ele comprasse alguma coisa para a festa ou desse alguma ajuda aos pobres. Judas recebeu o pão e saiu logo. E era noite. Quando Judas saiu, Jesus disse: — Agora a natureza divina do Filho do Homem é revelada, e por meio dele é revelada também a natureza gloriosa de Deus. E, se por meio dele a natureza gloriosa de Deus for revelada, então Deus revelará em si mesmo a natureza divina do Filho do Homem. E Deus fará isso agora mesmo. Meus filhos, não vou ficar com vocês por muito tempo. Vocês vão me procurar, mas eu digo agora o que já disse aos líderes judeus: vocês não podem ir para onde eu vou. Simão Pedro perguntou a Jesus: — Senhor, para onde é que o senhor vai? Jesus respondeu: — Você não pode ir agora para onde eu vou. Um dia você poderá me seguir! Pedro tornou a perguntar: — Senhor, por que eu não posso segui-lo agora? Eu estou pronto para morrer pelo senhor! — Está mesmo? — perguntou Jesus. — Pois eu afirmo a você que isto é verdade: antes que o galo cante, você dirá três vezes que não me conhece.
Oração:
Na oração de hoje, ao contemplar uma das cenas mais tensas antes da morte de Jesus, sou tomado por esperança.
Dois discípulos de Jesus estão em evidência: Judas, o traidor, e Pedro, a quem Jesus confiará a Igreja incipiente.
Olho para Judas. Os discípulos não sabiam que ele trairia. Ninguém ali tinha tal comportamento que denunciasse seu desfecho como traidor. Olho para mim. Percebo que minhas traições ao projeto do Reino, cotidianas quem sabe, não são atitudes espalhafatosas cheias de maldade. Trai-se discretamente, tirando da sacola, cada dia, um pouco (Jo 12, 6), ou com gestos nada traiçoeiros, como um beijo (Lc 22, 48).
Olho para Pedro. Ele não sabia que negaria. Achou que seria fiel em quaisquer circunstâncias, mas, muito antes de sentir dor, disse não. Olho para mim. Quantas vezes e de quantas formas digo que não conheço o projeto do Reino, ou que não o aprovo, ou que a ele sou indiferente?
Destoante da iminente traição de Judas e da negação de Pedro é o discurso de Jesus sobre a glória de Deus. O amigo de Jesus que o trai e o amigo que vai dizer que eles não se conhecem não são impeditivos da manifestação da glória do Pai. Que bonito isso! Sentir, na oração, que Jesus já conta com a minha falha, com os meus retrocessos, com as minhas traições, com as minhas incertezas… Ele me adverte, mas faz o caminho próprio d´Ele. Se eu me volto para Ele, Ele me acolhe. O sim e a disposição do Filho não dependem da coerência de seus amigos, discípulos, representantes… Ele se entrega mesmo com as falhas daqueles todos. Como dá esperança!
Senhor, sempre que eu for um discípulo que trai (Jo 18, 3), que nega (Jo 18, 27) ou que dorme (Lc 22, 45), que não saia da minha memória a lembrança do seu amor, que sempre quererá me acolher (Lc 15, 11-32)!
João Gustavo H. M. Fonseca – Família Verbum Dei de Belo Horizonte