A cura de um paralítico
13 de março de 2018João 5,31-47
15 de março de 2018Evangelho: João 5,17-30
“Então Jesus disse a eles:
— O meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho.
E, porque ele disse isso, os líderes judeus ficaram ainda com mais vontade de matá-lo. Pois, além de não obedecer à lei do sábado, ele afirmava que Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se assim igual a Deus.
Então Jesus disse a eles:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o Filho não pode fazer nada por sua própria conta, pois ele só faz o que vê o Pai fazer. Tudo o que o Pai faz o Filho faz também, pois o Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que está fazendo. E vai mostrar a ele coisas ainda maiores do que essas, e vocês vão ficar admirados. Porque, assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida aos que ele quer. O Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho todo o poder para julgar a fim de que todos respeitem o Filho, assim como respeitam o Pai. Quem não respeita o Filho também não respeita o Pai, que o enviou.
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem ouve as minhas palavras e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não será julgado, mas já passou da morte para a vida. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vem a hora, e ela já chegou, em que os mortos vão ouvir a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. Assim como o Pai é a fonte da vida, assim também fez o Filho ser a fonte da vida. E ele deu ao Filho autoridade para julgar, pois ele é o Filho do Homem.
— Não fiquem admirados por causa disso, pois está chegando a hora em que todos os mortos ouvirão a voz do Filho do Homem e sairão das suas sepulturas. Aqueles que fizeram o bem vão ressuscitar e viver, e aqueles que fizeram o mal vão ressuscitar e ser condenados.
Jesus continuou a falar a eles. Ele disse:
— Eu não posso fazer nada por minha própria conta, mas julgo de acordo com o que o Pai me diz. O meu julgamento é justo porque não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou.”
Reflexão:
Outro dia contaram-me que a nova coordenadora de catequese de uma comunidade precisou pegar a chave do armário da catequese para arrumar os materiais e demorou uma semana, com mais de dois contatos diários, para que a antiga coordenadora entregasse essa chave, não sem mal-estar. No dia seguinte, um outro amigo me disse que, em seu escritório, se atende a ligação de um cliente pedindo informações, precisa enrolar e dizer-lhe que retornará, reportar à sua coordenadora via email para que ela decida se responderá diretamente ou ele poderá fazê-lo ao cliente, com as informações que já possuía e poderiam ter sido dadas de forma imediata. Caso contrário, ela lê como abuso de poder e tentativa de “roubar” o cliente, não sem represálias. E uma terceira pessoa contou-me que precisa medir as palavras no grupo da família, porque, do contrário, a prima X acha que ele está tomando partido do primo Y, com quem ela é brigada.
Acontece nas melhores famílias (nos melhores trabalhos, nas melhores comunidades)… não é?
Por que?
Não será porque acontece dentro da gente? Se somos sinceros, sabemos que também não escapamos de ser pegos pelo ciúme, pela inveja, pela rivalidade, pela comparação, pelas simpatias e antipatias, pelo poder, pelo controle…………enfim……….. pela carência.
Comecemos nossa oração, então, entregando fazendo-nos conscientes desses sentimentos que preferíamos negar, esconder ou eliminar, e entregando nossa carência a Jesus: aqui estão, Senhor, meu coração e minha vida neste momento, como são e como estão!
Aí ele pode começar a trabalhar. E que bonito saber: seu trabalho é contínuo! Ele não se cansa de nós, como o Pai nunca se cansou do ser humano. “O meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho.”
Os judeus não deram conta dessa relação tão íntima entre Jesus e o Pai. E não será que nós também não damos conta? Por não dar conta, ficamos de fora, mesmo que incessantemente sejamos convidados a experimentar esse amor, a participar dela? E, por ficar de fora, morremos de sede ao lado da Fonte, de fome ao lado do Banquete, com o coração a mendigar migalhas ao lado do Tesouro?
A fala de Jesus é uma provocação para os judeus, e para nós também. Peçamos a graça ao Espírito Santo de nos introduzir nessa relação entre o Pai e o Filho à qual somos convidad@s a participar. Fechemos nossos olhos, respiremos com calma e façamos memória de tantos bens recebidos, de tantos dons ao longo da nossa vida e no momento presente. Reconheçamos que tudo vem de Deus e volta para Ele, e que o nosso trabalho do dia a dia, no serviço, na Paróquia ou em casa, é chamado a ser participação na entrega de Jesus ao Pai, oportunidade de aprender a amar como Ele nas mínimas coisas. Como Jesus com o Pai, contemplar o que Ele faz para fazer o que Ele faz.
O que Jesus faz? Dá vida a quem está morto. Faz com que, quem o escute, saia da sua sepultura. Que bonito seria se, por onde passássemos, gerássemos vida assim! Afinal, com quantos mortos-vivos nos topamos no dia a dia! Mas, para isso, primeiro (e a cada dia) precisamos deixar que o Senhor nos reavive. Quais são as sepulturas da minha vida hoje? Quais são os lugares mortos dentro de mim, no qual guardo coisas em estado de putrefação e precisavam sair daí, pois não me levam para mais vida? Reconhecê-las, apresentá-las a Jesus e pedir que Ele, Fonte da vida, nos dê vida, para que nós levemos vida, e não morte, ao nosso redor (perdão e não mágoa; amor e não medo; colaboração e não competição; etc.; etc.).
Que Maria, a Mulher do “sim”, nos ajude a fazer a vontade do Pai, como Jesus.
Tania Pulier, esteticista da alma, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei