Deus nos visita
24 de dezembro de 2014Os perseguidos de hoje
26 de dezembro de 2014Leitura: Lucas 2,1-14
Aconteceu que naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. Por ser da família e descendência de Davi, José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. O anjo, porém, disse aos pastores:
‘Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura.’ E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.’
Oração:
A advertência do anjo aos pastores, dizendo que o sinal de que “nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” é “um recém-nascido envolvido em faixas a deitado numa manjedoura” nos interpela na oração de hoje.
Vender todos os bens, dar o dinheiro aos pobres e segui-Lo não pareceria ideia tão absurda… ofertar os poucos peixes e pães que tenho para saciar uma multidão não pareceria uma ideia tão fora de propósito… permanecer calmo quando o barco se agita pelas ondas não seria impossível… SE eu cresse, de verdade, que o Salvador está envolto em faixas, deitado na manjedoura.
Não me assustar com um homem que anda sobre as águas do mar agitado seria mais fácil… aceitar que o mestre recuse a revolução pela violência seria mais fácil… não negá-Lo quando Ele se propõe a morrer seria mais fácil… SE eu cresse, de verdade, que o Salvador está envolto em faixas, deitado na manjedoura.
Contemplo a vida de Jesus jovem, adulto, caminhando com seus discípulos, tantas vezes incompreendido e escandalizando. Vejo o menino deitado na manjedoura, às vezes chorando, talvez com frio, quem sabe aquecido pela respiração dos animais ou de seus pais. É preciso mastigar mais, muito e a vida toda, o absurdo desse sinal: o menino envolvido em faixas, deitado na manjedoura.
Mastigar o início de tudo, até perder os vestígios de uma fé. Ou até ter fé de verdade. Como um possível bovino do pasto onde os pastores estavam, ruminar o natal. Ruminar até não aguentar a verdade. Ou até se apaixonar por ela e fazer dela alimento para a vida. Enfim, não mascarar a essência da fé cristã, seja para abandoná-la no pasto, com suas faixas, seja para segui-la até onde as faixas cobrem o corpo todo ferido do menino que cresceu.
O menino envolvido em faixas, deitado na manjedoura, nos escandalize, espante, comova, convença… Que nós o peguemos nos braços, cuidemos d’Ele, mas deixemos que Ele nos ensine a falar e a andar.
João Gustavo H. M. Fonseca – estudante de Direito da UFMG, membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte