Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso
9 de março de 2020“O Filho do Homem veio para servir e dar sua vida…”
11 de março de 202010 de março – Terça-feira da Segunda Semana da Quaresma
Texto Bíblico: Mt 23,1-12
- Leitura: o que o texto diz?
O texto de hoje nos apresenta um ensinamento relevante de Jesus a seus discípulos e a uma multidão de gente. Nesta passagem, Jesus reconhece a autoridade que os mestres da Lei e os fariseus possuem de interpretar os preceitos do Senhor. Na perspectiva de Jesus, esta autoridade é legitima, alguém conferiu-lhes esta missão. Porém, Jesus alerta para um problema: a discrepância entre o que ensinam e o que vivem. Ao indicar o modo de viver deles, Jesus aponta uma sequência de atitudes desmedidas de vaidade e busca de reconhecimento, as quais devem ser radicalmente evitadas pelos discípulos do Reino. Podemos destacar dois ensinamentos principais neste texto: a) os mestres da lei e os fariseus devem ser ouvidos e seus ensinamentos observados, pois são legítimos, mesmo que eles próprios não vivam (v. 3); b) o discípulo de Jesus busca o caminho da humildade, por isso não deve evitar a presunção de se achar melhor que o outro.
- Meditação: o que o texto me diz?
Esta passagem nos coloca de frente com uma situação bem comum em nossas Igrejas, grupos e pastorais. Diante de uma pregação ou exortação é bem comum que venha a nosso pensamento os erros, fragilidades e até pecados de quem fala. Desse modo, blindamos nossa consciência e nos esquivamos da necessidade de conversão. Fazemos da fraqueza do outro um álibi para a nossa permanência no erro. Jesus nos ensina que, se o outro fala a verdade, deve ser escutado. Precisamos nos esforçar para seguir esta verdade anunciada, mesmo que o que fala ainda não a siga plenamente. Associado a isso, Jesus ensina que não devemos nos acomodar com uma aparência piedosa para sermos vistos e aplaudido pelos outros. Não queremos os “louros” humanos. Por isso, o caminho da humildade se revela imprescindível. Em face a essas constatações, é importante que o leitor se interrogue em que medida esses ensinamentos tocam a sua vida. Será que você tem o costume de se blindar a partir das fraquezas dos outros? Ou mesmo antepor essas fraquezas ao que escuta? Ou, por acaso, não tem buscado aplausos demais para sua piedade e devoção? O texto nos encaminha para rezar a partir dessas realidades.
- Oração: o que o texto me faz dizer?
Tendo em vista os pontos indicados, ou mesmo outros que surgiram em sua leitura, tente perceber em qual direção Deus quer te conduzir? Que elemento chama mais sua atenção, mexe com seu interior, faz seu coração pulsar mais forte? É bem provável que esta seja a realidade que Deus quer trabalhar em você hoje. Abre-se a este momento. Permita que Deus toque e mude aquilo que é necessário. Faça uma oração apresentando a esse Pai de Bondade aquilo em você que precisa ser tocado e transformado por ele.
- Contemplação
A partir daquilo que foi rezado, é hora de contemplar, mais intensamente, a ação de Deus em sua vida. Deixar que ele entre nos lugares mais profundos e descubra aquilo que há de mais escondido, principalmente qualquer desejo de grandeza, pretensão ou falta de humildade. Apresente a Deus o seu orgulho ferido, a sua busca de reconhecimento dos outros, aquilo que ainda não está sanado em seu coração e seu caminhar. Retire suas máscaras para que Deus contemple a verdade sobre você. Não precisa de medo, nem de vergonha, apenas deixe-se encontrar por ele.
- Ação
Após rezar com esse texto, é momento de um gesto concreto, de transformar a oração em atitude de conversão. Por isso, é essencial que, inspirado por sua oração, você compreenda bem qual área de sua vida foi mais atingida e tomar uma atitude nesse âmbito. Peça a luz de Deus para discernir bem o que fazer.
Pe. Márcio Santos, INJ
*Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Vigário da Paróquia São Paulo Apóstolo em Mossoró-RN, Brasil. Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Leciona na Faculdade Católica do Rio Grande do Norte.