XVII Domingo do Tempo Comum – Ano C
17 de julho de 2016Vejam! (Mateus 12,46-50)
19 de julho de 2016“Então alguns mestres da Lei e alguns fariseus disseram a Jesus:
— Mestre, queremos ver o senhor fazer um milagre.
Jesus respondeu:
— Como as pessoas de hoje são más e sem fé! Vocês estão me pedindo que faça um milagre, mas o milagre do profeta Jonas é o único sinal que lhes será dado. Porque assim como Jonas ficou três dias e três noites dentro de um grande peixe, assim também o Filho do Homem ficará três dias e três noites no fundo da terra. No Dia do Juízo o povo de Nínive vai se levantar e acusar vocês, pois eles se arrependeram dos seus pecados quando ouviram a pregação de Jonas. E eu afirmo que o que está aqui é mais importante do que Jonas. No Dia do Juízo a Rainha de Sabá vai se levantar e acusar vocês, pois ela veio de muito longe para ouvir os sábios ensinamentos de Salomão. E eu afirmo que o que está aqui é mais importante do que Salomão.”
Na oração de hoje, vamos pedir ao Pai a graça da dócil escuta no seguimento de Jesus.
A primeira leitura, de Miqueias (Mq 6,1-4.6-8), nos dá uma chave de compreensão para o Evangelho: “O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com devoção e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus.” Na simplicidade da relação com Deus e com o próximo, somos convidados à obediência, que significa “escuta” ao Pai. E o que Pai nos pede é a justiça e o amor para com os irmãos. Que imagem tão bonita a de um amor com devoção! Devotar nosso ser, nosso tempo, nossos dons e talentos, a inteireza do que somos ao outro, nos pequenos gestos, em cada oportunidade do dia a dia.
Mas os mestres da Lei e alguns fariseus queriam complicar. Ao lhes faltar essa “humilde obediência” da adesão de fé Àquele que o Pai enviara, que já mostrava as obras do Pai, eles ainda queriam ver pra crer. “Mestre, queremos ver o senhor fazer um milagre.” O milagre está na esfera do extraordinário, é o maravilhoso que nem sempre faz caminhar, deixa as pessoas “mirando de fora”.
O que Jesus fazia, ordinária ou extraordinariamente, de forma cotidiana ou inusitada, eram sinais. Sinal aponta para outra realidade. Jesus aponta para o Pai com seus gestos e palavras. O sinal pede fé, que se traduz em engajamento, adesão com a vida, seguimento. O que queremos, o milagre ou o sinal?
Antes de mergulhar no sinal que Jesus dá, vamos entrar nas duas imagens que ele usa para comparar com a incredulidade dos que lhe pediam um milagre. “No Dia do Juízo o povo de Nínive vai se levantar e acusar vocês, pois eles se arrependeram dos seus pecados quando ouviram a pregação de Jonas. E eu afirmo que o que está aqui é mais importante do que Jonas.” Deus mandou o profeta Jonas pregar aos ninivitas, e eles se converteram diante da pregação, deram ouvidos à Palavra. “No Dia do Juízo a Rainha de Sabá vai se levantar e acusar vocês, pois ela veio de muito longe para ouvir os sábios ensinamentos de Salomão. E eu afirmo que o que está aqui é mais importante do que Salomão.” A Rainha de Sabá fez uma longa viagem para ouvir a sabedoria de Salomão.
Em ambos os casos se trata da escuta, da humilde obediência, da acolhida da Palavra. Quando ela acontece, ocorre transformação. Está aí o grande milagre, o sinal da presença de Deus. Os mestres e fariseus não viam exatamente porque não acolhiam. Fazemos o mesmo quando não somos capazes de assumir o risco de dar o passo que o chamado da Palavra nos propõe, mas ficamos querendo mais uma comprovação, mais uma garantia, ver por todos os lados a obra pronta, quando na verdade o caminho se faz ao caminhar.
Por que fazemos isso? Por medo. Se puxarmos o fio do medo – “Medo de que? Mas medo de que mesmo? Medo de que?…” – chegaremos à raiz dos medos nossos e de toda a humanidade, o medo da morte. Jesus, ao assumir a morte por amor, ao se entregar por nós, nos liberta disso que nos paralisa e não deixa acolher a vida plena que Ele nos oferece. “Ele fez isso para, por meio da sua morte, libertar os que foram escravos toda a sua vida por causa do medo da morte.” (Hb 2, 14-15) Este é o grande sinal que Ele nos oferece, seu amor. E que o Pai confirma ressuscitando-o e dando a todos nós a possibilidade de viver com ele, nele e como ele, pelo Espírito.
Peçamos então ao Espírito que nos dê o dom da fé e nos ajude a caminhar nela, pela Palavra.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner