Dar comida na hora certa (Lc 12, 39-48)
22 de outubro de 2014Lucas 12,54-59
24 de outubro de 2014Leitura: Lucas 12,49-53
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”.
Oração:
Às vezes, minha oração é queixosa: meu Deus, por quê? Por que eu nesta família? Por que eu neste país? Por que eu nesta situação? Por que o mundo neste conflito? Sinto-me bem ao ler o evangelho de hoje, pois minha inconformidade já foi vivida por Jesus, que se inconforma com o fato de, após tantos profetas, após tanta caminhada, ainda não haver fogo na terra.
Penso nas situações onde faltam os aspectos do fogo: como seria bom que houvesse, ao meu redor, mais calor humano! Como seria bom que as realidades políticas e sociais fossem mais cheias de luz e, assim, bem compreendidas! Como seria bom se a agitação do mundo tornasse as pessoas mais próximas, até se darem conta de que, em verdade, estão todas juntas, tal qual as moléculas dos metais que se fundem sob altas temperaturas. Porém, falta calor, falta luz, falta movimento e unidade.
Jesus veio lançar esse fogo. Nós, como seus enviados (Mc 16, 15), somos esse fogo, que é mesmo luz da terra (Mt 5, 14). Nós, como seus imitadores (Jo 13, 16), somos também lançadores desse fogo. Que é este fogo senão o amor de Deus, o seu Espírito, que age através de nós e que podemos soprar sobre os que não têm vida?
A presença do Espírito em nós causa inquietação e divisão. Inquietação interior, ao invés de plena paz, porque Deus não é “algo” que se amolde a mim, mas “alguém” que talvez me modele. Divisão exterior porque Deus é “alguém” definido; não se trata de um conteúdo informe que eu possa interpretar conforme minhas necessidades, discursos e ações.
Portanto, o seguimento de Jesus não permite que digamos que tanto faz nosso posicionamento político, que tanto faz nossa vivência social, que tanto faz nossa vida moral. Nesse período eleitoral, vem à minha mente meus amigos com posicionamento político diferente do de seus pais, familiares e colegas de profissão. Comprovo o acerto de Jesus, que afirma que dividiria, e peço-lhe que sejamos fogo que ilumina, aquece e une.
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca – estudante de Direito na UFMG