A vinda do Reino de Deus
16 de novembro de 2017Oração (Lc 18, 1-8)
18 de novembro de 2017Como foi no tempo de Noé, assim também será nos dias de antes da vinda do Filho do Homem. Todos comiam e bebiam, e os homens e as mulheres casavam, até o dia em que Noé entrou na barca. Depois veio o dilúvio e matou todos. A mesma coisa aconteceu no tempo de Ló. Todos comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam. No dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e matou todos. Assim será o dia em que o Filho do Homem aparecer. Aí quem estiver em cima da sua casa, no terraço, desça, e fuja logo, e não perca tempo entrando na casa para pegar as suas coisas. E quem estiver no campo não volte para casa. Lembrem da mulher de Ló. A pessoa que procura os seus próprios interesses nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo terá a vida verdadeira. Naquela noite, duas pessoas estarão dormindo numa mesma cama. Eu afirmo a vocês que uma será levada, e a outra, deixada. Duas mulheres estarão moendo trigo juntas: uma será levada, e a outra, deixada. Naquele dia, dois homens estarão trabalhando na fazenda: um será levado, e o outro, deixado.
Então os discípulos perguntaram:
— Senhor, onde vai ser isso?
Ele respondeu:
Onde estiver o corpo de um morto, aí se ajuntarão os urubus.
Peço ao Espírito Santo a luz para iluminar o entendimento, aquecer todo o sentido que dele brotar e impulsionar a ação necessária que ele suscitar.
Senhor, esse evangelho de hoje não é de fácil compreensão. E talvez não seja mesmo o caminho tentar compreendê-lo, pelo menos com as possibilidades limitadas do entendimento. Trazendo mais para o coração, busco elementos que me indiquem a direção que você aponta.
Percebo que, nos momentos citados, o tempo de Noé, antes do dilúvio, e a destruição de Sodoma, pouco antes da saída de Ló dessa cidade, a vida transcorria normalmente: todos comiam e bebiam, casavam-se, compravam e vendiam, plantavam e construíam. Apenas alguns, como Noé e sua família, Ló e suas filhas, deixaram de fazer as tarefas rotineiras para entrarem num outro plano, cujas necessidades eram: ter vigilância, atenção e disposição de fazer o que fosse melhor, inclusive deixar bens, casa, família, lugar. O dilúvio veio e também a destruição de Sodoma. Os que haviam acolhido o chamado, foram salvos.
Você, Jesus, alerta-nos quanto ao dia de seu retorno, do qual nada sabemos. Nem quando será e nem de que jeito será. Por isso, pede a cada um de nós, de forma imperativa: “…não perca tempo entrando na casa para pegar as suas coisas (…) não volte para casa”. E ainda complementa: “A pessoa que procura os seus próprios interesses nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo terá a vida verdadeira”.
Sua palavra, Senhor, é alimento para os sentidos. Não podemos nos iludir, a ponto de pensar que você não nos chega por meio de alguém que nos interpela. Todos os dias são o dia de seu retorno, para o qual devemos estar preparados, vigilantes para não cairmos na armadilha de priorizar as satisfações de prazeres transitórios, que não têm a vida em si. Sua presença é real e perene em nós e no outro, acontece no ordinário da vida, na rotina diária, em qualquer tempo e lugar. Desapegar-se de bens materiais, não se prender ao passado, lamentando-se pelo que aconteceu ou pelo que não aconteceu do jeito que se quis, buscando fazer, a cada momento, o que pode e deve ser feito; procurar a vida verdadeira, que não está na satisfação dos próprios interesses, mas no reconhecimento, respeito e cuidado com a vida do semelhante e de toda a criação. Sinto que seja esse o seu ensinamento, por meio dessa passagem, e também o seu chamado a nós hoje.
E quem será escolhido, Senhor? Creio que os escolhidos são, na verdade, aqueles que antes acolheram, com liberdade, o seu chamado. Não há rejeição que não venha do próprio agir: aceitar ou não aceitar, acolher ou não acolher, seguir ou não seguir. O seu convite é para todos. Muitos não têm tempo ou não têm vontade. Por isso, pensei em ilustrar essa breve oração com uma imagem de Madre Teresa de Calcutá, que tão bem representa a pessoa que escolheu acolher o seu chamado, esquecendo-se a si mesma.
Senhor, fortaleça em nós a chama que trazemos desde sempre, para que escolhamos segui-lo no cuidado do verdadeiro bem: a vida dos semelhantes e de toda a criação. Amém!
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Regina Maria – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte