Mateus 11,11-15
13 de dezembro de 2018Que messias esperamos? (Mt 17, 10-13)
15 de dezembro de 2018— Mas com quem posso comparar as pessoas de hoje? São como crianças sentadas na praça. Um grupo grita para o outro:
“Nós tocamos músicas de casamento, mas vocês não dançaram!
Cantamos músicas de sepultamento, mas vocês não choraram!”
João Batista jejua e não bebe vinho, e todos dizem: “Ele está dominado por um demônio.” O Filho do Homem come e bebe, e todos dizem: “Vejam! Este homem é comilão e beberrão! É amigo dos cobradores de impostos e de outras pessoas de má fama.” Porém é pelos seus resultados que a sabedoria de Deus mostra que é verdadeira.
Nesta manhã, Senhor, quero colocar-me a seus pés, recostar minha cabeça no seu colo e ouvir de você as palavras pelas quais meu coração anseia e que não encontro em nenhum outro lugar. Espírito Santo, dom da vida e do amor, ilumine meu entendimento e dê-me forças para manter meu coração aberto às novidades.
Senhor, quando um coração está fechado ele se volta para dentro de si e não consegue perceber as maravilhas que estão a sua disposição.
Não entendo bem por que, mas se deixamos de ser vigilantes, as portas de nossos corações vão se fechando e vamos nos tornando indiferentes a tudo que acontece. Assim, não conseguimos dançar ao som das músicas de casamento. Enquanto a vida acontece lá fora, ficamos presos em nós mesmos. Depois, dizemos que está tudo ruim e que o mundo está cada vez pior. Porém, passamos a enxergar apenas um mundo nosso mesmo, cheio de ilusões que nunca se cumprirão, porque são fantasias de um coração doente.
O coração fechado também nos torna insensíveis e já não nos entristecemos com a tristeza dos outros, já não choramos com as músicas de sepultamento. O que se passa com os outros não nos toca. É como se vivêssemos em mundos diferentes, nossa sensibilidade só é ativada quando nos tiram algum privilégio.
Entendo, Senhor, que ao fechar nosso coração deixamos de ver o coração dos outros, deixamos de ver o que vai por dentro, o que o move lá no íntimo. Vamos colocando muito peso no exterior, nas regras e nas normas, que é uma forma de nos sentirmos seguros. Quando não conhecemos os outros no seu íntimo, quando não podemos confiar em mais ninguém, o melhor a fazer é assegurar que todos cumpram as normas, pois assim podemos ter alguma segurança em relação a eles.
Quando você se fez humano e habitou entre nós, encontrou uma geração muito fechada em si mesma, pessoas indiferentes e insensíveis que tinham muito receio da novidade, a qual lhes podia roubar algum privilégio. Por isso, gostavam de depreciar quem podia ameaçar suas posições. Assim fizeram com João Batista, do qual disseram estar possuído pelo demônio. Quanto a você, diziam ser um bêbado e amigo das prostitutas e cobradores de impostos.
Tenho percebido que a geração de hoje também é muito parecida com aquela que você encontrou, na sua época, sobre a Terra.
Muito me marcou, algum tempo atrás, quando li, em um jornal, que 55% da riqueza que se produz no Brasil está nas mãos de apenas 1% da população. Como um país tão cristão como o Brasil, pode conviver com algo tão contrário aos seus ensinamentos?
Somos uma geração que não consegue distinguir sua presença nos outros. Aqueles que lutam por mais justiça, que apontam o que está errado e cobram uma mudança radical de vida para podermos melhorar como sociedade, assim como fazia João Batista, continuam sendo tachados de loucos por nós e de terem pacto com o demônio, com o que há de pior. Também continuamos a excluir e marginalizar os que são diferentes de nós, como faziam alguns de seu tempo com as prostitutas e cobradores de impostos. As pessoas que procuram uma aproximação e trabalham para diminuir a distância entre nós e eles, são, muitas vezes, condenadas e marginalizadas também, assim como fizeram com você.
Apesar disso, hoje sua palavra enche-me de esperança mais uma vez. Assim como foi com você, também será pelas obras destes obstinados apóstolos da paz, do amor, da inclusão social, da igualdade entre todas as pessoas, indiferentemente do sexo, cor, religião, condição social e orientação sexual, que a sabedoria de Deus será reconhecida.
Senhor, toque meu coração para que ele não seja indiferente e nem insensível. Toque-o para que ele se abra a todas realidades que me rodeiam e que eu possa interagir com elas movido pelo único desejo de servir, sempre com a sabedoria de Deus, conforme os dons que recebemos do Espírito Santo. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte