Aquele que abre o céu (João 1,47-51)
29 de setembro de 2014Siga-me! (Lc 9,57-62)
1 de outubro de 2014Lucas 9,51-56
“Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, para preparar hospedagem para Jesus. Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém.Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: ‘Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?’ Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. E partiram para outro povoado.”
O Deus que conhecemos
Diante da recusa da acolhida por parte dos samaritanos, Tiago e João são tomados por ódio e desejo de vingança. O que me desperta a atenção é a maneira como viam Jesus naquele momento, o Filho de Deus que poderia dar-lhes autorização para incendiar o inimigo. Jesus, por outro lado, repreendeu-os, já que não veio ao mundo para liderar um exército, enxergando inimigos e direcionando-lhes fogo por causa de uma má recepção. Muito o contrário: fez-se Deus encarnado para ensinar a viver com misericórdia e caridade.
No antigo testamento, com seu teor literário e contexto particulares, Deus se apresenta como grande justiceiro, aniquilador de inimigos, detentor da violência. Daí fazer-se ainda mais importante a observação da repreensão de Jesus à vingança e ao ódio, o que não é ímpar nos evangelhos. Sendo verbo de Deus, ele vem nos fazer entender a real mensagem da salvação, aquela que reside na vida de paz e caridade. Ele não inaugura uma nova óptica divina, pois não faria sentido perante nossa crença sobre a imutabilidade de Deus; mas quer simplesmente fazer nítido o caminho para a vida eterna, tantas vezes escondido sob momentos entrevados da nossa história, quando nos envolvemos com a idolatria das batalhas e guerras.
Em várias circunstâncias da vida somos tomados pela agressividade, a impulsividade, o ódio e o rancor. Em vez de buscarmos a compreensão, pode ser que estejamos vivendo para identificar inimigos. Nesses momentos, lembremo-nos então das palavras de amor, ainda que vindas da repreensão, ensinadas por Jesus. Colocando-se no lugar de Tiago e João, busquemos situações em que o estresse tem nos feito esquecer o que conhecemos de Jesus. Em questão de fé, é imprescindível lembrarmos a todo momento de como é o Deus que adoramos.
Marcelo H. Camargos. Estudante de medicina na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei.