Aquele que manda no vento e nas ondas (Mateus 8,23-27)
28 de junho de 2016O poder de ser leve…
30 de junho de 2016Leitura: Mateus 8, 28-34
Quando Jesus chegou à região de Gadara, no lado leste do lago da Galileia, foram se encontrar com ele dois homens que estavam dominados por demônios. Eles vinham do cemitério, onde estavam morando. Eram tão violentos e perigosos, que ninguém se arriscava a passar por aquele caminho. Eles começaram a gritar:
— Filho de Deus, o que o senhor quer de nós? O senhor veio aqui para nos castigar antes do tempo?
Acontece que perto dali estavam muitos porcos comendo. E os demônios pediram a Jesus com insistência:
— Se o senhor vai nos expulsar, nos mande entrar naqueles porcos!
— Pois vão! — disse Jesus.
Os demônios foram e entraram nos porcos, e estes se atiraram morro abaixo, para dentro do lago, e se afogaram.
Os homens que tomavam conta dos porcos fugiram e chegaram até a cidade. Lá contaram tudo isso e também o que havia acontecido com os dois homens que estavam dominados por demônios. Então todos os moradores daquela cidade saíram para se encontrar com Jesus; e, quando o encontraram, pediram com insistência que fosse embora da terra deles.
Oração:
Na oração, dois momentos do evangelho de hoje chamam fortemente a minha atenção.
O primeiro deles está no início da passagem: o evangelista nos conta que Jesus não perseguiu os demônios, mas que estes foram ao seu encontro. Jesus pisa do outro lado do lago e quem se escondia – estavam no cemitério – não se sente confortável.
Essa imagem me fala da presença do bem. Que é bom não pisa apenas no chão sob seus pés. A presença do bem tem cheiro, que avança com o vento e chega longe. A presença do bem é luz, que chega e incomoda o que está nas trevas, mesmo que de longe ainda. Em nossa vida, temos percebido a marca de nossa presença? É uma boa presença? Se imitamos Jesus, já notamos que se revela com nossa presença quem se incomoda com a liberdade, a vida, a luz e a alegria que estão fora dos vários cemitérios que alguns insistem em construir?
O segundo ponto que chama minha atenção está no fim da narração: Mateus narra que os moradores todos foram a Jesus pedir que Ele fosse para longe dali. Eram homens comuns, levando suas vidas normais, alguns dos quais tinham tido talvez seus caminhos obstruídos por aqueles dois endemoniados que vez ou outra saíam do cemitério para agredir os que passavam por ali.
Que isso me diz? Tento imaginar em que Jesus pensou e o que aquelas pessoas tinham em mente. Vejo que a cena se repete também hoje. A presença do bem, da verdade e da liberdade plenos não ameaça apenas aqueles que produzem a corrupção, que sobrevivem das fraudes, que lucram com as maldades escondidas… O bem, a verdade e a liberdade, quando plenos, incomodam também aqueles que, mesmo não querendo fazer o mal ou sem se comprometerem com os maus, acabam por tirar vantagem indireta da opressão daqueles. Os moradores da cidade tinham os arredores do cemitério interditado e sempre tinham de se cuidar para não serem surpreendidos pelos endemoniados; quando Jesus os expulsa, no entanto, dão a entender que a perda dos porcos foi mal maior…
A oração no ajude a ser diferentes, isto é, a não nos acostumarmos com o mal, não importa se pequenas ou grandes suas amostras. A oração não nos deixe temer as mudanças, as perdas e as marcas que a extirpação da corrupção, da desonestidade e da escravidão podem deixar em nossas vidas. A oração seja nosso meio seguro para expulsar as trevas que há em nós, deixar que vão embora as trevas das quais nos beneficiamos, até que sejamos nós mesmos representantes perfeitos do que é bom e verdadeiro, capazes de afastar tudo o que nega a alegria e a vida.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte