Em saída (Lc 1, 39-45)
21 de dezembro de 2017Graça! (Lc 1, 57-66)
23 de dezembro de 2017Então Maria disse:
A minha alma anuncia a grandeza do Senhor.
O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador.
Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva!
De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada,
porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim.
O seu nome é santo, e ele mostra a sua bondade
a todos os que o temem em todas as gerações.
Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos
com todos os planos deles.
Derruba dos seus tronos reis poderosos
e põe os humildes em altas posições.
Dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora
com as mãos vazias.
Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados
e ajudou o povo de Israel, seu servo.
Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão
e a todos os seus descendentes, para sempre.
Maria ficou mais ou menos três meses com Isabel e depois voltou para casa.
Maria é grande mestra da oração. Observar seu caminho nos evangelhos é fazer um curso intensivo de como orar. Este magnífico canto de Maria é fruto de muita oração durante o percurso de Nazaré à casa de Isabel, na região montanhosa da Judeia.
Poucos dias após o anúncio do anjo Gabriel, a menina Maria se põe a caminho. O que se passava em sua cabeça? Quais eram seus pensamentos? Mesmo não tendo certeza, algumas pistas, deixadas pelo evangelista, podem embalar nossa imaginação e nos ajudar a tirar importantes lições para nosso caminho pessoal de intimidade com Deus.
A menina orante, ao receber o anúncio de que seria mãe do Filho do Altíssimo, a quem Deus daria o trono de seu pai Davi, um reino sem fim, poderia se atirar à cama e ficar sonhando, não é mesmo? Seria uma atitude aceita por todos nós.
Mas a fecundidade da Palavra em Maria é existencial e transformadora. Essa é uma grande lição que podemos aprender com ela: saberemos que nossa oração está sendo efetiva e fecunda quando ela nos leva ao serviço.
A Palavra que Maria estava gerando nos disse em certa ocasião, quem quiser ser o maior torne-se o menor e se coloque a serviço dos outros. Pois bem, Maria estava sintonizada com a Palavra, sua ação é fruto de sua oração. O amor recebido deve ser derramado, necessita ser derramado, senão se perde. É como a semente jogada na terra. Se não se dá, não se transforma e continua semente, mesmo com todo o potencial para brotar, morre semente.
No caminho, Maria continua sua oração. Ela nos ensina que a oração deve ser contínua. Orar a todo o instante e com tudo o que se faz. Maria nos ensina a importância de tomar as atitudes que a nós cabem, mas sempre em comunhão com Deus.
Como deve ter sido a oração de Maria, enquanto subia à casa de Isabel?
Também é difícil sabermos ao certo, mas seu canto para Isabel pode nos ajudar a penetrar um pouco em sua oração.
Ela caminhou enamorada de Deus. Pensando em tudo que Ele fez, torna-se ainda mais apaixonada. E não devíamos, todos nós, também nos enamorarmos de Deus? Afinal, quem somos para que Ele nos olhe, a cada um de nós, de forma tão particular? Quando temos a grandeza de reconhecer nossa humildade, pois todos viemos do húmus e a ele retornaremos, podemos nos encantar, facilmente, com Deus e perceber como é maravilhoso que Ele tenha este olhar particular para cada um de nós e nos chame pelo nome.
Maria traduziu isto dizendo: “A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador. Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva!”.
Maria nos ensina que, mesmo que façamos grandes coisas, mesmo que todos nos elogiem, mesmo que sejamos elevados a altos patamares segundo o julgamento humano, devemos permanecer humildes e reconhecer que Deus é o responsável por tudo, afinal se Ele retirar a mão poderosa que nos sustenta, o que sobrará? Teremos algum valor?
Maria cantou assim: “De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada, porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim”.
Maria, plena de graça, ensina-nos que, permanecendo na humildade e vivendo sempre na graça de Deus, saberemos reconhecer que tudo é bom, porque Ele é santo e nos dá aquilo de que precisamos. No entanto, se deixamos nosso ego tomar conta e acreditamos que podemos fazer e acontecer, logo nos desiludimos e nossa queda é grande. Falsas riquezas e falsas alegrias, não persistem por muito tempo. São ilusões de um mundo consumista.
Mais tarde, Maria irá nos dizer, façam tudo o que Jesus disser, mas agora, para Isabel, ela cantou assim: “O seu nome é santo, e ele mostra a sua bondade a todos os que o temem em todas as gerações. Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba dos seus tronos reis poderosos e põe os humildes em altas posições. Dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora com as mãos vazias.”
Maria nos ensina que Deus é sempre fiel. Nós caminhamos por estradas que não são dele e, muitas vezes, não entendemos porque não sentimos alegria, não sentimos entusiasmo, ou seja não nos sentimos cheios de Deus. Chegamos até a pensar que Ele nos abandonou. Durante o caminho em que subia à casa de Isabel, Maria pensou na história de seu povo e em sua própria história e se certificou de que Deus sempre esteve presente. Mesmo quando o povo de Israel se afastava dele, Deus se mantinha presente. Como vemos nossa história? Percebemos Deus sempre presente?
Isto tudo Maria entoa nos últimos versos de seu lindo canto: “Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre”.
Como seria o seu Magnificat? Como você cantaria as maravilhas de Deus na sua vida?
Espírito Santo, que veio sobre Maria e a fecundou com a Palavra, ajude-nos sempre a orar como se deve. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte