Lucas 12,54-59
24 de outubro de 2014“Ó Senhor Deus, como eu te amo! Tu és a minha força”
26 de outubro de 2014Leitura: Lucas 13,1-9
Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. Jesus lhes respondeu: ‘Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.’ E Jesus contou esta parábola: ‘Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás.’
Oração:
A oração de hoje me fez dois convites.
Em primeiro lugar, não deixar que as “teologias” que atrelam maus acontecimentos à conduta moral das pessoas sejam minha forma de olhar o mundo. Quem nunca ouviu: “Deus castiga!”? Ou: “aqui se faz, aqui se paga”? Ou ainda: “este aí deve estar pagando pelos pecados que cometeu”? “Vós pensais que estes galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa?”, interpela-nos Jesus; e dá-nos a resposta: “Eu vos digo que não”.
A resposta de Jesus é um convite ao não julgamento. É um convite a colocar-me no lugar de criatura que nunca poderá, por completo, conhecer os caminhos do Senhor. É um convite a não tornar o sofrimento das pessoas ainda mais doloroso com a marca da culpa. É um convinte a olhar a vida, a minha e a dos demais, por uma perspectiva de misericórdia, sem tirar o sofrimento, mas sem o explicar conforme me pareça melhor ou mais lógico. Um convite, afinal, a aceitar o mistério do sofrimento, cujas causas muitas vezes não poderemos mesmo explicar.
Em segundo lugar, a oração de hoje me instiga a ser figueira e vinhateiro. A oração pede-me que olhe para minha vida e questione: onde estão os frutos? Muitas vezes não os vejo, e isso poderia me desanimar ou angustiar, mas Jesus fala-me de paciência, fala-me de espera, de não matar em mim a possibilidade do fruto que, ainda tardio, está para brotar. Também sou chamado a ser o bom vinhateiro na vida das pessoas. Ele me fala para olhar a vida delas e amar sem me perguntar pelos frutos. Fala-me para valorizar a mera presença delas em minha vida e pede-me para encarar a responsabilidade que tenho com a vida do outro, que pode dar frutos se eu tiver cuidado para preparar a terra ao redor.
Que nossa oração de hoje seja mais um passo em direção a uma vida menos eficientista e mais humana, que não pergunta exasperada pelos frutos, mas não se omite e enxerga a responsabilidade que temos com o adubo que pode dar frutos na minha vida e na do outro.
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca – estudante de Direito na UFMG